segunda-feira, 22 de agosto de 2011

SÉRIE: PERDOA-NOS AS NOSSAS DÍVIDAS - PARTE 2


Por Paul Yonggi Cho

Como Nós Temos Perdoado aos Nossos Devedores

Há uma condição a cumprir se desejamos desfrutar o perdão divino. Ele nos dá a graça do perdão continuamente quando perdoamos a outras pessoas. Se abrigamos ódio em nosso coração e nos recusamos a perdoar a quem nos ofendeu, o perdão que já recebemos não será atingido. Mas a partir desse instante, o perdão de que necessitamos por faltas posteriores será cancelado ."Jesus narrou a parábola de dois devedores. Um devia ao rei 10.000 talentos e o outro devia ao primeiro devedor uma quantia insignificante, cem denários. O rei perdoou a dívida do homem que lhe devia a grande soma. Porém esse homem não teve misericórdia do outro que lhe devia uma pequena quantia. Ao descobrir o rei o que havia acontecido, ficou furioso e castigou o homem mau. Aqui nos ensina Jesus a lição de que devemos perdoar as faltas e os erros de outras pessoas da maneira pela qual fomos perdoados. Disse ele: "Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão" (Mateus 18:35).

Há uma relação direta entre o modo pelo qual perdoamos aos nossos inimigos e o modo pelo qual seremos perdoados. Quando Caim matou seu irmão Abel, o Senhor perguntou: Onde está Abel, teu irmão?" Que foi que Caim respondeu? Acaso sou eu tutor de meu irmão?" (Gênesis 4:9). Mas nós como tutores ou guardadores de nossos irmãos. Deus criou os seres humanos como seres sociais. O livro do Gênesis diz: "Não! é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea... Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (2:18, 24). Desde a criação da mulher, o homem tem vivido com outros seres humanos. Estamos destinados a viver juntos como casais, como pais e filhos, entre os vizinhos. Enquanto alguém vive em comunidade, não pode fazer a pergunta irresponsável: "Acaso sou eu tutor de meu irmão?" Por este motivo Jesus nos ensinou! a orar: "Pai nosso. . ." em vez de "meu Pai". Quando as pessoas vivem juntas, inevitavelmente o pecado entra em seus relacionamentos. Todo o mundo tem personalidade e traços de caráter negativos: ego, orgulho, ciúme, ambição. Onde quer que as pessoas se reúnam, as diferenças de caráter e de personalidade tornam-se evidentes e causam tensão e dor. À medida que o tempo passa, o remorso pelo passado se torna ódio no presente, e foi dessa maneira que este mundo se encheu de inveja, ciúme, calamidade e assassínio. "Mas os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo. Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz" (Isaías 5720, 21).

Como podemos viver em paz e harmonia com outras pessoas, esquecer os antigos rancores e aceitar a cura de Deus? Com o progresso de conhecimento, temos inventado todos os tipos de comodidades. Há, porém, um campo que não tem, absolutamente, visto nenhum progresso. A despeito de nosso destino comunitário, o homem parece decidido a fabricar armas que firam e matem os outros.

Não há ninguém que possa resolver este problema de inimizade e ódio senão Jesus Cristo. Ele nos perdoou e insiste em que oremos: "Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós temos perdoado aos nossos devedores." É interessante que imediatamente depois de haver terminado esta oração ensinada aos discípulos, Jesus volte ao assunto do perdão. Mateus 6:14, prossegue, dizendo: "Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas."

Certo dia João Wesley encontrou-se na rua com um de seus amigos. Fazia algum tempo que não se encontravam, e Wesley disse: "Ouvi dizer que você e o Sr. Fulano de Tal se tomaram inimigos. Você já chegou a um acordo com ele?" - Não, não cheguei — respondeu o homem. — Por que deveria eu fazê-lo? Ele é que deve levar a culpa. Nunca lhe perdoarei, porque fui eu quem saiu ferido. Olhando direto para o rosto do homem, Wesley disse: - Então você nunca deve mais cometer pecados. Não creio que você possa dizer que nunca pecou. Você tem pecado até aqui porque alguém perdoou as suas faltas. Mas se diz que não deseja perdoar a alguém que o ofendeu, de agora em diante não espere ser perdoado por ninguém mais também.

Diante disto, o homem curvou a cabeça e se arrependeu amargamente de suas faltas. Se não desejamos perdoar as faltas do próximo, não deveríamos pecar. O marido que não deseja perdoar as faltas da esposa não deveria também cometer faltas. A esposa que não deseja perdoar as faltas do marido não deveria igualmente cometer faltas. Se não se perdoam mutuamente, suas próprias faltas não podem ser perdoadas. Todas as pessoas se curam mutuamente perdoando umas às outras. Ninguém é tão justo que não necessite de perdão. As afetuosas mãos estendidas do perdão começam a curar as feridas quase imediatamente. Jamais deveríamos esquecer que devemos nossa justiça ao perdão divino. Nossas dívidas são pagas quando perdoamos aos outros as suas dívidas. Recebemos o perdão divino quando perdoamos as ofensas dos outros contra nós.

Visto que Deus nos perdoou, devemos aos outros a dívida do perdão. O apóstolo Paulo disse: "Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes" (Romanos 1:14). Se um homem como o apóstolo Paulo era devedor, então as pessoas comuns como você e eu somos devedores muito maiores. Tanto quanto sou perdoado, devo também perdoar aos outros dia a dia. Devemos fazer o melhor para pagar a dívida O perdão em nossa existência.

