terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A PREGAÇÃO FERVOROSA: UMA ARTE ESQUECIDA


Por Leonard Ravenhill

Já se passaram alguns séculos desde que o reformador suíço Oecolampad disse: “Uns poucos pregadores bons e fervorosos produziriam maior impacto no ministério cristão do que uma multidão de homens mornos!” E a passagem do tempo não anulou a verdade contida nessa afirmação. Precisamos de mais “pregadores bons e fervorosos”. Um deles foi Isaías, com sua confissão: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios”. E Paulo foi outro: “Ai de mim, se não pregar o evangelho”. Mas nenhum dos dois tinha um conceito mais amplo da magnitude de sua tarefa do que Richard Baxter, que era ministro da Igreja Kidderminster, na Inglaterra. Quando alguém o criticou, tachando-o de ocioso, ele respondeu o seguinte: “A pior coisa que eu poderia desejar-lhe era que tivesse minha folga em vez do seu trabalho. Tenho razões para me considerar o menor de todos os salvos, e no entanto não teria receio de dizer ao acusador que considero o serviço da maioria dos trabalhadores desta cidade um prazer para eles, em comparação com o meu, embora não trocasse minha tarefa com a do mais importante príncipe”.

“O serviço deles ajuda a conservá-los com saúde; o meu consome. Eles trabalham tranqüilamente; eu, em dores constantes. Eles têm horas e dias para seu lazer; eu mal tenho tempo para me alimentar. Ninguém os incomoda por causa de seu ofício; quanto a mim, quanto mais trabalho, mais ódio e perturbações atraio sobre minha pessoa”. Sente-se um pouco da mentalidade neotestamentária nessa sua maneira de encarar a pregação do evangelho. Este é o mesmo Baxter que queria ser como “um moribundo pregando a moribundos”. Se nossos pregadores fossem todos desse calibre espiritual, arrancariam toda esta geração de pecadores da boca do inferno.

É possível que hoje tenhamos o maior índice de pessoas freqüentando a igreja, com o mais baixo índice de espiritualidade de todos os tempos. Talvez estivessem certos aqueles que no passado acusaram o liberalismo de ser o grande culpado da frieza dos crentes. Hoje, esse bode expiatório é a televisão, que está sendo execrada pelos pregadores. Entretanto, apesar disso, e sabendo que as duas acusações não deixam de ser verdadeiras, gostaria de dirigir a nós, pregadores, uma pergunta. Será que não deveríamos confessar como aquele escritor do passado: “O erro, caro Brutus, está em nós mesmos?” Mas eu gostaria de afiar bem o meu bisturi e aprofundá-lo um pouco mais nos pregadores: passou a época dos grandes sermões tipo “lanche rápido”, temperados com tiradas humorísticas para tentar estimular o fraco apetite espiritual do homem de nossos dias? Ou estamos nos esforçando para comunicar os “poderes do mundo vindouro” em todos os cultos?

Pensemos um pouco em Paulo. Após receber uma poderosa unção do Espírito Santo, ele saiu pela Ásia menor para travar ali uma intensa batalha espiritual, causando agitação nos mercados, sinagogas e palácios. E ia a toda parte, tendo no coração e nos lábios o grito de guerra do evangelho. Diz-se que foi Lenine quem disse o seguinte: “Os fatos não podem ser contestados”. Analisando as realizações de Paulo e comparando-as às dos crentes de nossa geração, que fazem tantas concessões ao mundo, temos que concordar com ele. Paulo não era um pregador que apenas falava a toda uma cidade; ele a abalava totalmente. Mas ainda assim tinha tempo para sair batendo às portas das casas, e para orar pelos perdidos que encontrava pelas ruas.

Estou cada vez mais convencido de que as lágrimas são um elemento indispensável a uma pregação avivalista. Irmãos pregadores, precisamos nos envergonhar de não sentir vergonha; precisamos chorar por não termos lágrimas; precisamos nos humilhar por haver perdido a humildade de servo de Deus; gemer por não sentirmos peso pelos perdidos; irar-nos contra nós mesmos por não termos ódio do monopólio que o diabo exerce nestes dias do fim, e nos punir pelo fato de o mundo estar-se dando tão bem conosco, que nem precisa perseguir-nos.

Pentecostes significa dor, mas o que mais experimentamos é prazer; significa peso; mas nós amamos a comodidade. Pentecostes significa prisão, e, no entanto, a maioria dos crentes faria qualquer coisa, menos ir para a prisão por amor a Cristo. Se revivêssemos a experiência do pentecostes, talvez muitos de nós fossem parar na cadeia. Eu disse “pentecostes”, não “pentecostalismo”. E não estou querendo atirar pedras em ninguém.

Imaginemos a experiência do pentecostes se repetindo em uma igreja no próximo domingo. O pastor, como Pedro, é revestido de poder. E, pela sua palavra, Ananias e sua esposa caem mortos ao chão. Será que o crente moderno toleraria isso? E não pára aí. Paulo determina que Elimas fique cego. Em nossos dias, isso implicaria na abertura de processo contra o pregador. E se alguns caíssem ao chão, sob o poder do Espírito Santo — o que acontece em quase todos os avivamentos — sem dúvida iriam difamar-nos. Não seria demais para a nossa sensibilidade?

E, como já disse no início deste capítulo, gostaria que houvesse grandes pregadores em nossos dias. O diabo quer que fiquemos a caçar ratos, enquanto há leões à solta, devastando a terra. Nunca consegui descobrir o que se passou com Paulo na Arábia. Ninguém sabe. Será que ele teve uma visão do novo céu e da nova terra, e do Senhor reinando soberano? Não sei. Mas uma coisa sei com certeza: ele modificou a Ásia, deixou os judeus profundamente irritados, encolerizou os romanos, ensinou para mestres e teve piedade de carcereiros. Ele e outro pregador de nome Silas dinamitaram as paredes da prisão com suas orações, para realizar a obra do Senhor. Paulo, o servo de Jesus Cristo, o escravo de Cristo pelo amor, depois de reconhecer que o coração mais duro que Deus conquistara era o seu, resolveu ir abalar o mundo para Deus. Em seus dias, ele trouxe à terra os “poderes do mundo vindouro”, restringiu a operação de Satanás, e sofreu, amou e orou mais que todos nós. Irmãos, caiamos de joelhos outra vez, se quisermos recuperar a
espiritualidade e o poder apostólicos. Chega dessa pregação fraca e ineficaz!

“Parece que a Igreja parou num ponto qualquer entre o Calvário e o Pentecostes”.
— J. I. Brice.

“Como irei sentir-me no dia do juízo final se passarem diante de meus olhos todas as oportunidades que perdi, e ficar provado que minhas desculpas não foram mais que meros disfarces para meu orgulho e acovardamento?”
— Dr. W. E. Sangster.

“Ó corrente de águas vivas! Ó chuva de graça! Ninguém que espera por Ti espera em vão”.
— Tersteegen.

“Avivamento: é o Espírito Santo enchendo um corpo prestes a tornar-se um cadáver”.
— D. M. Panton.

“Um avivamento espiritual sugere a idéia de que houve antes um declínio espiritual”.
— C. G. Finney.


Retirado de "Por que Tarda o Pleno Avivamento?"

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ESPAÇO PARA DEUS


Por Henri J. M. Nouwen

Todas Estas Coisas

A vida espiritual não é uma vida antes, após, ou além da nossa existência cotidiana. Não, a vida espiritual só pode ser real quando é vivida no meio das dores e alegrias do aqui e agora. Portanto, precisamos começar com um exame cuidadoso da forma como pensamos, falamos, sentimos e agimos a cada hora, a cada dia, a cada semana, e a cada ano, a fim de ficarmos mais plenamente conscientes da nossa fome pelo Espírito. Enquanto tivermos apenas um vago sentimento interior de insatisfação com nossa presente forma de vida, e somente um desejo indefinido por ""coisas espirituais", nossas vidas continuarão a estagnar-se em melancolia generalizada. Freqüentemente dizemos: "Não estou muito feliz. Não estou contente com o rumo da minha vida. Não tenho muita alegria ou paz, mas como não sei como as coisas poderiam ser diferentes, suponho que devo ser realista e aceitar a vida como é". É este espírito de resignação que nos impede de ativamente buscar a vida do Espírito.

Nossa primeira tarefa é expulsar este vago e obscuro sentimento de insatisfação e fazer um exame crítico da forma que estamos vivendo. Isto requer honestidade, coragem e confiança. Temos de honestamente desmascarar e corajosamente confrontar nossas numerosas brincadeiras que usamos para enganarmos a nós mesmos. Temos que confiar que nossa honestidade e coragem não nos levarão ao desespero, mas a um novo céu e a uma nova terra.

Bem mais do que o povo da época de Jesus, nós nesta "era moderna" podemos ser chamados de povo preocupador. Mas como nossa preocupação contemporânea realmente se manifesta?

