terça-feira, 27 de setembro de 2011

SÉRIE: FOME POR DEUS - A ORAÇÃO - PARTE 1


Por Hernandes Dias Lopes

Oração

A oração precisa ser prioridade tanto na vida do pregador como na agenda da igreja. A profundidade de um ministério é medida não pelo sucesso diante dos homens, mas pela intimidade com Deus. A grandeza de uma igreja é medida não pela beleza de seu edifício ou pela pujança de seu orçamento, mas pelo seu poder espiritual através da oração. No século dezenove Charles Haddon Spurgeon disse que em muitas igrejas a reunião de oração era apenas o esqueleto de uma reunião, onde as pessoas não mais compareciam. Ele concluiu que “se uma igreja não ora, ela está morta”.

Infelizmente, muitos pregadores e igrejas têm abandonado o alto privilégio de uma vida abundante de oração. Hoje nós gastamos mais tempo com reuniões de planejamento do que com oração. Dependemos mais dos recursos dos homens que dos de Deus. Confiamos mais no preparo humano, que na capacitação divina. Consequentemente, temos visto muitos pregadores eruditos no púlpito, mas temos ouvido uma imensidão de mensagens fracas. Muitos pregadores têm pregado sermões eruditos, porém sem o poder do Espírito Santo. Eles têm luz em suas mentes, contudo não têm fogo no coração. Tem erudição, mas não têm poder. Têm fome de livros, mas não têm Deus. Eles amam o conhecimento, mas não buscam intimidade com Deus. Pregam para a mente, e não para o coração. Eles têm uma boa performance diante dos homens, mas não diante de Deus. Gastam muito tempo preparando seus sermões, mas não preparando seus corações. Sua confiança está firmada na sabedoria humana e não no poder de Deus.

Homens secos pregam sermões secos e sermões secos não produzem vida. Como escreve E. M. Bounds, “homens mortos pregam sermões mortos, e sermões mortos matam”. Sem oração não existe pregação poderosa. Charles Spurgeon diz que “todas as nossas bibliotecas e estudos são um mero vazio comparado com a nossa sala de oração. Crescemos, lutamos e prevalecemos na oração ‘em secreto’.” Arturo Azurdia cita Edward payson, afirmando que “é no lugar secreto de oração que a batalha é perdida ou ganha”. A oração tem uma importância transcendente, porque ela é o mais poderoso instrumento para promover a Palavra de Deus. É mais importante ensinar um estudante a orar do que a pregar.

Se desejamos ver a manifestação do poder de Deus, se desejamos ver vidas sendo transformadas, se desejamos ver um saudável crescimento da igreja, então devemos orar regularmente, privativa, sincera e poderosamente. O profeta Isaías diz que a nossa oração deve ser perseverante, expectante, confiante, ininterrupta, importuna e vitoriosa (Is 62.6-7). O inferno treme quando uma igreja se dobra diante do Senhor Todo-Poderoso para orar. A oração move a mão onipotente de Deus. Quando a igreja ora, os céus se movem, o inferno treme e coisas novas acontecem na terra; “quando nós trabalhamos, nós trabalhamos; mas quando nós oramos, Deus trabalha”. A oração não é o oposto de trabalho; ela não paralisa a atividade. Em vez disto, oração é em si mesma o maior trabalho; ela trabalha poderosamente, deságua em atividade, estimula o desejo e o esforço.

Oração não é um ópio, mas um tônico; não é um calmante para o sono, mas o despertamento para uma nova ação. Um homem preguiçoso não ora e não pode orar, porque a oração demanda energia. O apóstolo Paulo considera oração como uma luta e uma luta agônica (Rm 15.30). Para Jacó a oração foi uma luta com o Senhor. A mulher sirofenícia com o Senhor através da oração até que saiu vitoriosa. Antes de falar aos homens, o pregador precisa viver diante de Deus. A oração é o oxigênio do ministério. “A vida de oração do ministro e da igreja são o fundamento da pregação eficaz”.

A oração traz poder e refrigério à pregação, tem mais poder para tocar os corações do que milagres de palavras eloqüentes. Como pregadores, devemos ser uma voz a falar em nome de Deus, como João Batista (Mt 3.3), que pregou não no templo, não numa catedral ilustre, não nos salões adornados dos reis, mas no deserto e grandes multidões iam ouvi-lo, sendo confrontadas pela sua poderosa mensagem (Mt 3.5-10; Lc 3.7-14). Não basta ser um eco, é preciso ser uma voz. Não basta pregar, precisamos ser boca de Deus. O profeta Elias viveu na presença de Deus (I Rs 17.1; 18.15); orou intensa, persistente e vitoriosamente (Tg 7.17-18). Por conseqüência, experimentou a intervenção de Deus em sua vida e em seu ministério. A viúva de Sarepta testificou a seu respeito, “Nisto conheço agora que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade” (I Rs 17.24). Muitos ministros pregam a Palavra de Deus, mas não são boca de Deus. Falam sobre o poder, mas não têm poder em suas vidas. Pregam sobre vida abundante, mas não tem vida abundante. Suas vidas contradizem a sua mensagem.

