quinta-feira, 8 de setembro de 2011

SÉRIE: A IRRACIONALIDADE DA PREOCUPAÇÃO - PARTE 2


Por J. Dwight Pentecost


Em segundo lugar o Senhor apontou para as aves do céu. "Observai as aves do céu; não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo vosso Pai celeste as sustenta. Porventura não vaieis vós muito mais do que ás aves?" (Mateus 6:26). Ele chamou a atenção para o cuidado que Deus dispensa àquilo que criou. Quando Deus criou, ele assumiu a responsabilidade de prover o sustento de suas criaturas. Podemos confiar em que ele é fiel à sua obrigação.

Nossa ansiedade (v. 27) com relação às necessidades materiais não pode alongar nossos dias, porque Deus determinou o quinhão de nosso tempo.

O homem pode começar com previsão prudente a prover para o futuro, e a Palavra de Deus certamente não o proíbe. Muitos, porém, logo se excedem na previsão prudente, e fazem do dinheiro um fim em si mesmo, um deus a quem passam a servir. O Senhor não era contrário à provisão prudente para os dias futuros, mas proibiu-nos confiar naquilo que acumulamos como se esses bens pudessem alongar ou distribuir a duração de nossa vida. O homem pode abreviar seus dias pela preocupação, mas certamente não pode aumentá-los.

Em terceiro lugar, nosso Senhor demonstrou o cuidado de Deus revelado na natureza. "E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?" (vv. 28-30).

A flor do campo desabrocha exibindo sua beleza durante umas poucas horas, e desaparece. A flor é passageira, entretanto Deus prove para ela na criação. Se Deus prove para o que é passageiro, não provera para o que é eterno? Deus lhe deu vida e promete sustentá-lo enquanto você viver. Quando Deus trouxe você ao seio da família de Cristo como nova criatura, ele deu-lhe vida eterna. Deus se obrigou a sustentá-lo na vida eterna. Se Deus não abandona o lírio do campo que vive umas poucas horas, abandonará ele os que desejam habitar com ele para sempre?

Em quarto lugar, o Senhor mostrou que a ansiedade não convém ao filho de Deus. "Porque os gentios é que procuram todas estas coisas" (v. 32). O amor das coisas materiais é característica dos pagãos. A pessoa sem Deus deseja acumular porque as posses são a sua única segurança. Ela não tem nenhum deus a prover para si, nenhum deus em quem possa confiar. Portanto, o pagão sábio deve acumular tudo o que puder. O Senhor disse que quando a pessoa faz da busca dos bens materiais o alvo de sua vida e neles encontra segurança, se coloca no mesmo nível do pagão sem Deus. Mas aquilo que pode ser bom para o pagão, não serve para o filho de Deus.

Assim, "buscai, pois, em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (v. 33). O que o Senhor disse é que o centro da vida para o filho de Deus, jamais devem ser as coisas materiais. O centro não são as coisas, mas uma Pessoa. "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça." "Para em todas as coisas ter [Jesus Cristo] a primazia" (Colossenses 1:18). Quando o filho de Deus faz da busca das coisas materiais o alvo de sua vida, ao ponto de ser por elas escravizado, sua vida está fora de centro. O que chegou a ter primazia em sua vida não a tem na mente de Deus. O filho de Deus deve fixar como alvo de sua vida buscar a justiça de Deus e não os bens materiais.

Finalmente o Senhor ressaltou que a preocupação com o futuro e com os bens materiais é inútil porque Deus nos dá um dia por vez. "Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã" (v. 34). Ele não nos proibiu fazer planos, mas disse que não temos necessidade hoje do alimento de amanhã. Portanto, não necessitamos de reserva suficiente hoje para comprar o alimento de amanhã, e pagar o aluguel de amanhã e as obrigações do próximo mês, porque Deus nos concede um dia por vez. "O amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal." Os homens medem as riquezas segundo o que temos hoje para muitos dias à frente. Essa perspectiva não é bíblica. A vida da fé não é confiar em que Deus nos dê hoje o de que iremos necessitar para o resto da vida. A vida da fé confia em que Deus nos dá hoje o de que precisamos hoje. Se temos tudo o de que precisamos hoje, somos ricos.

Ora, quando nosso Senhor apresentou esses motivos por que não devemos andar ansiosos pelas coisas materiais, mas buscar o reino de Deus e a sua justiça, ele chegou a uma conclusão: "Portanto [uma vez que esses motivos são verdadeiros], não vos inquieteis [não deis lugar à ansiedade], dizendo: Que comeremos? Que beberemos? ou: Com que nos vestiremos?... pois vosso Pai celestial sabe que necessitais de todas elas" (vv. 31-32). Você é filho dele, e ele assume a obrigação de cuidar não só de sua alma mas também de seu corpo. Ele lhe pede que confie, em vez de preocupar-se. O antídoto de Deus para a preocupação, ansiedade, amor às coisas materiais, é muito simples ― confiar num Deus fiel. Deus ainda não falhou com seus filhos. Portanto, não se escravize aos bens materiais de tal maneira que o amor a eles produza ansiedade em sua vida. Antes, confie em que o Pai amoroso cumprirá o que prometeu. "Meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades" (Filipenses 4:19).

Não podemos servir ao senhor errado e experimentar a paz de Deus em nossa vida. Quando buscarmos a justiça de Cristo e confiarmos em que ele realize a sua perfeita vontade em nós, então estaremos livres da escravidão às coisas e livres de preocupar-nos com elas. Dê-nos Deus tal confiança nele que não andemos ansiosos.


Retirado do livro "O Sermão da Montanha".

Nenhum comentário:

Postar um comentário