CHEIOS

Uma das características mais óbvias das nossas vidas diárias é que estamos atarefados. Na nossa vida os dias são cheios de coisas para fazer, pessoas para encontrar, projetos para terminar, cartas para escrever, telefonemas para completar, e compromissos para guardar. Nossas vidas muitas vezes parecem malas abarrotadas rebentando nas costuras. Na realidade, quase sempre estamos cônscios de algum atraso. Há um sentimento incômodo que importunamente nos avisa que há tarefas incompletas, promessas não cumpridas, propostas não realizadas. Sempre há algo mais que deveríamos ter lembrado, feito ou dito. Sempre há pessoas com quem não falamos, a quem não escrevemos ou não visitamos. Assim, embora sejamos muito atarefados, também temos um sentimento persistente de que nunca realmente cumprimos nossas obrigações.

O estranho, porém, é que é muito difícil não estar atarefado. Estar atarefado tornou-se um símbolo de status. As pessoas esperam que estejamos ocupados e que tenhamos muitos assuntos na nossa mente. Freqüentemente nossos amigos nos dizem:

"Imagino que você está ocupado como sempre", e o dizem em tom de elogio. Reafirmam a presunção generalizada que é bom estar atarefado. De fato, os que não sabem o que fazer no futuro imediato incomodam seus amigos. Estar atarefado e ser importante normalmente parecem significar a mesma coisa. Muitos telefonemas começam com a frase: "Sei que você está ocupado, mas será que poderia me dar um minuto?" Com isto, sugerem que tomar um minuto de quem tem uma agenda cheia vale mais do que tomar uma hora de quem tem pouco para fazer.

Na nossa sociedade orientada para produção, estar atarefado ou ter uma ocupação tornou-se uma das principais formas, se não a principal, de nos identificar. Sem uma ocupação, não só nossa segurança econômica, mas nossa própria identidade é ameaçada. Isto explica o grande temor com que muitas pessoas enfrentam a aposentadoria. Afinal, quem somos depois de não mais ter uma ocupação?

Mais escravizadoras do que nossas ocupações, porém, são as nossas preocupações. Estar preocupado significa encher nosso tempo e espaço muito antes de chegar lá. Isto é inquietação no sentido mais específico da palavra. É uma mente cheia de "se". Dizemos a nós mesmos: "E se eu ficar gripado? Se eu perder meu emprego? Se o meu f ilho não chegar em casa na hora certa? Se não houver bastante alimento amanhã? Se eu for atacado? Se uma guerra começar? Se o mundo acabar? Se ... ?" Todas essas perguntas enchem a nossa mente com pensamentos ansiosos e fazem-nos indagar constantemente sobre o que fazer e o que dizer caso algo aconteça no futuro. Grande parte, senão a maioria, do nosso sofrimento tem ligação com estas preocupações. Possíveis mudanças de carreira, possíveis conflitos familiares, possíveis enfermidades, possíveis desastres, e um possível holocausto nuclear fazem-nos ansiosos, temerosos, desconfiados, gananciosos, nervosos e melancólicos. Impedem-nos de sentir uma verdadeira liberdade interior. Por estarmos sempre prontos para eventualidades, raramente confiamos plenamente no agora. Não é exagero dizer que grande parte da energia humana é investida nestas preocupações temerosas. Tanto nossa vida individual como coletiva estão tão profundamente moldadas por nossas preocupações com o amanhã, que dificilmente o hoje pode ser vivido.

Não somente estar ocupado mas também estar preocupado é altamente encorajado por nossa sociedade. A forma que jornais, rádio e televisão nos comunicam suas informações cria uma atmosfera de constante emergência. As vozes excitadas dos repórteres, a preferência por acidentes repugnantes, crimes cruéis, e conduta pervertida, e a cobertura de hora em hora da miséria humana dentro e fora do país, lentamente nos engolfam num senso abrangente de iminente destruição. Além de todas essas notícias ruins existe a avalanche de anseios. Sua insistência inflexível de que perderemos alguma coisa muito importante se ficarmos sem ler este livro, sem ver este filme, sem ouvir este locutor, ou sem comprar este novo produto, intensifica nossa inquietação e acrescenta muitas preocupações fabricadas às preocupações já existentes. Às vezes parece como se nossa sociedade dependesse da manutenção dessas preocupações artificiais. Que aconteceria se parássemos de nos preocupar? Se o desejo por divertir tanto, viajar tanto, comprar tanto, e nos proteger tanto, não mais motivasse nosso comportamento, será que nossa sociedade atual ainda poderia funcionar? A tragédia é que realmente estamos presos num emaranhado de expectativas falsas e necessidades arranjadas. Nossas ocupações e preocupações enchem nossas vidas externas e internas até ao máximo. Impedem o Espírito de Deus de fluir livremente em nós e desta forma renovar nossas vidas.

NÃO REALIZADOS

Sob a preocupação das nossas vidas, contudo, algo mais está acontecendo. Ao mesmo tempo em que nossa mente e coração estão cheios com muitas coisas, levando-nos a indagar como podemos satisfazer as expectativas impostas sobre nós por nós mesmos e por outros, temos um sentimento profundo de não realização. Embora atarefados e preocupados com muitas coisas, raramente nos sentimos verdadeiramente realizados, em paz, ou em casa. Um sentimento corrosivo de não realização está sob a superfície das nossas vidas ocupadas. Refletindo um pouco mais sobre esta experiência de não realização, posso discernir diversos sentimentos. Os mais significativos são enfado, ressentimento e depressão.

Enfado é um sentimento de estar desligado. Enquanto estamos atarefados com muitas coisas, indagamos se o que fazemos realmente faz alguma diferença. A vida se apresenta como uma série aleatória de atividades e acontecimentos desconexos sobre os quais temos pouco ou nenhum controle. Estar enfadado, portanto, não significa que não temos nada para fazer, mas que questionamos o valor das coisas que estamos tão atarefados em fazer. O grande paradoxo da nossa época é que muitos de nós estamos simultaneamente atarefados e enfadados. Enquanto corremos de um acontecimento para outro, indagamos em nosso próprio íntimo se alguma coisa está realmente acontecendo. Embora dificilmente cumpramos com nossas tarefas e obrigações, não estamos tão certos se faria alguma diferença se não as cumpríssemos. Enquanto as pessoas continuam nos empurrando por todos os lados, duvidamos se alguém realmente se importa conosco. Em resumo, embora nossas vidas estejam cheias, nós nos sentimos não realizados.

Enfado muitas vezes está intimamente relacionado com ressentimentos Ao mesmo tempo em que estamos atarefados, ainda indagamos se nossa atividade significa algo para alguém. Facilmente sentimo-nos usados, manipulados, e explorados. Começamos a nos ver como vítimas mandadas e forçadas a realizar toda sorte de coisas por pessoas que realmente não nos consideram seriamente como seres humanos. A partir daí uma ira interior começa a se desenvolver, uma ira que com o tempo se instala no nosso coração como um companheiro constantemente queixoso. Nossa ira quente aos poucos se torna uma ira fria. Esta "ira congelada" é o ressentimento que causa um efeito tão mortífero em nossa sociedade.

Porém, a expressão mais debilitante de nossa não realização é depressão. Quando começamos a sentir que não somente nossa presença não faz muita diferença, mas que também nossa ausência talvez seja preferível, podemos facilmente ser enrolados por um sentimento opressivo de culpa. Esta culpa não tem ligação com nenhuma atividade particular, mas com a própria vida. Sentimo-nos culpados por estar vivos. O pensamento de que o mundo talvez fosse melhor sem refrigerante, desodorante, ou submarino nuclear, cuja produção preenche as horas de trabalho de nossa vida, pode levar-nos à desesperante pergunta: "Vale a pena viver?" Portanto, não é de se admirar que pessoas que são sempre elogiadas por seus êxitos e realizações, freqüentemente sentem muita falta de realização, até ao ponto de suicidarem-se.

Enfado, ressentimento e depressão são todos sentimentos de desligamento. Apresentam-nos a vida como um elo quebrado. Transmitem a nós um senso de não pertencer. No caso de relacionamentos pessoais, esta desconexão é experimentada como solidão. Quando estamos solitários vemos a nós mesmos como indivíduos isolados, cercados, talvez, por muitas pessoas, mas não realmente parte de qualquer comunidade de apoio e proteção. Sem dúvida solidão é uma das doenças mais disseminadas do nosso tempo. Afeta não somente a vida dos aposentados, mas também a vida familiar, a vida comunitária, a vida escolar, e a vida profissional. Causa sofrimento não somente às pessoas idosas, mas também às crianças, aos jovens e adultos. Penetra não somente em prisões mas também em residências particulares, edifícios de escritórios e hospitais. É vista até na interação cada vez mais escassa entre pessoas nas ruas de nossas cidades. No meio de toda esta solidão impregnante muitos clamam: "Existe alguém que realmente se importa comigo? Existe alguém que pode arrancar meu sentimento interior de isolamento? Existe alguém com quem eu possa me sentir em casa?"