David Eby comentando sobre a importância da oração na vida do pastor, diz que a “oração é a estrada de Deus para ensinar o pastor a depender do poder de Deus, é a avenida de Deus para os pastores receberem graça, ousadia, sabedoria e amor para ministrarem a Palavra”.

Muitos pregadores crêem na eficácia da oração, mas poucos pregadores oram. Muitos ministros pregam sobre a necessidade da oração, mas poucos ministros oram. Eles lêem muitos livros sobre oração, mas não oram. Têm bons postulados teológicos sobre oração, mas não têm fome por Deus. Em muitas igrejas as reuniões de oração estão agonizando. As pessoas estão muito ocupadas para orar. Elas têm tempo para viajar, trabalhar, ler, descansar, ver televisão, falar sobre política, esportes e teologia, mas não gastam tempo orando. Consequentemente nós temos, às vezes, gigantes do conhecimento no púlpito, que são pigmeus no lugar secreto de oração. Tais pregadores conhecem muito a respeito de Deus, mas muito pouco a Deus.

Pregação sem oração não provoca impacto. Sermão sem oração é sermão morto. Não estaremos preparados para pregar enquanto não orarmos. Lutero tinha um moto: “Aquele que orou bem, estudou bem”. David Larsen cita Karl Barth: “Se não há grande agonia em nossos corações, não haverá grandes palavras em nossos lábios”. O que precisamos fazer? Nossa primeira e maior prioridade no ministério é voltarmo-nos para Deus em fervente oração. A obra de Deus não é a nossa prioridade, mas sim o Deus da obra. Jerry Vines escreve:

“O pregador muitas vezes gasta grande parte do seu tempo lidando com as coisas de Deus; lê sua Bíblia para preparar sermões; estuda comentários; lidera as reuniões e os grupos de oração. Está constantemente falando a linguagem de Sião. Mas o acúmulo desta obra santa pode endurecer a consciência da necessidade de estar a sós com Deus em sua própria vida pessoal”.

Realizar a obra de Deus sem oração é presunção. Novos métodos, planos e organizações para levar a igreja ao crescimento saudável, sem oração, não são os métodos de Deus. “A igreja está buscando melhores métodos; Deus está buscando melhores homens”. E. M. Bounds corretamente comenta:

“O que a igreja precisa hoje não é de mais ou melhores mecanismos, nem de nova organização ou mais e novos métodos. A igreja precisa de homens a quem o Espírito possa usar, homens de oração, homens poderosos em oração. O Espírito Santo não flui através de métodos, mas através de homens. Ele não vem sobre mecanismos, mas sobre homens. Ele não unge planos, mas homens. Homens de oração!”

Quando a igreja cessa de orar, deixa de crescer. O diabo trabalha continuamente para impedir a igreja de orar. Ele tem muitas estratégias. O diabo usou três estratégias para neutralizar o crescimento da igreja apostólica em Jerusalém: perseguição (Atos 4), infiltração (Atos 5) e distração (Atos 6). Mas os apóstolos enfrentaram todos esses ataques com oração. Eles entenderam que a oração e a Palavra de Deus devem caminhar juntos. “A oração e o ministério da Palavra permanecerão de pé ou cairão juntos”. Os apóstolos decidiram, “quanto a nós, nos consagraremos á oração e ao ministério da Palavra” (At 6.4). Sobre este texto Charles Bridges afirmou: “Oração é a metade do nosso ministério; e ela dá á outra metade todo o seu poder e sucesso”. Oração e palavra são os maiores princípios do crescimento da igreja no livro de Atos. Oração e pregação são os instrumentos providenciados por Deus para conduzir sua própria igreja ao crescimento. David Eby interpreta muito bem quando diz que, “O manual de Deus sobre o crescimento da igreja vincula pregação e oração como aliados inseparáveis”. Entrementes, oração vem primeiro, porque pregação sem oração não tem vida nem pode produzir vida. A pregação poderosa requer oração. A pregação ungida e o crescimento da igreja requerem oração.

“Pastor, você deve orar. Orar muito. Orar intensamente e seriamente, zelosamente e entusiasticamente, com propósito e com determinação. Orar pelo ministério da Palavra entre o seu rebanho e em sua comunidade. Orar pela sua própria pregação. Mobilize e recrute seu povo para orar pela sua pregação. Pregação poderosa não acontecerá à parte da sua própria oração. Oração freqüente, objetiva, intensa e abundante é requerida. A pregação torna-se poderosa quando um povo fraco ora humildemente. Esta é a grande mensagem do livro de Atos. O tipo de pregação que produz o crescimento da igreja vem pela oração. Pastor, dedique-se à oração. Continue em oração. Persista em oração por amor da glória de Deus no crescimento da igreja” David Eby.


Continua... (Retirado do livro: "Piedade e Paixão")

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