sexta-feira, 17 de junho de 2011

DEFININDO A TENTAÇÃO



Por Marcos de Souza Borges


O pecado não é algo instantâneo, é sempre precedido pela tentação e pelo processo de reagirmos a ela. Ou seja, ser tentado não é pecado. E toda tentação pode ser vencida, por isto, todo pecado pode ser evitado. Não podemos de maneira alguma fazer da tentação um pretexto para o pecado.

"Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte." (Tg 14,15)

Este texto mostra a tentação, bem como nossa reação a ela como o processo de gravidez do pecado. Precisamos aprender a abortar o pecado nas nossas vidas, e isto depende inteiramente de como nos relacionamos com a tentação. Acredito que muitas pessoas pecam menos que imaginam, ou seja, é comum vermos alguém se condenando porque foi tentado sem ainda ter consumado o pecado.

Devemos ressaltar que a palavra "concupiscência" significa apenas um desejo forte, uma propensão ou inclinação acentuada. Poderíamos dizer que o processo da tentação se dá em quatro fases quase que simultâneas:

1. UMA CONCUPISCÊNCIA

Um simples desejo seja ele mal ou bom que entra nos nossos pensamentos. Existem dois pontos críticos neste sentido. Primeiro, se este desejo é qualificado como mau, ou seja, se ele quebra a lei do amor. Segundo, independente de ser mau, o domínio que ele exerce sobre nós. Um desejo lícito, porém desequilibrado é potencialmente nocivo.

Nem sempre somos responsáveis pelos pensamentos e desejos que chegam à nossa mente. Eles podem vir, tanto de fora, como também podem proceder do nosso próprio coração (Mc 7:21-23). Mas, com certeza, somos responsáveis pelo modo como reagimos a este pensamento.

2. ATRAÍDOS PELA CONCUPISCÊNCIA

Nos interessamos pela nova idEia e consideramos sua conveniência. A voz do egoísmo emite sua opinião que parece ser convincente. Nossa consciência também se manifesta, e assim, um certo conflito interno começa a se desenvolver.

3. SEDUZIDOS PELA CONCUPISCÊNCIA

O pensamento nos cativou e começa a assumir um controle sobre a nossa mente. Gostamos da idéia. Outros pensamentos e sentimentos começam a orbitar em torno da sugestão inicial que vai se fortalecendo. A voz da consciência sofre um abafamento. Nosso domínio próprio é colocado em cheque.

4. CATIVADOS PELA CONCUPISCÊNCIA

Casamos nossa vontade com aquele desejo inicial, nos subjugando a todas as suas sugestões. É só uma questão de tempo e o ato pecaminoso concebido interiormente vai se evidenciar.

Este processo pode dar-se todo na mente e tornar-se pecado sem exteriorizar-se. Se não resistirmos à tentação quando ainda se encontra no primeiro nível de um simples desejo ou pensamento, ela poderá seguir o seu curso resultando em pecado.

A tentação não está obrigatoriamente ligada a pecaminosidade. Tanto Adão quanto Jesus não possuíam pecado e ambos foram tentados: Adão cedeu à tentação, enquanto Jesus mostrou que podemos vencê-la.

A tentação pode vir tanto de dentro de nós, como de uma influência externa. Muitas vezes, atribuímos ao diabo tentações que brotam em nós mesmos, que na verdade são frutos dos nossos próprios desejos egoístas. No caso dos anjos que caíram, por exemplo, eles nunca haviam pecado antes e não tiveram nenhuma influência externa de tentação, e, no entanto, foram tentados.

É certo também que Satanás está constantemente analisando nossos pontos fracos e disparando seus dardos inflamados, tentando furtar nossa autoridade através do pecado.

O grande segredo de vencer a tentação está na velocidade com a qual reagimos a ela. Quanto mais demoramos em reagir maior se torna a possibilidade de consumar o pecado. Quanto menos tempo nos permitimos ficar exposto à tentação, mais facilmente a venceremos.

É indispensável desenvolvermos uma habilidade espiritual de resistir à tentação. Quanto mais resistimos à tentação mais imunidade adquirimos em relação àquela área. A mente é o campo de batalha, por isto precisamos bombardear os pensamentos de tentação com verdades vivas da Palavra de Deus como Jesus fez com o diabo.

Para isto acontecer na prática, é indispensável uma vida devocional diária. Um relacionamento responsável com Deus na Palavra e na oração redunda numa vida plena de discernimento espiritual e domínio próprio.


Retirado do livro "A Face Oculta do Amor" - o livro do discipulado dos meninos.


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