É este sentimento paralisante de abandono que constitui o cerne da maioria do sofrimento humano. Podemos suportar muito sofrimento físico e até mental quando sabemos que isto verdadeiramente nos torna uma parte integrante da vida que vivemos juntos neste mundo. Mas quando nos sentimos cortados da família dos seres humanos, rapidamente desfalecemos. Enquanto acreditamos que nossos sofrimentos e lutas nos unem a nossos companheiros e companheiras humanos, fazendo-nos assim partes da luta comum do ser humano por um futuro melhor, estamos plenamente dispostos para aceitar uma tarefa exigente. Mas quando nos consideramos espectadores passivos sem nenhuma contribuição para fazer à história da vida, nossos sofrimentos não são mais sofrimentos construtivos e nem nossas lutas servem para produzir nova vida, porque assim temos um sentimento de que nossas vidas acabam e desaparecem depois de nós, sem nos levar a destino algum. De fato, às vezes somos obrigados a dizer que a única coisa que lembramos de nosso passado recente é que estávamos muito atarefados, que todas as coisas pareciam muito urgentes e que dificilmente podíamos colocá-las em dia. O que fizemos não lembramos. Isto mostra quão isolados nos tornamos. O passado não mais nos leva para o futuro; simplesmente nos deixa preocupados sem nenhuma promessa de mudanças para o melhor.

Nosso desejo de ser livres deste isolamento pode se tornar tio forte que explode em violência. Então nossa necessidade por um relacionamento íntimo - com um amigo, um namorado, ou uma comunidade apreciativa - se transforma num apelo desesperado por alguém que nos ofereça uma satisfação imediata, relaxamento de tensão, ou um sentimento temporário de identificação. Neste caso, nossa necessidade mútua degenera e torna-se uma agressão perigosa que causa muito dano e somente intensifica nosso sentimento de solidão.

Hoje preocupação significa estar ocupado e preocupado com muitas coisas, e ao mesmo tempo estar enfadado, ressentido, deprimido, e muito solitário. Não estou tentando dizer que todos nós em todo tempo estamos tão extremamente preocupados. Porém, há pouca dúvida em minha mente que a experiência de estar cheio, porém não realizado, atinge a maioria de nós em alguma medida em algum tempo da nossa vida. Em nosso mundo altamente tecnológico e competitivo, é difícil evitar completamente as forças que saturam nosso espaço interior e exterior e desligam-nos de nosso ser mais íntimo, dos nossos companheiros humanos, e do nosso Deus.

Uma das características mais notáveis da preocupação é que ela fragmenta nossas vidas. As muitas coisas que temos de fazer, considerar, e planejar, as muitas pessoas que precisamos lembrar, visitar, ou conversar, as muitas causas que devemos atacar ou defender, tudo isto despedaça-nos e nos faz perder nosso equilíbrio. Preocupação nos leva a estar "em todo lugar", mas raramente em casa. Uma forma de expressar a crise espiritual de hoje é dizer que a maioria de nós tem um endereço, mas não pode ser encontrado lá. Sabemos onde está nosso lugar, mas estamos sempre sendo arrastados em muitas direções, como se fôssemos ainda desabrigados. "Todas estas coisas" estão sempre exigindo nossa atenção. Levam-nos tão longe de casa que no fim nos esquecemos do nosso verdadeiro endereço, isto é, o lugar onde podemos ser encontrados.

Jesus reage a esta condição de estar cheio porém não realizado, muito atarefado porém desligado, em todo lugar porém nunca em casa. Ele nos quer levar ao lugar onde pertencemos. Mas seu chamado para viver uma vida espiritual só pode ser ouvido quando queremos honestamente confessar nossa existência desabrigada e preocupada e reconhecer seu efeito fragmentador em nossa vida diária. Só então um desejo por nosso verdadeiro lar pode ser desenvolvido. É a respeito deste desejo que Jesus fala quando diz: "Não vos preocupeis... buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e todas estas cousas vos serão acrescentadas".

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

REAVIVAMENTO, OBRA SOBERANA DE DEUS


Hernandes Dias Lopes


Reavivamento é uma obra soberana de Deus. A igreja não produz reavivamento; ela o busca e prepara seu caminho. A igreja não agenda reavivamento; ela ora por ele e aguarda sua chegada. Reavivamento não é estilo de culto, nem apenas presença de dons espirituais ou manifestações de milagres. O Salmo 85 trata desse momentoso assunto de forma esclarecedora. O salmista pergunta: “Porventura, não tornará a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?” (Sl 85.6). Dr. Augustus Nicodemus, em recente mensagem pregada em nossa igreja, ofereceu-nos quatro reflexões acerca do versículo em epígrafe.

1. Reavivamento é uma obra de Deus na vida do seu povo.

Reavivamento não acontece no mundo, mas na igreja. É uma intervenção incomum de Deus na vida do seu povo, trazendo arrependimento de pecado, volta à Palavra, sede de santidade, adoração fervorosa e vida abundante. Reavivamento começa na igreja e transborda para o mundo. O juízo começa pela casa de Deus. Primeiro a igreja se volta para Deus, então, ela convoca o mundo a arrepender-se e voltar-se para Deus.

2. Reavivamento é uma obra exclusiva de Deus.

Os filhos de Coré clamaram a Deus por reavivamento. Eles entenderam que somente Deus poderia trazer à combalida nação de Israel um tempo de restauração. Nenhum esforço humano pode produzir o vento do Espírito. Nenhuma igreja ou concílio pode gerar esse poder que opera na igreja um reavivamento. Esse poder não vem da igreja; vem de Deus. Não vem do homem; emana do Espírito. Não procede da terra; é derramado do céu. Laboram em erro aqueles que confundem reavivamento com emocionalismo. Estão na contramão da verdade aqueles que interpretam as muitas novidades do mercado da fé, eivadas de doutrinas estranhas às Escrituras, como sinais de reavivamento. Não há genuína obra do Espírito contrária à verdade revelada de Deus. O Espírito Santo é o Espírito da verdade e ele guia a igreja na verdade. Jamais ocorreu qualquer reavivamento espiritual, produzido pelo Espírito de Deus, dentro de seitas heterodoxas, pois Deus não age contra si mesmo nem é inconsistente com sua própria Palavra.

3. Reavivamento é uma obra extraordinária de Deus.

O reavivamento não é apenas uma obra de Deus, mas uma obra extraordinária. É uma manifestação incomum de Deus na vida do seu povo e através do seu povo. Deus pode fazer mais num dia de reavivamento do que nós conseguimos fazer num ano inteiro de atividades, estribados na força da carne. Quando olhamos os reavivamentos nos dias dos reis Ezequias e Josias, vemos como o povo se voltou para Deus e houve júbilo e salvação. Quando contemplamos o derramamento do Espírito no Pentecostes, em Jerusalém, vemos como a mensagem de Pedro, como flecha, alcançou os corações e quase três mil pessoas se agregaram à igreja. Quando estudamos o grande reavivamento inglês, no século dezoito, com John Wesley e George Whitefield constatamos que uma nação inteira foi impactada com o evangelho. O mesmo aconteceu nos Estados Unidos no século dezenove e na Coréia do Sul no século vinte. O reavivamento é uma obra incomum e extraordinária de Deus e nós precisamos urgentemente buscar essa visitação poderosa do Espírito Santo na vida da igreja hoje.

4. Reavivamento é uma obra repetida de Deus na história.

É importante entender que o Pentecostes é um marco histórico definido na história da igreja. O Espírito Santo foi derramado para estar para sempre com a igreja e esse fato é único e irrepetível. Porém, muitas vezes e em muitos lugares, Deus visitou o seu povo com novos derramamentos do Espírito, restaurando sua igreja, soprando sobre ela um alento de vida e erguendo-a, muitas vezes, do vale da sequidão. Nós precisamos preparar o caminho do Senhor e orar com fervor e perseverança como o salmista: “Porventura, não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?” O reavivamento é uma promessa de Deus e uma necessidade da igreja. É tempo de clamarmos ao Senhor até que ele venha e restaure a nossa sorte!

Retirado de "voltemosaoevangelho.blogspot.com"

COMO EXPERIMENTAR UM AVIVAMENTO PESSOAL


A. W. Tozer

Eu já disse, noutra ocasião, que qualquer cristão que desejar, pode com certeza experimentar um radical renascimento espiritual, e isso inteiramente à parte da atitude dos seus companheiros cristãos. A principal questão é: Como? Bem, eis aqui algumas sugestões que qualquer um pode seguir e que, estou convencido, resultarão numa vida cristã tremendamente aperfeiçoada.

1. Sinta-se completamente insatisfeito consigo mesmo.
A complacência é o inimigo mortal do desenvolvimento espiritual. Alma satisfeita é alma estagnada. Ao falar de bens terrestres, Paulo podia dizer “Aprendi... a estar contente”; mas quando se referia a sua vida espiritual, testificou “Prossigo para o alvo”. Avive o dom de Deus que está em você.

