segunda-feira, 21 de março de 2011

ORAR COM PERSISTÊNCIA


Por J. Dwight Pentecost
Mateus 7:7-12

Ensinou o Senhor que a justiça se manifesta na oração. A oração é, por certo, a maior manifestação de fé do filho de Deus. Na oração falamos com um Deus que não podemos ver mas cremos existir. Somos um dentre multidões que oram, não obstante cremos que Deus seleciona nosso pedido e ouve-o especificamente. "Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Hebreus 11:6).

Quando o homem se aproxima de Deus em oração, deve fazê-lo com a firme convicção de que crê que Deus realmente vive. Seria loucura dirigir oração a Deus se ele se acha tão distante que não pode atuar nas vidas de suas criaturas. O homem deve crer que Deus galardoa aos que o buscam. Seria rematada tolice dirigir oração a Deus estando nós convencidos de que ele não pode ouvir.

Depois que os sacerdotes de Baal construíram o altar e puseram sobre ele o novilho, oraram ao seu deus pedindo fogo para consumir o sacrifício em demonstração de que ele era deus. "Invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém não havia uma voz que respondesse" (1 Reis 18:26). Por quê? Porque Baal não existia. Orar o dia inteiro a um deus inexistente não pode trazer e não trará resposta. É preciso que Deus exista para que a oração seja eficaz.

Então, "manquejando, se movimentavam ao redor do altar que tinham feito. Ao meio-dia Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é deus; pode ser que esteja meditando, ou atendendo a necessidades, ou de viagem, ou a dormir, e despertará" (vv. 26-27). O conceito deles era que seu deus não respondia porque estava demais ocupado com outras coisas. Para atrair-lhe a atenção, "clamavam em altas vozes, e se retalhavam com facas e com lancetas, segundo o seu costume, até derramarem sangue" (v. 28). Isto continuou desde a manhã até à noite. "Porém não houve voz, nem resposta, nem atenção alguma." A fé num deus inexistente não traz resposta. A fé num deus preocupado demais com seus próprios negócios, que não pode ser interrompido, não traz resposta. Um deus que não pode ouvir também não responde. O deus que se acha tão distante deste universo que não pode atuar nele, não dará respostas. Aquele que ora deve crer que Deus existe e pode responder à nossa oração como se fôssemos os únicos a existir na terra. Deus deve estar tão perto que seu socorro esteja disponível de imediato. A fé é fundamental à oração.

Há porém, uma evidência da fé. É claro que não posso ver a fé do meu irmão nem ele a minha; a fé prova-se por si mesma. A prova da fé é a persistência. Se tenho uma necessidade e conto-a a Deus uma vez, manifesto fé; porém a evidência de minha fé está em orar, tornar a orar, persistentemente, com paciente perseverança, até receber o que pedi; até que Deus torne sua resposta bem clara, muito embora possa ser negativa. A fé produz paciente perseverança.

O escritor da carta aos Hebreus deixou isto bem claro: "Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa" (10:35-36). A idéia contida na palavra "confiança" é paciente perseverança. O escritor condicionou a recepção da promessa à persistência. A esperança dos persistentes será realizada se a sua oração estiver na vontade de Deus. "Porque ainda dentro de pouco tempo aquele que vem virá, e não tardará; todavia, o meu justo viverá pela fé, e: Se retroceder [isto é, não exercer paciente perseverança], nele não se compraz a minha alma" (Hebreus 10:37-38). Esta passagem deixa claro que Deus vê a paciente perseverança como evidência da autenticidade da fé. Pedir uma vez pode ser evidência de fé, mas persistir no pedido quando não há resposta é evidência da autenticidade da fé.

A mesma idéia é ensinada em Hebreus 10:19-23: "Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, Isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé." Em que base nos aproximamos? Primeiro, o sangue de Cristo abriu-nos o caminho. Segundo, temos um sumo sacerdote que é nosso mediador, o Senhor Jesus Cristo; portanto, podemos aproximar-nos. Como, porém, devemos fazê-lo? "Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel." Guardemos firme a confissão da esperança. A frase "guardemos firme" traz em si a idéia de paciente perseverança. O sangue de Cristo abriu o caminho. Temos um Sumo Sacerdote que intercede por nós; portanto, perseveremos pacientemente na fé.

