terça-feira, 4 de outubro de 2011

SÉRIE FOME POR DEUS - A ORAÇÃO - PARTE 2


Por Hernandes Dias Lopes

Todos os pregadores usados por Deus foram homens de oração: Moisés, Samuel, Elias, os apóstolos e, acima de tudo, Jesus, nosso supremo exemplo. O evangelista Lucas escreveu seu evangelho para os gentios mostrando Jesus como o homem perfeito. Lucas, mais que qualquer outro evangelista, registrou a intensa vida de oração de Jesus. No rio Jordão Jesus orou e o céu se abriu. O Pai confirmou o seu ministério e o Espírito Santo desceu sobre Ele (Lc 3.21-22). Cheio do Espírito Santo, Jesus retornou do Jordão e foi conduzido ao deserto, onde por quarenta dias jejuou e orou, triunfando sobre as tentações do diabo (Lc 4.1-13).

Para Jesus a oração era mais importante do que o sucesso no ministério. Quando a multidão veio ouvi-lo pregar, foi para um lugar tranqüilo e solitário para orar (Lc 5.15-17). “Diferentemente de alguns pregadores de hoje, Jesus maravilhosamente entendeu que a oração deveria ocupar um lugar prioritário em seu ministério e em sua agenda”. Jesus escolheu os seus discípulos depois de uma noite inteira de oração (Lc 6.12-16). Foi preparado para enfrentar a cruz através da oração (Lc 9.28-31). Jesus orou no jardim do Getsêmani, derramando seu próprio sangue para realizar a vontade de Deus (Lc 22.39-46). Orou também sobre a cruz, abrindo a porta do céu para o penitente e arrependido malfeitor crucificado ao seu lado direito (Lc 23.34-43). Jesus está orando em favor do seu povo junto ao trono de Deus e irá interceder por ele até a sua segunda vinda (Rm 8.34; Hb 7.25). A vida de Jesus é o supremo exemplo que temos sobre oração.

O mesmo Espírito de oração que estava sobre Jesus foi derramado sobre os discípulos na festa do Pentecoste. Então, eles passaram a orar continuamente. James Rosscup comenta:

“A oração foi um dos quatro princípios básicos dos cristãos (At 2.42)... Os crentes oraram de forma regular e sistemática (At 3.1; 10.9) bem como nos momentos de urgência. Pedro e João foram modelos de oração. Eles foram o canal que Deus usou para a cura do homem paralítico (At 3.7-10). Mais tarde, oraram com outros irmãos para que Deus lhes desse poder para testemunhar com ousadia (At 4.29-31); uma oração que Deus respondeu capacitando-os a enfrentar com galhardia seus inimigos. Eles foram revestidos de poder, tornaram-se profundamente unidos e se dispuseram a dar suas próprias vidas pelo evangelho. Mais tarde, os apóstolos revelaram a grande prioridade de suas vidas, quando decidiram: ‘quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da Palavra’”.

Os maiores e mais conhecidos pregadores da história foram homens de oração. João Crisóstomo, Agostinho, Martinho Lutero, João Calvino, João Knox, Richard baxter, Jonathan Edwards e muitos outros. Charles Simeon, uma reavivalista inglês, devotava quatro horas por dia a Deus em oração. John Wesley gastava duas horas por dia em oração. John Fletcher, um clérigo e escritor inglês, marcava as paredes do seu quarto com o hálito das suas orações. Algumas vezes, ele passava a noite toda em oração. Lutero dizia: “se eu fracassar em investir duas horas em oração cada manhã, o diabo terá vitória durante o dia”. David Brainerd dizia: “Eu amo estar só em minha cabana, onde posso gastar muito tempo em oração”.

John Wesley fala-nos em seu jornal sobre o poder da oração comentando sobre o dia solene de oração e jejum a que o rei da Inglaterra convocou a nação em razão da ameaça de invasão da França:

“O dia de jejum foi um dia glorioso, tal como Londres raramente tinha visto desde a restauração. Todas as igrejas da cidade estavam superlotadas. Havia um senso de profunda reverência em cada rosto. Certamente Deus ouviu as orações e deu-nos vitória e segurança contra os inimigos”.

Uma nota de rodapé foi acrescentada mais tarde, “o quebrantamento e humildade do povo diante de Deus tranformou-se em um regozijo nacional, visto que a ameaça da invasão pela França foi afastada”.