2. Decida-se vigorosamente por uma radical transformação de sua vida.
Tímidos fazedores de experiências estão fadados ao insucesso antes mesmo de começar. Temos de pôr toda a nossa alma em nosso desejo por Deus. “O reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele.”

3. Coloque-se no caminho da bênção.
É um erro esperar que a graça nos visite como uma espécie de mágica benigna, ou esperar que a ajuda de Deus venha como sorte inesperada, à parte das condições já conhecidas e recebidas. Há caminhos claramente estabelecidos que levam diretamente aos verdes pastos; andemos neles. Desejar avivamento, por exemplo, e ao mesmo tempo negligenciar oração e devoção é desejar um caminho e andar noutro.

4. Faça um cuidadoso trabalho de arrependimento.
Não se apresse com este assunto. Um apressado arrependimento significa rasa experiência espiritual e deficiência de convicção na vida toda. Deixe a tristeza segundo Deus fazer seu trabalho de cura. Nunca desenvolveremos o temor do mal, até que deixemos a consciência do pecado nos ferir. É nosso desprezível hábito de tolerar pecado que nos mantém nessa condição de meio-mortos.

5. Faça restituição onde quer que seja possível.
Se você tem alguma dívida, pague-a, ou no mínimo tenha uma conversa franca com seu credor a respeito das suas intenções de pagála, de forma que sua honestidade esteja acima de qualquer questão. Se você se desentendeu com alguém, vá o mais rápido que puder e se esforce para reconciliar-se. Tanto quanto for possível endireite o que está torto.

6. Ajuste a sua vida ao Sermão do Monte e a outros tantos textos do Novo Testamento destinados a nos instruir no caminho da justiça.
Um homem honesto com a Bíblia aberta, um bloco de anotações e um lápis, com certeza descobrirá bem rápído o que está errado consigo mesmo. Recomendo que esse auto-exame seja feito de joelhos, levantandose para obedecer aos mandamentos de Deus assim que nos forem revelados pela Palavra. Não há nada romântico nem colorido nessa forma simples de tratar consigo mesmo sem rodeios, mas isso dá resultado. Os homens de Isaque não pareciam figuras heróicas enquanto cavavam no vale, mas conseguiram abrir os poços, e era a isso que se tinham proposto.

7. Tenha intenções sérias.
Você bem pode arcar com a decisão de ver menos programas humorísticos na TV. A menos que você se afaste dos engraçadinhos desses programas, todo e qualquer sentimento espiritual será vão para o seu coração e vai se perder bem ali, na sua sala de televisão. As pessoas mundanas costumam ir ao cinema para evitar ter de pensar seriamente a respeito de Deus e da religião. Você não vai com eles ali, mas agora você tem comunhão espiritual com eles em sua própria casa.

Você está aceitando os ideais do diabo, os padrões morais dele, e as atitudes mentais dele, sem que você se dê conta disso. Você se admira porque não progride na vida cristã. É que seu clima interior não é propício para o crescimento das graças espirituais. Ou você provoca uma radical mudança em seus hábitos ou não haverá nenhum desenvolvimento permanente na vida interior.

8. De forma deliberada, reduza seus interesses.
O pau-pra-toda-obra não é mestre em nada. A vida cristã requer que sejamos especialistas. Projetos demais consomem tempo e energia sem resultar em aproximação de Deus. Se você reduzir seus interesses, Deus enlarguecerá seu coração.

“Somente Jesus” é, para o homem nãoconvertido, um slogan de morte. Mas um gran-de grupo de alegres homens e mulheres podem dar testemunho de que essa atitude tornou-se para eles um caminho para um mundo infinita-mente mais amplo e rico do que qualquer outra coisa que tenham conhecido antes.

Cristo é a essência de toda sabedoria, beleza e virtude. Conhecê-lo em crescente intimidade é crescer na apreciação de tudo o que é bom e belo. As mansões do coração se tornarão mais espaçosas quando suas portas se abrirem para Cristo e se fecharem para o mundo e para o pecado. Experimente.

9. Comece a testemunhar.
Descubra alguma coisa para fazer para Deus e para os seus semelhantes. Não fique à toa. Coloque-se à disposição de seu pastor e faça qualquer coisa que lhe for solicitada. Não procure lugar de liderança. Aprenda a obedecer. Tome o lugar mais simples até a hora de Deus ver que você pode ser colocado num lugar mais alto. Endosse seus novos propósitos com seu dinheiro e seus dons, quaisquer que sejam eles.

10. Tenha fé em Deus.
Comece a ter uma atitude de expectativa. Erga os olhos para o trono, onde está assentado o seu Advogado, à mão direita de Deus. O céu inteiro está ao seu lado. Deus não vai desapontar você.

Se você seguir estas sugestões, com certeza vai experimentar um avivamento em seu coração. E quem pode dizer até onde ele vai se estender? Deus conhece a desesperada necessidade que a igreja tem de uma ressurreição espiritual. E ela só pode surgir através de indivíduos reavivados.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

DEZEMBRO NA VIDEIRA

Observação: Todos os eventos tem início às 19:30.

O ESPÍRITO SANTO NOS ASSISTE EM NOSSAS FRAQUEZAS


Por Hernandes Dias Lopes

Um fato glorioso que merece ser destacado é o de que Deus não nos abandonou nem virou seu rosto por nossas fraquezas. Não desistiu de nós por nosso fracasso. Não nos esmagou nem nos esbofeteou ao flagrar-nos na contramão de sua vontade. Não nos rejeitou nem nos condenou ao ver-nos caídos. Não nos deixou entregues a nossa própria sorte. Não sentiu nojo de nossa imundícia. Não escondeu seu rosto santo de nós por nossa feiúra existencial. Não nos desamparou, não esmagou a cana quebrada nem apagou o pavio que fumega.

O apóstolo Paulo diz que o Espírito nos assiste em nossas fraquezas. Ele se solidariza com o sofrimento humano. Nosso Deus é sensível, amoroso e sofre conosco. Ele se encurva para descer até nós e carregar nosso fardo pesado. Quando nos sentimos cansados, nos toma no colo. Fortalece-nos quando nossa sensação é de fraqueza. Deus nos consola quando a tristeza nos encurrala, e alivia a nossa carga quando o peso da vida nos pressiona além da conta.

A palavra que Paulo emprega para "assistir", segundo o reformador João Calvino, significa mais que "auxiliar". O sentido mais apropriado é que o Espírito toma sobre si a nossa carga não somente para nos ajudar e socorrer, mas, sobretudo, para nos aliviar, carregando todo o peso por nós. Na verdade, se o Espírito de Deus não nos ajudasse, seríamos esmagados pelas pressões da vida e andaríamos debilitados o tempo inteiro.

Nossas fraquezas são resultado do nosso pecado, da nossa rebeldia e da nossa desobediência. Elas certamente ferem o coração de Deus. Mas a misericórdia do Senhor é tão grande que ele puniu o nosso pecado em seu Filho, na cruz, poupando-nos do castigo que as nossas transgressões merecem. Em vez de nos condenar, Deus nos absolve. Ao invés de lançar sobre nós a nossa culpa, ele nos justifica. Em vez de deixar-nos entregues a nossa própria sorte, nos assiste em nossas fraquezas. O Espírito Santo, que habita em nós, toma sobre si nosso fardo e o carrega por nós. Nossa fraqueza nos levaria ao desfalecimento e ao desespero, não fosse a assistência do Espírito. Ele nos dá força para prosseguir na jornada, e nos faz levantar os olhos e seguir adiante rumo à glória.

Há momentos na vida em que se ajuntam sobre nossa cabeça nuvens escuras. Nessas horas, sentimo-nos encurralados por tempestades devastadoras: E a enfermidade que entra em nossa casa sem pedir licença; é a dor do luto que nos oprime; é o casamento ferido mortalmente pelo divórcio; é a crise financeira que se abate sobre a família num tempo de recessão; é o desemprego que nos empurra para a vala comum da desesperança. Essas enxurradas nos arrastam com violência e passam sobre nós, deixando-nos feridos, quebrados, enfraquecidos.

Sentimo-nos encurralados pela própria desventura. Somos apanhados pelas próprias cordas do nosso pecado. Somos entregues aos verdugos e aos flageladores da alma. Nossa consciência, carregada de culpa, é tomada pelo desespero total. Nossa estabilidade emocional entra em colapso. A depressão assoladora nos tira o brilho dos olhos e os sonhos do coração. Muitos até mesmo desesperam-se da própria vida e tentam fugir dela, flertando com a morte, buscando o caminho radical do suicídio.

