quarta-feira, 3 de novembro de 2010

AS MELHORES COISAS DEMANDAM ESFORÇO


Por A. W. Tozer

Em nosso torcido mundo, as mais importantes coisas muitas vezes são as mais difíceis de aprender; e inversamente, as coisas que vêm fácil são na maioria das vezes de pouco valor real no longo prazo.

Isso se vê claramente na vida cristã, onde muitas vezes acontece que aquilo que aprendemos a fazer sem dificuldade são as mais superficiais e menos importantes atividades, e os verdadeiramente vitais exercícios tendem a ser omitidos devido à dificuldade de pô-los em prática.

Isto é mais facilmente visto em nossas variadas formas de trabalho cristão, particularmente no ministério. Ali as mais difíceis atividades são as que produzem maior fruto, e os menos frutíferos serviços se desempenham com menor esforço. Esta é uma armadilha em que não cairá o ministro sábio, ou se ele perceber que nela está preso, importunará céu e terra em sua determinada luta para escapar dela.

Orar com sucesso é a primeira lição que o pregador tem de aprender se quiser pregar frutiferamente; embora a oração seja a mais difícil tarefa para a qual ele é chamado. Como homem será a atividade que será tentado a menos pôr em prática do que qualquer outra. Ele tem de determinar o coração para conquistar pela oração, e isso significa que primeiro tem de comquistar sua própria carne, porque é a carne que sempre atrapalha a oração.

Quase tudo que diz respeito ao ministério pode ser aprendido com uma média porção de inteligente esforço. Não é difícil pregar, ou gerenciar atividades da igreja ou atender compromissos sociais; casamentos e funerais podem ser dirigidos sem problemas com um pouco de ajuda de um Manual do Ministro. Pode-se aprender a fazer sermões tão facilmente como fazer sapatos – introdução, conclusão e só. E assim é com todo o trabalho do ministério como se tem levado na igreja normal de hoje.

Mas orar – isso é outro assunto. Aqui de nada serve a ajuda de um Manual do Ministro. Aqui o solitário homem de Deus tem de combater sozinho, às vezes com jejuns e lágrimas e fadigas indizíveis. Ali cada homem tem de ser original, porque a verdadeira oração não pode ser imitada nem pode ser aprendida de outrem. Cada um tem de orar como se só ele pudesse orar, e sua aproximação tem de ser individual e independente; independente de todos, menos do Espírito Santo.

Thomas à Kempis diz que o homem de Deus deve sentir-se mais à vontade em seu quarto de oração do que diante do público. Não é exagero dizer que o pregador que gosta de estar diante do público dificilmente se encontra espiritualmente preparado para estar diante dele. É mais provável que a correta oração torne o homem hesitante em aparecer diante de uma audiência. O homem que realmente se sente à vontade na presença de Deus se verá preso numa espécie de contradição interior. Ele provavelmente sentirá de forma tão aguda sua responsabilidade que preferiria fazer qualquer outra coisa a encarar um auditório; e contudo a pressão sobre seu espírito pode ser tão grande que nem cavalos selvagens o poderiam arrancar do seu púlpito.

Nenhum homem deveria se colocar diante de uma audiência sem antes ter estado diante de Deus. Muitas horas de comunhão deveriam preceder uma hora no púlpito. O quarto de oração deveria ser mais familiar que a plataforma pública. A oração deveria ser contínua;a pregação, intermitente.

É de notar que as escolas ensinam tudo sobre a pregação, exceto a parte importante, a oração. Não se deve censurar as escolas por causa dessa fraqueza, pela razão que a oração não se pode ensinar; ela somente pode ser praticada. O melhor que qualquer escola ou qualquer livro (ou qualquer artigo) pode fazer é recomendar a oração e exortar a que seja praticada. A oração mesma tem de ser trabalho do indivíduo. E é justamente o trabalho religioso que, feito com pouco entusiasmo, se torna uma das grandes tragédias dos nossos dias.

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