O Custo do Perdão

O Perdão traz belos resultados. Onde há perdão, há céu — Pois o Deus do perdão ali está por intermédio do Espírito Santo. É fácil perdoar por pura força de vontade? Os que sinceramente perdoaram as faltas e os erros alheios certamente responderiam com um não. Como é que se perdoa? O perdão sempre demanda um preço — sofrimento — uma cruz. Jamais creia que o perdão de Deus a você e a mim nadai custou para ele. Custou-lhe o sofrimento sacrificial de seu único Filho. Embora fôssemos nós os pecadores, Jesus teve de levar sobre si os nossos pecados.

O perdoador — e não o perdoado— pagou o preço. De igual modo, se devemos perdoar aos outros, esse perdão nos custará sofrimento e cruz. Por quê? Não nos é possível perdoar aos outros enquanto ainda estamos insistindo em nossas opiniões, direitos, intolerância. Quando crucificamos o próprio orgulho, ira e pensamentos, estamos em condições de perdoar plenamente, tanto com o coração quanto com a boca. A fim de perdoarmos aos outros, devemos primeiro morrer para o eu. Até que isso aconteça, ódio, orgulho, maus sentimentos e ressentimentos surgirão de contínuo, bloqueando nossa capacidade de perdoar. Somos libertos do egocentrismo quando perdoamos. E somos libertos de teimosia, arrogância, e auto-afirmação. Entramos na verdadeira liberdade divina.

Corrie ten Boom, famosa reavivalista holandesa, passou os últimos anos de sua vida nos Estados Unidos. Durante a Segunda Guerra Mundial ela e sua família foram presas e transportadas para campos de concentração nazistas sob a acusação de ocultarem judeus em seu lar. Seu pai e sua irmã morreram nos campos, e Corrie voltou sozinha à sua casa. Terminada a guerra, enquanto ela estava pregando, ouviu o Espírito Santo dizer: "O povo alemão está sofrendo as profundas cicatrizes do caminho. Vá pregar-lhe o evangelho."

Ouvindo isso, Corrie foi à Alemanha para pregar. Depois de um sermão especial sobre o perdão, muitos choravam à medida que confessavam os pecados. Muitos aguardavam para apertar--lhe as mãos quando ela descia da plataforma. Enquanto ela a todos cumprimentava alegremente, um por um, apareceu um homem na fila, com a mão estendida. Tão logo ela o viu, sentiu como se seu coração parasse. Ele havia sido guarda em Ravensbruck, o campo de concentração onde Corrie e a irmã estiveram encarceradas. Os prisioneiros, quando levados para o campo, tinham de passar nus diante dele, e com freqüência ele cortava o suprimento de comida.

Lembranças dolorosas daqueles terríveis anos desdobraram como um panorama perante Corrie. O homem não a reconheceu como ex-prisioneira, mas ela sabia que jamais esqueceria o rosto dele, ainda que em sonho. Ele disse a ela que, desde quando servia como guarda em Ravensbruck, havia-se tomado cristão. "Sei que Deus me perdoou as coisas cruéis que pratiquei lá, mas gostaria de ouvi-lo de seus lábios também. A senhora me perdoa?" A imagem do cadáver de sua irmã passou-lhe diante dos olhos; a lembrança amarga de seu próprio sofrimento foi revivida. Embora isso levasse apenas uns poucos segundos, parecia-lhe que esteve ali durante anos. Finalmente ela orou: "Senhor, não posso perdoar a este homem. Ajuda-me!"

Ela decidiu que poderia, ao menos, levantar a mão. Enquanto o fazia, a vida de ressurreição de Jesus fluiu para dentro do coração de Corrie e ela perdoou ao ex-guarda. Todos os sentimentos de amargura desapareceram, substituídos pela alegria mediante o poder do Senhor. Mais tarde ela dizia que se sentia como se tivesse rejuvenescido uma década. Durante anos depois desse incidente Corrie viajou por todo o mundo pregando o amor e o perdão de Cristo.

O perdoador sempre tem uma responsabilidade: lançar-se diante da cruz, crucificar a centralidade era si próprio, o orgulho e as auto-afirmativas. Quando a pessoa faz isto, Deus derrama abundantemente a vida de ressurreição de Jesus, sua cura. Os relacionamentos revivem — entre pais e filhos, entre amigos — transformando a velha vida em vida nova. Quando nossas velhas feridas são curadas e somos libertos do ódio, podemos usufruir verdadeira felicidade e alegria.

Grande é o número dos que sofrem desnecessariamente enfermidades físicas causadas por inimizade e ódio. O rancor quebra os relacionamentos da família. Quantos pais estão alienados e seus filhos, e quantas amizades se esfriaram por causa desses sentimentos? O perdão é o nosso único elemento de cura. Orar de acordo com o ensino de Jesus: "Perdoa-nos as nossas dividas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores é o segredo que nos conduzirá à felicidade. A real liberdade acompanha esse tipo de oração e perdão.

O Senhor ensinou que devemos perdoar e reconciliar-nos antes de oferecermos sacrifícios. Mateus 5.23, 24 diz: "Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta." Deus responde à oração daquele que perdoa e se reconcilia. Se temos rancores e ódio no coração, o Pai não pode ouvir nossas orações, por mais fervorosas que sejam. Conforme disse o Senhor, devemos desejar que o perdão de Deus transborde em nós por perdoarmos aos que pecaram contra nós.

"Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores." Quando orarmos este versículo da oração do Senhor dia e noite, nosso espírito, alma e corpo e viver diário serão curados. Então com fé, esperança e amor fluindo abundantemente entre nós, estaremos sempre em condições de marchar avante para um amanhã melhor, mesmo que ainda tenhamos tendências ou deficiências pecaminosas, mesmo que tenhamos choques de personalidade ou diferenças de opiniões.

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