Não são poucos aqueles que chegam ao fundo do poço sem ter sequer uma corda para se agarrar. São pessoas sem esperança, que vêem o mundo desmoronar sobre a cabeça. Nessas horas, quando todos os amigos fogem, quando todas as forças acabam, quando todos os recursos parecem se esgotar, Deus aparece e estende a mão onipotente, tirando-nos do poço de perdição e arrancando-nos do fosso de lama. E o Senhor quem firma os nossos pés sobre uma rocha em que podemos dar passos seguros.

James Hastings diz que aquele que pode confessar "eu creio no Espírito Santo" encontrou um amigo divino. Para ele, o Espírito Santo não é uma influência, uma energia ou alguém distante, mas um consolador presente a quem Cristo enviou para estar sempre conosco; um guia presente o tempo todo, pronto para nos conduzir a toda verdade; um advogado sempre pronto para apresentar nossa causa diante do trono do Pai. Que bendita esperança é esta: a de termos o Espírito Santo, Deus onipotente, para nos assistir em nossas fraquezas. Aquele que embelezou os céus e a Terra e espalha vida em todo o universo pelo seu poder criador é o mesmo que nos fortalece em nossas debilidades.

Retirado de "Destinados Para Glória".


Salmos 46

Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares.Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.Deus está no meio dela; não se abalará.

Deus a ajudará, já ao romper da manhã.Os gentios se embraveceram; os reinos se moveram; ele levantou a sua voz e a terra se derreteu.O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. Vinde, contemplai as obras do SENHOR; que desolações tem feito na terra!

Ele faz cessar as guerras até ao fim da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo.Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra. O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O TRONO DE JULGAMENTO DE CRISTO



Por Leonard Ravenhill

A IMPORTÂNCIA DA AUTO-ANÁLISE

Por A. W. Tozer

Pouca coisa revela tão bem o medo e a incerteza dos homens quanto o esforço que fazem para ocultar seu verdadeiro "eu" uns dos outros e até mesmo a seus próprios olhos.

Quase todos os homens vivem desde a infância até a morte por trás de uma cortina semi-opaca, saindo dela apenas rapidamente quando forçados por algum choque emocional e depois voltando o mais depressa possível ao esconderijo. O resultado desta dissimula¬ção constante é que as pessoas raramente conhecem seus próximos como realmente são e. pior ainda, o disfarce tem tanto êxito que elas nem sequer conhecem a si mesmas.

O autoconhecimento tem tal importância em nossa busca de Deus e de sua justiça, que nos encontramos sob a obrigação de fazer imediatamente aquilo que for necessário para remover o disfarce e permitir que nosso "eu" real seja conhecido. Uma das supremas tragédias em religião é o fato de nos termos em tão alta conta, enquanto a evidência aponta justamente o contrário; e nossa auto-admiração bloqueia eficazmente qualquer esforço possível para descobrir uma cura para a nossa condição. Só o indivíduo que sabe que está doente é que procura o médico.

Nosso verdadeiro estado moral e espiritual só pode ser revelado pelo Espírito e pela Palavra. A Deus pertence o juízo final do cora¬ção. Existe um sentido em que não ousamos julgar-nos uns aos outros (Mt 7:1-5) e no qual não devemos sequer tentar julgar-nos (1 Co 4:3). O julgamento final pertence Àquele cujos olhos são chama de fogo e que vê através das obras e pensamentos dos homens. Agrada-me deixar com Ele a última palavra.

Existe, porém, lugar para a auto-análise e uma necessidade real de que esta seja feita (1 Co 11:31, 32). Embora nossa autodescoberta não seja provavelmente completa e nossa auto-analise contenha ele¬mentos preconceituosos e imperfeitos, existem porém boas razões para que trabalhemos ao lado do Espírito em seu esforço positivo para situar-nos espiritualmente, a fim de podermos fazer as correções exigi¬das pelas circunstâncias. É certo que Deus já nos conhece totalmente (SI 139:1-6). Resta-nos agora conhecer a nós mesmos o melhor pos¬sível. Por esta razão ofereço algumas regras para a autodescoberta; e se os resultados não forem tudo que possamos desejar, podem ser pelo menos melhores do que nada. Podemos ser conhecidos pelo seguinte:

1. O que mais desejamos. Basta ficarmos quietos, aguardando que a excitação dentro em nós se acalme, e a seguir prestar cuidadosa atenção ao tímido clamor do desejo. Pergunte ao seu coração: o que você mais desejaria ter no mundo? Rejeite a resposta convencional. Insista em obter a verdadeira, e quando a tiver ouvido saberá o tipo de pessoa que é.

2. O que mais pensamos. As necessidades da vida nos induzem a pensar em muitas coisas, mas o teste real é descobrir sobre o que pensamos voluntariamente. Nossos pensamentos irão com toda proba¬bilidade agrupar-se ao redor do tesouro secreto do coração, e qual for ele revelará o que somos. "Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração."

3. Como usamos nosso dinheiro. Devemos ignorar de novo aque¬les assuntos sobre os quais não exercemos pleno controle. Devemos pagar impostos e prover as necessidades da vida para nós e nossa família, quando a temos. Isso não passa de rotina e diz pouco a nosso respeito. Mas o dinheiro que sobrar para ser usado no que nos agrada irá contar-nos sem dúvida muita coisa sobre nós.

4. O que fazemos com as nossas horas de lazer. Grande parte de nosso tempo é usado pelas exigências da vida civilizada, mas sempre temos algum tempo livre. O que fazemos com ele é vital. A maioria das pessoas gasta esse tempo vendo televisão, ouvindo o rádio, lendo os produtos baratos da imprensa ou envolvendo-se em conversas frívolas. O que eu faço com o meu tempo revela a espécie de homem que sou.

5. A companhia de que gostamos. Existe uma lei de atração moral que chama o homem para participar da sociedade que mais se assemelha a ele. O lugar para onde vamos quando temos liberdade para ir aonde quisermos é um índice quase-infalível de nosso caráter.

6. Quem e o que admiramos. Suspeito desde há muito tempo que a grande maioria dos cristãos evangélicos, embora mantidos mais ou menos em linha pela pressão da opinião do grupo, sentem de todo modo uma admiração ilimitada, embora secreta, pelo mundo. Podemos conhecer o verdadeiro estado de nossas mentes, exami¬nando nossas admirações não-expressas. Israel admirou e até inve¬jou com freqüência as nações pagãs ao seu redor, esquecendo-se assim da adoção e da glória, das leis, das alianças e das promessas e dos pais. Em vez de culpar Israel, façamos uma auto-análise.

7. Sobre o que podemos rir. Pessoa alguma que tenha qualquer consideração pela sabedoria de Deus iria argumentar que exista algo errado com o riso, desde que o humor é um componente legítimo de nossa natureza complexa. Quando nos falta o senso de humor, falha¬mos também nessa mesma proporção em equiparar-nos à humani¬dade sadia.

Mas o teste que fazemos aqui não é sobre o fato de rirmos ou não, mas do que rimos. Algumas coisas ficam fora do campo do simples humor. Nenhum cristão reverente, por exemplo, acha a morte engraçada, nem o nascimento, nem o amor. Nenhum indivíduo cheio do Espírito pode rir das Escrituras, da igreja comprada por Cristo com o seu próprio sangue, da oração, da retidão, do sofrimento ou dor da humanidade. E certamente ninguém que já esteve na presença de Deus jamais poderia rir de uma história que envolvesse a divindade.

Esses são alguns dos testes. O cristão sábio encontrará outros.

Extraído de "O Melhor de A. W. Tozer"

"O processo de descobrimento e conhecimento de Deus, é o mais genuíno processo de auto-descobrimento do ser humano."

domingo, 28 de novembro de 2010

SÉRIE: A ADORAÇÃO ESPIRITUAL - PARTE 2

Por Calvin Gardner


Mas a adoração corporal deve ser espiritual para ser aceito do Deus que é Espírito. Portanto ela deve ser limitada aquilo que é reverente, solene, respeitoso e dirigida pela inteligência. Somente dessa maneira pode a adoração correta ser um culto racional e espiritual. A expressão corporal deve ser uma reflexão do homem novo que deleita-se na lei de Deus (Romanos 7.22).

Nenhuma carnalidade, sensualidade, ou movimento sugestivo da carne, é reflexão daquele homem novo que deleita-se na lei de Deus (I Pedro 3.3,4; Efésios 4.22,24 “novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”; Tiago 3.13-18, “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”). Portanto, a adoração verdadeira usa o corpo mas nunca a carne.

Cristo é o nosso exemplo e Ele adorou mais corretamente o Seu Pai. Ele adorou Deus corporalmente; Ele orou em voz alta, ajoelhou-Se, ergueu Seus olhos ao céu juntamente com Seu espírito quando Ele louvou o Seu Pai pela misericórdia recebida, ou rogou para que Seus discípulos fossem abençoados (João 11.41; 17.1,11). Os homens santos de Deus têm usado os seus corpos em expressões de adoração espiritual: Abraão se prostrou, apóstolo Paulo ajoelhou, estes usaram suas línguas e levantaram suas mãos, mostrando-nos que adoração espiritual necessita expressão corporal. E por Deus ser Espírito e também Santo essas expressões corporais devem espelhar o homem novo regenerado adorando reverentemente.

