terça-feira, 30 de agosto de 2011

SÉRIE: A IRRACIONALIDADE DA PREOCUPAÇÃO - PARTE 1

Por J. Dwight Pentecost

  • Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
  • Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
  • E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
  • E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;
  • E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
  • Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
  • Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
  • (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
  • Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
  • Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Mateus 6:25-34


E fácil ao homem fazer das coisas materiais um deus, mas ao devotar-se a esse deus, ele se vê escravizado ao mais tirânico senhor. Nesta parte do Sermão da Montanha o Senhor trata da preocupação com coisas materiais. A marca da pessoa justa é sua preocupação com Deus. Quando o indivíduo deixa de lado o Deus de Justiça e aceita o deus dos bens materiais, logo ele se conforma aos padroes materialistas. Torna-se ganancioso, avarento e totalmente preocupado com as posses materiais. Se a pessoa se preocupa com tais coisas e elas se tornam o alvo de sua vida, logo estara ansiosa acerca de suas necessidades fisicas. Preocupa-se com o que ira comer, beber, vestir, e onde morar. Este cuidado ansioso provem da falta de confiança em Deus. Quando a pessoa deixa de confiar que Deus pode satisfazer suas necessidades, se escraviza nas coisas materiais. Nosso Senhor ensinou aos que estavam interessados na justica, que nao se pode ao mesmo tempo servir a Deus e as riquezas.

A pessoa que serve a Deus confia nele; e confia nao apenas quanto a eternidade, mas também quanto a hora que passa. Confia em Deus no que tange a alma e também ao corpo. Tal indivíduo pode entregar-se a muitas coisas. Pode dar-se a gratificação do desejo físico, mas a medida que envelhece, aquilo a que ele serviu como deus pode afrouxar a garra sobre ele e ele pode livrar-se de seu domínio. O indivíduo pode entregar-se a busca do prazer, mas quanto mais envelhece, tanto menos o prazer o seduz. Acha que pode escapar do controle do deus do prazer ao qual serviu. Se, porém, o indivíduo se dá às coisas materiais como seu deus, ele descobre que quanto mais velho fica, tanto mais aperta a garra desse deus sobre ele. Ele se torna mais escravizado. Portanto, nosso Senhor disse: "Por isso vos digo: Nao andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo quanto ao que haveis de vestir. Nao e a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes?" (Mateus 6:25).

O Senhor reconhecia que a pessoa, em sua cobiça, pode devotar a vida inteiramente a prover alimento, abrigo e roupa, as quais se tornam o centro de sua vida. Considerando que não podemos servir a Deus e aos bens materiais ao mesmo tempo, nosso Senhor ordena: "Nao se preocupem com essas coisas." Nao permitamos que a ansiedade pelos bens materiais se aninhe em nossos corações.

Paulo tem uma palavra tranquilizadora: "Meu Deus suprira cada uma de vossas necessidades" (Filipenses 4:19). O corpo não pode existir por muito tempo sem alimento ou bebida. Ele precisa de abrigo e vestes, e essas coisas preocupam o injusto. Deus suprira tudo de que o corpo necessita. Esse conceito estava na mente do Senhor quando nos proibiu de preocupar-nos com as coisas materiais. Observe que ele deu aqui um mandamento da parte de Deus como o foram os de Moisés. Embora cuidemos de não violar um sequer dos mandamentos de Moisés, parece que nao hesitamos em violar o mandamento do Senhor Jesus, que disse: "Não se preocupem com as coisas materiais." Preocupamo-nos com elas e a elas nos escravizamos.

Para prevenir essa escravização a ansiedade pelos bens materiais, nosso Senhor deu, em Mateus 6:25-34, os motivos pelos quais nao devemos permitir que as coisas materiais sejam para nos uma obsessão.

Em primeiro lugar, nosso Senhor perguntou: "Não e a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes?" (v. 25). Sua pergunta, em outras palavras, foi: "O homem é apenas corpo, ou é mais do que isso?" Se o homem fosse apenas corpo, a principal coisa da vida seria cuidar desse corpo. As coisas mais importantes da vida seriam o alimento, o vestuário, e o abrigo. Se, porém, o homem é mais do que corpo, entao a vida é mais do que comida e bebida.

Voltando ao relato da criação (Genesis 1), verificamos que, depois de Deus haver criado o corpo, assoprou nele uma alma vivente, e o homem viveu. O homem não tinha vida quando o seu corpo foi criado do pó da terra; ele só viveu quando Deus soprou nele a vida e o fez alma vivente. O que nosso Senhor disse é que a vida e muito mais do que aquilo que comemos ou bebemos. Visto que a vida é muito mais do que o corpo fisico e o acumulo de bens materiais, por que não abandonamos o cuidado ansioso? E preferível confiar.

Não tivemos nada que ver com a criação. Foi obra de Deus. Não tivemos nada que ver com o sopro de vida num vaso de barro. Foi obra de Deus. Não tivemos nada que ver com a nova vida em Cristo, recebida dele como dádiva, isso é obra de Deus. Aquele que nos criou e nos fez novas criaturas em Cristo não abandonara seu interesse em nós nem seu cuidado por nós; portanto, nosso Senhor podia dizer: "Nao andeis ansiosos pela vossa vida."


Retirado do livro "O Sermão da Montanha".

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