O Senhor acentuou esta grande realidade em Mateus 7:7-8. Literalmente, esses versículos dizem: "Continue pedindo, e lhe será dado; continue buscando, que achará; continue batendo, e se lhe abrirá. Pois todo o que continua pedindo, recebe; o que continua buscando, encontra; e a quem continua batendo, abrir-se-lhe-à." A pessoa que ora mesmo uma só vez, manifesta fé; mas a que persevera pacientemente em sua oração demonstra a Deus e aos homens a autenticidade de sua fé. Nosso Senhor disse que este tipo de oração persistente é demonstração de justiça. Tiago disse: "Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo" (Tiago 5:16). Na parábola registrada em Lucas 1 1:5-8, o Senhor mostrou o resultado da oração de um justo:

Disse-lhes ainda Jesus: Qual dentre vós, tendo um amigo e este for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e eu nada tenho que lhe oferecer. E o outro lhe responda lá de dentro, dizendo: Não me importunes: a porta já está fechada e os meus filhos comigo também já estão deitados. Não posso levantar-me para tos dar; digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos, por ser seu amigo, todavia o fará por causa da importunação, e lhe dará tudo o de que tiver necessidade.

Não sendo de início bem recebido, nem por isso o homem voltou para casa de mãos vazias. Persistiu até que o amigo lhe desse os pães, de modo que ele, por sua vez, pudesse dar-lhos ao amigo necessitado. Nosso Senhor não estava sugerindo que Deus não se dispunha a dar. Dizia que
Deus, muitas vezes, prova a fé para ver se ela é autêntica e persistirá com paciência.

Toda demora na resposta à oração é um teste da justiça do homem. Desistirá ele? Ficará desanimado? Ou persistirá em oração? A oração que cessa antes de satisfeita a necessidade não é oração feita com fé. A evidência da fé verdadeira é que ela persiste.

Por que Deus responde à oração de um justo, à oração de alguém que demonstrou, pela persistência, que sua fé é genuína? Jesus disse que é da natureza do pai atender às necessidades dos filhos (Mateus 7:9-11). Paulo ensinou: "Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente" (1 Timóteo 5:8). É responsabilidade do pai, bem como expressão da natureza do verdadeiro pai, satisfazer às necessidades dos filhos. Deus é nosso Pai. Pela fé em Jesus Cristo somos seus filhos, e ele atenderá às nossas necessidades: "Qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra?" (Mateus 7:9-10). Pão e peixe eram os dois ingredientes básicos da alimentação dos galileus. Assim, o filho é retratado como pedindo ao pai o sustento das necessidades simples da vida. Quando ele pede ao pai, este não ignorará o pedido nem o enganará. Se o pai pecador atende ao pedido do filho no que tange às suas necessidades de cada dia, não satisfará nosso Pai celestial às nossas necessidades? "Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas coisas aos que lhe pedirem?" (v. 11).

Poucos têm dificuldade em voltar-se para Deus em oração na hora das grandes emergências da vida. Se o médico disser que você precisa de uma operação; não lhe será difícil orar. Acontece um revés financeiro repentino, e não é difícil orar. É preciso tomar uma importante decisão que afeta o curso de seus negócios; nessa hora não é difícil orar.

Reconhecemos que precisamos da oração dos irmãos, e solicitamos aos crentes piedosos que orem por nós. Mas o Senhor disse que invocar a Deus ou unir-se aos santos em oração nas emergências da vida não é prova de que o homem é justo.

A prova da justiça é o homem invocar a Deus nas pequenas coisas. O filho, no exemplo citado pelo Senhor, pediu ao pai uma refeição ao meio-dia. O filho de Deus pode transformar sua vida fazendo Jesus Cristo um sócio nas pequenas coisas do dia. Ore a respeito das coisas monótonas, das coisas rotineiras, e faça de Jesus um parceiro. Quando você vai para o escritório e faz o que tem feito um milhar de vezes, pode escapar ao enfado fazendo de Jesus Cristo um sócio. Isto transformará as coisas corriqueiras da vida em algo que satisfaz.

Quando nosso Senhor disse: "Continue pedindo", ele falava não só das crises da vida, mas também das coisas pequenas. Paulo tinha esta mesma idéia ao escrever: "Orai sem cessar" (1 Tessalonicenses 5:17). Orar sem cessar significa orar a respeito de tudo. Não importa o que você está fazendo, leve-o ao Senhor em oração. Quando oramos, intercedemos a favor da crise. Como se ora pouco a respeito dos problemas comuns! Você deseja ser justo? Deseja realizar e demonstrar a justiça aceitável a Deus? Então ouça o que o Senhor disse: "Continue orando." Faça de Cristo um sócio em todos os pormenores da vida.


Retirado do livro "O Sermão da Montanha"

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