É verdade que o corpo deve ser usado, segundo o entendimento, na adoração espiritual e entendemos isso pelo fato que Jesus instituiu o Seu tipo de igreja e estabeleceu ordenanças nela que só podem ser observadas empregando o corpo. Deus pede a nossa presença corporal no ajuntamento (Hebreus 11.25; Salmos 122.1). As ordenanças, tanto de batismo, quanto a ceia, pedem a participação do nosso corpo na adoração (Mateus 28.19; I Coríntios 11.23-27).

As duas ordenanças manifestem publicamente Cristo e a Sua redenção completa e vitoriosa. Mas, nem por isso, devemo-nos a ser entregues à gritaria ou à expressão corporal espontânea e sem controle (Efésios 4.31, “Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós”; I Coríntios 14.40). Somente pelo fato que o corpo participa na adoração verdadeira não indica que ela deve ser menos espiritual, mas as ações do corpo também devem expressar reverência e santidade (Habacuque 2.20 “Mas o SENHOR está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.”).

A adoração não deve deixar de ser um “culto racional”, ou quer dizer com entendimento quando há o uso do corpo nela. É sábio notar que as expressões corporais são somente expressões, e não se substituta a própria adoração. Orações compridas, cânticos talentosos, ou qualquer outra expressão corporal, são nada sem o amor interior a Deus (I Coríntios 13.1-3). Deus quer para Ele mesmo o nosso coração. As cerimônias religiosas foram instituídas como servos da nossa adoração espiritual, não para ser a própria adoração. Um homem que se mostra religioso mas sem aquela adoração com o espírito é igual a igreja de Sardes que “tens nome de que vives, e estás morto.” (Apocalipse 3.1). A adoração usa o corpo para se expressar, mas mesmo assim é necessário que examinemos que ela não deixa de ser espiritual (Lucas 11.39-44).

Por causa do perigo da carne misturar-se na adoração corporal devemos examinar-nos concernente a nossa maneira de adoração. Estamos nos últimos dias e o apóstolo Paulo nos diz: terão muitos nestes dias que tem “aparência de piedade, mas negando a eficácia dela” (II Timóteo 3.1,5). Portanto, devemos nos examinar se não é assim conosco. Para ajudar nessa examinação particular considera essas indagações: A nossa diligência é o exterior ou o interior? Os nossos sacrifícios ao Senhor são sacrifícios vivos e santos, ou sacrifícios das obras mortas da carne? Está lembrado que qualquer carnalidade na adoração não só faz a adoração ser inaceitável, mas abominável a Deus (Apocalipse 3.16; Salmos 66.18)?

Para ter adoração espiritual lembre-se: vigilância contínua é necessária (Mateus 26.41). Um andar espiritual de dia impedirá a contaminação com a concupiscência na adoração noturna. Lembre-se também é necessário nutrir um amor para com Deus que leva-nos a depender nEle (Provérbios 16.3; Salmos 37.4). Para cultivar uma adoração espiritual, nutri pensamentos corretas da majestade de Deus na sua mente. Praticando esses conselhos fará que adoremos o Senhor em espírito “e em verdade” (João 4.24; Filipenses 4.8). Também para auxiliar a adoração espiritual pública devemos cultivar uma comunhão particular com o Senhor (Jeremias 15.16). Para medir a veracidade da nossa adoração somente devemos notar se somos mais maduros espiritualmente depois do exercício dela.

O fruto de adoração espiritual é visto numa obediência maior da Palavra de Deus (Mateus 7.24-27) e num amor aperfeiçoado para com Deus e para com os homens (João 13.35). O homem novo pelo conhecimento de Deus foi renovado (Colossenses 3.10)? A comunhão que você experimentou na adoração foi uma comunhão com Deus ou um inter-relacionamento com seu próprio ego? Foi algo que se edificou ou somente si entreteve?

Que Deus nos abençoa com aquele entendimento da Palavra de Deus que nos leva à adoração verdadeira expressada tanto espiritualmente quanto corporalmente segundo a verdade. Assim Cristo será exaltado e o povo de Deus edificado.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

SÉRIE: A ADORAÇÃO ESPIRITUAL - PARTE 1

Por Calvin Gardner

Salmos 150.6, “Tudo quanto tem fôlego louve ao SENHOR. Louvai ao SENHOR”.

Tudo que tem fôlego deve louvar o SENHOR. Porém toda e qualquer adoração deve ser espiritual pois Deus é Espírito. A adoração espiritual não é uma adoração sem entendimento mas uma que usa o conhecimento da excelência de Deus como motivo do seu louvor. Reconhecendo Deus como soberano e regozijando na glória dos Seus atributos manifestos no Redentor é adoração espiritual e são ações do espírito do homem regenerado. É assim que o Salmista nos instrui: “Pois Deus é o Rei de toda a terra, cantai louvores com inteligência.” (Salmos 47.7; I Coríntios 14.12-20).

A adoração sem entendimento, ou inteligência, não é culto racional, algo que Deus pede (Romanos 12.1,2). Tentativas de adorar o Senhor somente com as sensações são ações de um bruto. Louvor que usa a razão é adoração de um homem para com seu Deus. Adoração espiritual é louvor que corresponde com a natureza nova de um homem regenerado (Romanos 8.5 “os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito.”).Portanto, regeneração deve preceder qualquer possibilidade de adoração espiritual e verdadeira. Importa a Deus que os que “adoram adorem em espírito e em verdade” (João 4.24). Não procure a adorar a Deus se não for regenerado. Procure Cristo! Ele é O Salvador do pecador arrependido e que crê nEle para asalvação. Por intermédio dEle o pecado tenha o novo homem.

Como temos percebido nos estudos anteriores, adoração espiritual só pode ser uma atividade do homem interior que nasce do espírito de Deus (João 3.3,5,7). O cristão precisa do auxílio do Espírito Santo de Deus para adorar corretamente. Não podemos mortificar a concupiscência sem o auxílio do Espírito (Romanos 8.13), e tampouco a nossa adoração é espiritual sem o Seu auxílio (Romanos 8.6 “mas a inclinação do Espírito é vida e paz”; 8.26 “o mesmo Espírito intercede por nós”; Efésios 6.18 “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito”; Judas 20 “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo”). Não podemos clamar “Abba, Pai” sem o Espírito Santo nos impelindo a tal adoração espiritual.

A adoração espiritual também deve ser com sinceridade. Quando Paulo diz “Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito”, ele não estava se referindo ao auxílio do Espírito Santo impelindo ele a servir Deus. Ele está expressando que ele serve o Senhor Deus com um coração reverente e sincero (Romanos 1.9). Deus merece o nosso coração. Podemos dar a nossa língua, lábios, ou as nossas mãos, sem o nosso coração, mas o coração não pode ser exercitado em adoração verdadeira sem a atividade da nossa língua, lábios, e as nossas mãos santas (I Timóteo 2.8; Provérbios 23.26). As duas pequenas moedas da viúva foram mais valiosas do que as ofertas volumosas dos ricos por serem de um coração sincero em adoração espiritual e verdadeira (Marcos 12.41- 44). Portanto a adoração espiritual envolve a sinceridade com o que temos, seja financeira, ou seja física.

A adoração corporal não é rejeitada por Deus na adoração espiritual. Mesmo que a adoração espiritual é o mais importante e prazerosa a Deus, não devemos omitir o que foi menos exigido, ou seja, o uso do corpo na adoração (Mateus 23.23; Lucas 11.42). A lei cerimonial tinha a intenção do espiritual, assim o nosso espiritual pode ter a ação do corpo. Mas a adoração só pode ser verdadeira se o corpo que adora adore com um espírito santo. Um corpo moralmente sujo indica um coração pecaminoso. Tal adoração é rejeitada. O culto racional consiste tanto numa mente renovada quanto num corpo santo apresentado a Deus (Romanos 12.1,2; I Timóteo 2.8).

Os nossos corpos devem ser sacrifícios vivos. Na adoração espiritual os nossos corpos não devem ser mortos mas mortificados ao pecado (Romanos 8.13). Um sacrifício vivo se manifesta pela vivência da nova natureza, numa postura santa com as afeições crucificadas à tudo que é da carne ou do mundo. Como a divindade de Cristo foi manifesta pelas Suas ações, assim também a nossa espiritualidade deve ser manifesta nas nossas ações de adoração. “Dar a Deus louvor pelo corpo e não da alma é hipocrisia; dar a Deus culto em espírito e não com o corpo é sacrilégio; não dar louvor com o corpo nem com o espírito é ateísmo.” - Charnock.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A ABSOLUTA IMPORTÂNCIA DO MOTIVO

Por A.W. Tozer em “A Raiz dos Justos”

A prova pela qual toda conduta será finalmente julgada é o motivo.