Charles Finney dedicou-se a vigílias especiais de oração e jejum. Pregando depois de muita oração, viu Deus trazendo grandes bênçãos para o seu ministério. Ele estava profundamente convencido sobre a importância da oração.

“Sem oração você será tão fraco quanto a própria fraqueza. Se perder o seu espírito de oração, você não poderá fazer nada ou quase nada, embora tenha o dom intelectual de um anjo”.

Charles Spurgeon diz que ninguém está mais preparado para pregar aos homens do que aqueles que lutam com Deus em favor dos homens. Se não prevalecermos com os homens em nome de Deus, devemos prevalecer com Deus em favor dos homens.

Spurgeon via as reuniões de oração das segundas-feiras no Tabernáculo Metropolitano de Londres como o termômetro da igreja. Por vários anos uma grande parte do principal auditório e primeira galeria estavam completamente cheios nas reuniões de oração. Na concepção de Spurgeon, a reunião de oração era “a mais importante reunião da semana”. Ele atribuiu o sinal da benção de Deus sobre o seu ministério em Londres á fidelidade do seu povo orando por ele.

Dwight L. Moody, fundador do Instituto Bíblico Moody, normalmente via Deus agindo com grande poder quando outras pessoas oravam pelas suas reuniões na América e além mar. A. R. Torrey pregou em muitos países e viu grandes manifestações do poder de Deus. Ele disse: “ore por grandes coisas, espere grandes coisas, trabalhe por grandes coisas, mas acima de tudo ore”. A oração é a chave que abre todos os tesouros da infinita graça e poder de Deus.

Robert Murray McCheyne, grande pregador escocês, exortava sempre o seu povo a voltar-se para a Bíblia e para a oração. Como resultado, mais de trinta reuniões de oração aconteciam semanalmente na igreja de Dundee, Escócia, cinco das quais eram reuniões de oração das crianças.

No ano de 1997, juntamente com oitenta pastores brasileiros, visitei a Coréia do Sul, para fazer uma pesquisa sobre o crescimento da igreja. Visitamos onze grandes igrejas em Seul – igrejas locais entre dez mil e setecentos mil membros. Em todas essas igrejas testificamos que a principal causa do crescimento foi a intensa vida de oração. Nenhuma igreja evangélica pode ser organizada lá sem que antes tenha uma reunião diária de oração de madrugada. O seminarista que faltar a duas reuniões de oração de madrugada durante o ano, não sendo por motivo justificado, não serve para ser pastor. Quando perguntei a um pastor presbiteriano por que eles oravam de madrugada, ele me respondeu que em todos os lugares do mundo as pessoas levantavam-se de madrugada para ganhar dinheiro e cuidar dos seus interesses. Eles levantam-se de madrugada para orar porque Deus é prioridade na vida deles. Visitamos a Igreja Presbiteriana Myong Song, a maior igreja presbiteriana de Seul com mais de cinqüenta e cinco mil membros. Aquela igreja tem quatro reuniões diárias de oração pela manhã. Em todas elas o templo fica repleto de pessoas sedentas de Deus. A sensação que tivemos numa dessas reuniões foi de que o céu havia descido à terra.

John Piper comenta sobre a igreja coreana:

“Nos últimos anos do século vinte, jejum e oração têm quase se tornado sinônimo das igrejas da Coréia do Sul. E há uma boa razão para isto. A primeira igreja protestante foi plantada na Coréia em 1884. Cem anos depois havia trinta mil igrejas na Coréia. Uma média de trezentas novas igrejas foram plantadas a cada ano nestes cem anos. No final do século vinte, os evangélicos já representam cerca de trinta por cento da população. Deus tem usado muitos meios para realizar essa grande obra. Entrementes, os meios mais usados por Deus têm sido a oração e o jejum”. Thom Rainer fez uma pesquisa entre quinhentas e setenta e seis igrejas batistas dos Estados Unidos e concluiu que a oração é apontada como o fator mais importante depois da pregação para o crescimento da igreja. “Próximo de setenta por cento das igrejas colocaram a oração como um dos principais fatores para o seu êxito evangelístico. Exceto as igrejas entre 700 e 999 membros, pelo menos sessenta por cento das igrejas de todos os tamanhos identificaram a oração como o principal fator de crescimento da igreja”.

Continua...

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