terça-feira, 28 de junho de 2011

SÉRIE AMOR PERFEITO: DEUS HABITANDO EM NÓS


Por Andrew Murray

"Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado. Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito" (I João 4:12,13).

"Ninguém jamais viu a Deus." Ainda não temos tido uma visão de Deus. O fogo de sua glória, que a tudo consome e a tudo absorve, e que traz a morte a tudo que pertence ao reino meramente natural, não se coaduna com o nosso estado terreno atual. Entretanto, foi-nos conferido, em lugar disso, um equivalente que nos pode treinar e preparar para a visão bem-aventurada, e que também satisfaz a alma com tudo quanto ela pode apreender sobre Deus.

Não podemos ver Deus; mas podemos ter Deus habitando em nós, e podemos contar com o Seu amor aperfeiçoado em nós. Embora o resplendor da glória de Deus não deva ser contemplado nesta existência, a presença daquilo que forma a própria essência dessa glória — o Seu amor — pode ser conhecido desde agora. O amor de Deus em nós aperfeiçoado, o próprio Deus habitando em nós — esse é o céu de que podemos desfrutar na terra.

E qual é o caminho para essa felicidade? Deus habita em nós, e o Seu amor é aperfeiçoado em nós, se nos amarmos uns aos outros. E verdade que não podemos contemplar ao Senhor, mas, contemplamos os nossos irmãos; e eis que, neles, temos um objeto para nosso amor que compensa a ausência da visão de Deus. Esse objeto é capaz de despertar e de incentivar o amor divino em nosso íntimo; esse objeto pode exercitar-se, fortalecer-se e desenvolver-se; esse objeto pode abrir caminho para o amor divino, para que o mesmo opere sua ação bendita por nosso intermédio, dessa maneira aperfeiçoando-nos em amor; esse objeto desperta a complacência divina e a chama para que venha e tenha morada em nós.

Em meu irmão tenho um objeto no qual Deus me ordena provar todo o meu amor por Ele. Ao amá-lo, por mais indigno de amor que ele seja, esse amor provará que o "ego" não mais vive; que foi uma chama desse mesmo amor que consumiu o Cordeiro de Deus; que esse é o amor de Deus sendo em nós aperfeiçoado e que se trata do próprio Deus a viver e a amar em nós.

"Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós. Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito." O admirável conhecimento que Deus habita em nós e que o Seu amor está aperfeiçoado em nós, não resulta de qualquer reflexão, nem de alguma dedução daquilo que vemos em nós mesmos. Não, pois as coisas divinas, o amor divino, a permanência divina no íntimo, só podem ser vistas sob o jato da própria luz divina. "Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito." João lembrava-se de quão pouco os discípulos haviam compreendido ou experimentado as palavras de Jesus, até aquele dia inesquecível quando, na luz do fogo que desceu do céu, tudo ficou iluminado e real.

É o próprio Espírito Santo que sozinho, não em Sua ação graciosa, tal como aquela de que os discípulos desfrutaram antes daquele dia, mas sim, em Sua concessão especial e direta, vindo do trono do ressurreto e exaltado Jesus Cristo, que O torna pessoal e permanentemente presente para a alma, que não mais se contenta com coisa alguma menor do que isso. Somente o Espírito Santo é que nos permite conhecer que Deus habita em nós, e nós nEle, e que o Seu amor está aperfeiçoado em nós.

Na vida cristã de nossos dias sucede tal e qual sucedia naquela época. A tarefa especial do Espírito Santo consiste em revelar Deus no íntimo e aperfeiçoar-nos em amor. Mediante passos lentos temos de dominar um lado da verdade agora, e outro lado mais tarde; temos de pôr em prática uma graça agora, e posteriormente, a graça oposta Por algum tempo nosso coração inteiro se lança no propósito de conhecer e de fazer a vontade de Deus.

Então, é como se houvesse apenas uma coisa a ser feita — amar — e sentimos como se em nosso próprio lar, em todos os nossos contatos com os homens, em nossa posição na Igreja e no mundo, precisássemos somente praticar o amor. Após algum tempo sentiríamos a nossa falha, e então nos voltaríamos para a Palavra, que nos induz à fé, que nos ensina a cessar nossa dependência do "ego" e a confiar naquele que opera tanto o querer como o efetuar. Eis que uma vez mais fracassamos, e sentimos que isto é a única coisa que poderia satisfazer à nossa premente necessidade — uma participação no dom pentecostal — a dádiva do Espírito Santo em poder como nunca vimos antes. Ninguém desanime nem fique desencorajado. Procuremos obedecer, amar e confiar com um coração perfeito. Naquilo que já pudemos obter, sejamos fiéis. Todavia, prossigamos firmes em direção à perfeição. Esperemos confiantemente que essa porção da Palavra de Deus também se torne nossa possessão: "Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós. Nisto conhecemos que permanecemos nele e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito."

Na senda do amor — amor no exercício prático que busca o perfeito amor — é que pode ser encontrada essa extraordinária bênção: Deus habitando em nós, e nós nEle. E é somente através do Espírito Santo que podemos saber que a possuímos. Deus habitando em nós e o Seu amor aperfeiçoado em nós: Deus é amor; quão certo é que Ele anela por habitar conosco! Deus é amor, e envia o Espírito de Seu Filho para tomar conta dos corações abertos para Ele. Sem a menor sombra de dúvida podemos ser aperfeiçoados em amor. Um coração perfeito pode estar certo de ser cheio de um perfeito amor. Que nada inferior a um perfeito amor seja o nosso alvo, para que tenhamos Deus habitando em nosso íntimo, com Seu amor aperfeiçoado em nós. E o saberemos pelo Espírito que nos tem sido concedido.


Retirado do livro "Sê Perfeito".

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