Como a água não pode subir mais alto do que o nível da sua fonte, assim a qualidade moral de um ato nunca pode ir mais alto do que o motivo que o inspira. Por esta razão, nenhum ato procedente de um mau motivo pode ser bom, ainda que algum bem possa parecer provir dele. Toda ação praticada por ira ou despeito, por exemplo, ver-se-á afinal que foi praticada pelo inimigo e contra o reino de Deus.

Infelizmente, a natureza da atividade religiosa é tal que muita coisa dela pode ser levada a efeito por razões não boas, como a raiva, a inveja, a ambição, a vaidade e a avareza. Toda atividade desse jaez é essencialmente má e como tal será avaliada no julgamento.

Nesta questão de motivos, como em muitas outras coisas, os fariseus dão-nos claros exemplos. Eles continuam sendo os mais tristes fracassos religiosos do mundo, não por causa de erro doutrinário, nem porque fossem pessoas de vida abertamente dissoluta. Todo o problema deles estava na qualidade dos seus motivos religiosos. Oravam, mas para serem ouvidos pelos homens, e deste modo o seu motivoarruinava as suas orações e as tornava não somente inúteis, mas realmente más. Contribuíam generosamente para o serviço do templo, mas às vezes o faziam para escapar do seu dever para com os seus pais, e isto era um mal, um pecado. Eles condenavam o pecado e se levantavam contra ele quando o viam nos outros, mas o faziam por sua justiça própria e por sua dureza de coração. Assim era com quase tudo o que faziam. Suas atividades eram cercadas de uma aparência de santidade, e essas mesmas atividades, se realizadas por motivos puros, seriam boas e louváveis. Toda a fraqueza dos fariseus jazia na qualidade dos seus motivos.

Que isso não é uma coisa pequena infere-se do fato de que aqueles religiosos formais e ortodoxos continuaram em sua cegueira até que finalmente crucificaram o Senhor da glória sem um pingo de noção da gravidade do seu crime.

Atos religiosos praticados por motivos vis são duplamente maus - maus em si mesmos e maus porque praticados em nome de Deus. Isso é equivalente a pecar em nome dAquele Ser que é sem pecado, a mentir em nome dAquele que não pode mentir, e a odiar em nome dAquele cuja natureza é amor.

Os cristãos, especialmente os muito ativos, freqüentemente devem tomar tempo para sondar as suas almas para certificar-se dos seus motivos. Muito solo é cantado para exibição; muito sermão é pregado para mostrar talento; muita igreja é fundada como uma bofetada nalguma outra igreja. Mesmo a atividade missionária pode tornarse competitiva, e a conquista de almas pode degenerar, passando a ser uma espécie de plano de vendedor de escovas, para satisfazer a carne. Não se esqueçam, os fariseus eram grandes missionários, e circundavam mar e terra para fazer um converso.

Um bom modo de evitar a armadilha da atividade religiosa vazia é comparecer ante Deus sempre que possível com as nossa Bíblias abertas no capítulo 13 de 1 Coríntios. Esta passagem, conquanto considerada como uma das mais belas da Bíblia, é também uma das mais severas das que se acham nas Escrituras Sagradas. O apóstolo toma o serviço religioso mais elevado e o consigna à futilidade, a menos que seja motivado pelo amor. Sem amor, profetas, mestres, oradores, filantropos e mártires são despedidos sem recompensas.

Para resumir, podemos dizer simplesmente que, à vista de Deus, somos julgados, não tanto pelo que fazemos como por nossas razões para fazê-lo. Não o que mas por que será a pergunta importante quando nós cristãos comparecermos no tribunal para prestarmos contas dos atos praticados enquanto no corpo.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O ESPÍRITO SANTO NA ORAÇÃO

Por Madame Guyon


É de vital importância para você, ler cuidadosamente os versículos das Escrituras neste capítulo. Deus tem revelado a seus filhos o segredo da oração eficaz dizendo-nos como Ele realmente nos auxilia em oração através do Seu Santo Espírito.

"Se alguém não tem o Espírito Santo, esse tal não é Dele". (Romanos 8:9). Para pertencer a Jesus, devemos estar cheios de Seu Espírito e esvaziados do nosso próprio espírito. O apóstolo Paulo conheceu a necessidade da divina influência do Espírito na sua vida. Em Romanos 8:14, ele continua: "Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus". O trabalho divino faz primeiro ter o divino preenchimento. Novamente Ele disse: "Porque não recebestes o Espírito de Escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Abba, Pai". (Romanos 8:15). O Espírito do qual fala Paulo não é outro senão o atual Espírito de Jesus Cristo que veio para nós, vive em nós, através de nós, e nos ajuda a sentir a presença de Deus. Seu Espírito traz-nos a certeza que não somos mais filhos do mundo, porém agora pertencemos a Deus. "O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus". (Romanos 8:16).

Deseja esta unidade com Deus? Sua alma está faminta e sedenta por esta união com Ele? Então, querido de Deus, entregue-se agora à influência deste abençoado Espírito de Deus. Permita-se receber a verdade da Palavra de Deus que realmente o encherá dEle. Com alegria, receba o "espírito de liberdade" que é dado somente aos filhos de Deus, e abandone o "espírito de escravidão". Permita ao seu espírito ser libertado, energizado com entusiasmo para as coisas de Deus. Paulo escreve, claramente, para que todos possam entender o segredo vital da oração "E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Romanos 8:26).

Deus falou através de Paulo, que não podemos ser ignorantes das coisas espirituais. Ele quis que soubéssemos das intercessões do Espírito Santo por nós quando oramos. Nós não ficamos sozinhos perante Deus. Que esperança abençoada e conforto isto nos dá! Então se Deus sabe do que temos necessidade, e Seu Espírito está dentro de nós, não deveríamos permitir-lhe derramar seus inexprimíveis gemidos em nosso favor?

O próprio Jesus disse ao Pai: "Eu bem sei que me ouves". (João 11:42). Se livremente consentirmos que o Seu Espírito ore e interceda por nós, também seremos ouvidos sempre. Por que? Ouçam outra vez a Paulo que dominava este mistério: "E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é Ele que segundo Deus intercede pelos santos". (Romanos 8:27). O que ele está dizendo é simplesmente que o Espírito de Deus ora de acordo com a vontade de Deus. A vontade de Deus é que cada pessoa seja salva e que se torne perfeita. Portanto, o Espírito intercede por tudo que é necessário para a nossa perfeição Porque então está sobrecarregado com cuidados deste mundo? Por que se cansa na multiplicidade de seus caminhos, sem nenhuma vez dizer, "Eu desejo descansar na Sua paz"? Deus o convida para lançar suas inquietações sobre Ele, "Porque Ele tem cuidado de vós" (I Pedro 5:7).

O coração de Deus deve ter sido tomado de grande tristeza, quando olhou para Sua criatura exaurida em todas as suas forças com mil negócios externos, quando havia tão pouco a fazer para alcançar tudo que desejava. "Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura" (Isaías 55:2).

Oh, se soubéssemos a bem-aventurança de "ouvir atentamente" a Deus: Quão grandemente nossas almas seriam fortalecidas por tal iniciativa. "Cale-se toda a carne, diante do Senhor" (Zacarias 2:13). Pare de esforçar-se em orar tão logo sinta a insistência do Espírito de Deus para orar através de você.

Deus nos assegura que não necessitamos temer nada. Ele promete ter especial cuidado de nós. "Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim.". (Isaías 49:15,16).

Após ler estas belíssimas palavras de consolação, como pode estar constantemente receoso em render-se completamente à direção de Deus?

Retirado de "Experimentando Deus através da Oração"

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

HOJE É O DIA

Por Jason Valloton

Hoje é o dia. Nunca haverá outro hoje, e cada um desses é um presente que nunca será dado novamente. Desperte do sono, limpe o sono dos seus olhos e viva. Vá em frente e viva. Hoje é o dia para começar, não há uma razão boa o suficiente para não fazer!

Esta vida não é minha. Eu sou apenas um locatário, se quiser, emprestado neste corpo para administrar o que Ele tem me dado. Estou plenamente consciente de que dentro de cada dia encontra-se a oportunidade para a eternidade ser tocada, se eu vou apenas aproveitar o dia.

Minha vida será medida por aquilo que me custou para chegar onde estou, se eu realmente aprendi a amar e o quanto eu sacrifiquei para o ganho de alguém. Quando eu me for, quando minha vida estiver gasta, todas as coisas que deixei pra trás serão evaporadas. Eu não vou preocupar com o quanto eu estava machucado, o quanto fiquei com raiva ou como eu estava deprimido. Todas essas são verdadeiras emoções, mas elas não são fundamentos para uma vida saudável. Temos todos de passar por estes tempos e respeitá-los, mas não faça a depressão ou a raiva um colega de quarto, a miséria é o seu único amigo.

