segunda-feira, 20 de junho de 2011

SÉRIE AMOR PERFEITO: AMANDO OS IRMÃOS


"Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos
nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais
viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus
permanece em nós, e o seu amor é em nós
aperfeiçoado" (I João 4:11,12).

Por Andrew Murray


A primeira indicação de uma alma em quem o amor de Deus tem sido aperfeiçoado é a observância de Sua Palavra. A vereda da obediência, da obediência amorosa, do coração perfeito, da obediência de uma vida inteiramente consagrada à vontade de Deus, é a senda que o Filho abriu até a presença do Pai. Esse é o único caminho que nos leva ao perfeito amor.

Os mandamentos de Cristo estão todos incluídos na palavra "amor," porquanto "o amor é o cumprimento da lei." "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros" (João 13:34). Essa é a palavra de Cristo: aquele que observa essa palavra, observa todos os mandamentos. O amor fraternal é a segunda indicação de uma alma que procura entrar na vida do perfeito amor.

Devido à própria natureza das coisas, é impossível que fosse de outra forma, pois o amor não busca os seus próprios interesses; o amor perde de vista a si mesmo, quando vive para os outros. O amor é a morte do egoísmo; enquanto permanecer o "ego", não pode haver pensamento de amor perfeito. O amor é o próprio ser e a glória de Deus; faz parte de Sua natureza e propriedade, como Deus, proporcionar de Sua própria vida a todas as Suas criaturas, comunicar Sua própria bondade e bemaventurança. O dom de Seu Filho é o dom de si mesmo para ser a vida e a alegria do homem. Quando esse amor de Deus penetra no coração, infunde a sua própria natureza — o desejo de dar-se até à própria morte por causa dos outros. Quando o coração se presta inteiramente para ser transformado segundo essa natureza e semelhança, então o amor toma posse; e ali o amor de Deus é aperfeiçoado.

Com freqüência é levantada a questão se é o amor de Deus por nós, ou é o nosso amor a Deus, que está em vista na expressão "perfeito amor." Mas a verdade é que essa expressão inclui ambas as idéias, por isso a implicação é maior ainda. O amor de Deus é Um, assim como Deus é Um só: Sua vida, Seu próprio Ser. Quando esse amor desce e vem habitar em nós, retém a sua natureza e continua sendo a vida e o amor divinos dentro de nós. O amor de Deus por nós, o nosso amor a Deus e a Cristo, o nosso amor aos irmãos e a todos os nossos semelhantes — todos esses são apenas aspectos de um mesmo amor. Da mesma forma que há só um Espírito Santo, em Deus e em nós, assim também só existe um amor divino, o amor do Espírito, que habita em Deus e em nós.

Conhecer isso é uma maravilhosa ajuda para a fé, pois essa verdade ensina-nos que amar a Deus, amar os irmãos ou mesmo os nossos inimigos, não é algo que possa ser obtido pelos nossos esforços pessoais. Só podemos realizar isso porque o amor divino está habitando em nós. Somente na medida em que nos entregamos ao amor divino como um poder vivo em nosso íntimo, como uma vida que foi gerada em nós, e na medida em que o Espírito Santo lhe dá energia para entrar em ação, é que esse amor se torna realidade. Nossa parte consiste, antes de mais nada, em descansar, em cessar todo esforço, em saber que Ele está em nós, e em dar caminho ao amor que habita e opera em nós, com um poder que vem do alto.

João se lembrava muito bem da noite em que Jesus proferiu as palavras tão maravilhosas sobre o amor, em Sua despedida! Na verdade quão impossível parecia, aos discípulos, amar conforme Ele tinha amado! Que sobrecarga enorme de orgulho, de inveja e de egoísmo tinha havido entre eles — tudo, menos um amor igual ao dEle! E como tudo isso aconteceu, naquela mesma noite, estando eles em torno da mesa da ceia! Eles nunca poderiam amar como o Mestre — algo impossível.

Que transformação foi operada, contudo, quando o Cristo ressurreto soprou sobre eles, e declarou: "Recebei o Espírito Santo!" E como essa transformação foi consumada quando o Espírito Santo desceu do céu, proveniente do admirável amor que fluía daquela ligação perfeita entre o Pai e o Filho, quando reuniramse novamente na glória. O Espírito então derramou em seus corações o amor de Deus! No amor havido no dia de Pentecoste, o perfeito amor celebrou o seu primeiro grande triunfo nos corações dos homens.

O amor de Deus continua reinando. O Espírito de Deus ainda aguarda para tomar posse de corações até então Lhe tem sido reservado pequeno espaço. Ele tinha estado com os discípulos o tempo todo, porém, eles não haviam compreendido a que espírito pertenciam. O Espírito descera, na noite em que o Cristo ressurreto soprou sobre eles. Todavia, foi no dia de Pentecoste que Ele os encheu de tal modo que o amor divino prevaleceu e extravasou, e assim foram aperfeiçoados em amor.

Que todo esforço que fazemos para amar, e que toda experiência que mostra a debilidade do nosso amor, nos conduza e nos atraia para perto de Jesus, assentado em Seu trono. NEle o amor de Deus é revelado, glorificado e feito acessível para nós. Portanto, creiamos que o amor de Deus pode descer como fogo, capaz de consumir e destruir o "eu", capaz de fazer com que o amor de uns para com os outros, o fervoroso e perfeito amor, seja a grande característica do discipulado cristão. Creiamos que esse amor de Deus, esse amor perfeito, pode ser derramado em nossos corações em proporções até então desconhecidas por nós, pelo Espírito Santo que nos é dado Nossas línguas e nossas vidas, nossos lares e nossas igrejas, provarão então, para os que vivem no pecado, que ainda existem filhos de Deus em quem o Seu amor tem sido aperfeiçoado.

Tal como no caso da vida cristã em sua inteireza, semelhantemente o amor tem seus dois estágios. Há um amor que busca, luta e faz o melhor que está ao seu alcance para obedecer, mas que sempre fracassa. E há o amor que encontra, repousa, regozija-se, e sempre triunfa. Isso tem lugar quando o "eu" e os seus fracos esforços são colocados na sepultura de Jesus, e então a Sua vida e amor o substituem. O nascimento ou começo do amor celeste e na alma, é então chegado. No poder da vida celeste, amar torna-se algo natural e fácil. Cristo habita no coração; só então é que ficamos arraigados e firmados em amor, e passamos a conhecer o amor que ultrapassa todo o entendimento.


Retirado do livro "Sê Perfeito".

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