A vida é curta, a vida é imprevisível. Eu só tenho uma chance, e na maioria das vezes não há o re-fazer. Não me interpretem mal, eu posso ir ao redor da montanha mais uma vez, mas eu não posso voltar atrás. Aproveite o dia, aproveite cada momento. Mesmo que este não é o momento que você queria ou esperava, este é o momento que você está dentro Adiministre cada um, e você pode ter certeza de que o crescimento será o fruto de seu trabalho.

Era uma vez um homem que nasceu com uma grande promessa. O Senhor disse-lhe que ele seria abençoado e que sua família serviria ele, porque ele foi favorecido. José, o jovem, foi descuidado com suas promessas, e no seu zelo, ele provocou a inveja de seus irmãos. O negócio é que os seus irmãos realmente não gostaram da idéia de servi-lo, eles conspiraram para destruir a sua vida, vendendo-o como escravo. José encontrou-se em situação precária. Ele foi vendido para um homem muito importante no governo. Com o tempo, José se tornou um homem de influência, e ele ganhou o favor com o seu mestre. Para o jovem, a vida parecia promissora novamente. Mas José foi acusado injustamente de dormir com a esposa de seu senhor, e mais uma vez ele se viu em uma situação indefesa, ele estava na prisão.

Através de uma série de eventos, José ainda na prisão, interpretou um sonho para o rei que ninguém poderia interpretar. Ele ganhou o favor com o rei mais uma vez e logo se viu na supervisão da terra do rei e à cuidar das pessoas naquela terra. Eventualmente, a promessa que o Senhor deu a ele como um homem jovem veio a acontecer. Ele milagrosamente salvou sua família da fome. Grande reconciliação aconteceu naquele dia para toda a família, eo jovem foi restaurado ao seu pai.

Assim como José, muitas vezes nós não temos de escolher os momentos que estamos, nós apenas ter a oportunidade de escolher o que acontece através de nós. Fui criado com um propósito, feito especialmente, de um tipo. Eu não vou ficar aqui por muito tempo, porque eu sou apenas um visitante semeado para a eternidade.

Ajuste sua visão. Mantenha o destino à vista, sabendo que é muito maior do que você e muito maior do que você pode manipular. Você é como Noé, chamado a construir algo que você nunca construiu antes e nunca tinha visto. Parece loucura, uma fé cega e a habilidade de imaginar muito além da capacidade da sua mente.

Quando você começa? Hoje. Não há melhor momento do que hoje. A grama é sempre mais verde, e amanhã, sempre parece mais promissora, mas você nunca vai ter de novo hoje. Comece agora e você nunca vai se arrepender sabendo que hoje foi o primeiro passo em direção a seus sonhos. Como começar? Gerencie as pequenas coisas que o Senhor fez em sua vida, seja fiel com elas, e a você será dado mais. Sonhe grande, e assuma riscos. Você não vai se arrepender no final de seus dias, por ter assumido riscos e tentar. Apenas certifique-se que você não é o tomador de decisão somente em sua vida. Mas por todos os meios, hoje é o dia .

Hoje é seu dia, é o primeiro passo na longa caminhada em direção a seus sonhos. A vida não virá até você, você deve ir atrás dela e agarrá-la, sabendo que é muito maior do que parece. Pule o hoje, e se irá pra sempre, sem poder voltar. Ouça minhas palavras e não se preocupe com o que você não sabe porque no caminho, você vai aprender. A vida é muito maior do que eu poderia até dizer. Então acorde de seu sono e limpe as lágrimas, porque hoje é seu dia. Busque ao Senhor!


Retirado do site: www.ibethel.org

A FÉ SEM EXPECTATIVA ESTÁ MORTA


Por A. W. Tozer


Expectativa e fé, embora semelhantes, não são a mesma coisa. Um cristão instruído não confundirá as duas.

A fé verdadeira jamais estará sozinha; ela sempre estará acompanhada pela expectativa. O homem que crê nas promessas de Deus espera vê-las cumpridas. Onde não existe expectativa, não existe fé.

Contudo, é bem possível existir a expectativa sem que exista a fé. A mente é perfeitamente capaz de confundir um forte desejo com a fé. Na verdade a fé, da forma em que é comumente entendida, não passa de um desejo combinado com um agradável otimismo. Alguns escritores conquistam bons lucros promovendo essa pretensa fé que se supõe criar um pensamento "positivo", em oposição à atitude mental negativa. Os seus ensinamentos são muito bem recebidos pelo coração daqueles afligidos por uma compulsão psicológica para crer, e que lidam com os fatos pelo simples expediente de não levá-los em conta.

A fé verdadeira não é formada do mesmo material de que são feitos os sonhos; antes ela é consistente, prática e totalmente realista. A fé vê o invisível, mas ela não vê aquilo que não existe. A fé ocupa-se com Deus, a grande Realidade, que deu e dá existência a todas as coisas. As promessas de Deus estão de acordo com a realidade, e qualquer que confia nelas entra num mundo real, e não fictício.

Na experiência normal, chegamos à verdade por meio da observação. Tudo o que se pode verificar por meio de experimentos é aceito como verdade. Os homens crêem nas informações dos seus sentidos. Se a ave caminha como um pato, parece um pato e emite sons como de um pato, então provavelmente é um pato. E se dos ovos que choca saem pequenos patos, praticamente se conclui o teste. A probabilidade dá lugar à certeza; essa ave é mesmo um pato. Essa é uma forma válida para lidar com nosso ambiente natural. Ninguém ousaria reclamar desse método, já que todos agem assim. É o jeito que lidamos com este mundo.

Mas a fé introduz um outro elemento em nossa vida, radicalmente diferente. "Pela fé entendemos" é a palavra que alça nosso conhecimento a um nível superior. A fé se ocupa com fatos que foram revelados do céu e que, por sua natureza, não reagem a testes científicos. O cristão conhece como verdade alguma coisa não porque a verificou por meio de alguma experiência, mas porque Deus a declarou. As suas expectativas nascem da sua confiança no caráter de Deus.

A expectativa sempre esteve presente na igreja nos tempos em que ela mais manifestou poder. Quando ela creu, ela esperou, e o seu Senhor jamais a desapontou. "Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor" (Lucas 1.45).

Todo grande mover de Deus na história, cada avanço incomum na igreja, cada reavivamento, foi precedido por um senso de forte antecipação. A expectativa sempre acompanhou as operações do Espírito. As Suas intervenções dificilmente surpreenderam o Seu povo, porque eles aguardavam com expectativa o Senhor ressurrecto e aguardavam confiantemente o cumprimento da Sua Palavra. As Suas bênçãos seguiam as suas expectativas.

Uma característica que é sintomática nas igrejas normais de hoje é a ausência de expectativa. Os cristãos, quando se reúnem, não esperam que aconteça nada fora do comum; em consequência, só acontece o costumeiro, e esse costumeiro é tão previsível como o pôr-do-sol. Uma mentalidade de não-expectativa impregna a reunião, uma quieta disposição de tédio que o ministro de várias formas tenta dissipar, meios esses que variam conforme o nível cultural da congregação e particularmente do próprio ministro.

Um recorre ao humor, outro apela para um assunto do momento que divide a opinião pública, como o uso de flúor na água, pena de morte ou a prática de esportes aos domingos. Outro, que talvez duvide de suas habilidades como humorista e que não esteja tão seguro quanto a que lado da controvérsia deve defender, tentará gerar expectativa no povo tratando de alguma programação futura: o churrasco dos homens, na próxima terça-feira; ou o piquenique e o jogo entre casados e solteiros, cujo resultado o alegre ministro modestamente se recusa a prever; ou o anúncio do lançamento de um novo filme religioso, cheio de sexo, violência e falsa filosofia, mas adoçado com insípida moralidade e frouxas sugestões de que a extasiada platéia precisaria nascer de novo.

Dessa forma, as atividades dos santos são estabelecidas por aqueles que se presume saberem melhor aquilo de que eles precisam. E esse procedimento, esse joguinho se torna aceitável até pelos mais piedosos, pela estratégia de adicionar no final algumas palavras de dedicação religiosa. Isso é chamado de "comunhão", embora se pareça pouquíssimo com as atividades dos cristãos de antigamente, a quem se aplicou primeiro a Palavra.

A expectativa do cristão, na igreja normal, segue o programa, não as promessas. As condições espirituais do momento, embora pobres, são aceitas como inevitáveis. O que vai acontecer é o que sempre aconteceu. Os cansados escravos da estúpida rotina julgam impossível esperar alguma coisa melhor.

Precisamos hoje de um novo espírito de antecipação que venha das promessas de Deus. Temos de declarar guerra à disposição de não-expectativa e temos de adotar uma fé infantil. Somente então poderemos outra vez experimentar a beleza e a maravilha da presença de Deus entre nós.

Extraído do livro “God Tells the Man Who Cares”, capítulo 32.