sexta-feira, 6 de maio de 2011

TRATADO POR DEUS E TRATANDO COM DEUS


Por Watchman Nee

Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de
mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade... Deixando-os novamente,
foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras (Mateus 26:42, 44).

Como Conhecer a Deus

No jardim do Getsêmani, o Senhor Jesus orou perguntando qual era a vontade de Deus. Ajoelhando-se, orou: "Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e, sim, a tua" (Lucas 22:42). A Bíblia diz que ele orou a segunda e a terceira vez da mesma maneira. Não orou apenas uma vez e deixou de lado o assunto. Não, ele orou três vezes. E, quando se ergueu da oração, isto é, depois de ter acabado de orar, o Senhor foi até aos discípulos e disse-lhes: "Ainda dormis e repousais! eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos de pecadores" (Mateus 26:45). Orando no Getsêmani, ele disse: "Se possível, passe de mim este cálice!" (Mateus 26:39); mas quando Pedro sacou da espada e cortou a orelha do servo do sumo sacerdote, o Senhor declarou: "Não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?" (João 18:11). Portanto, durante a oração no jardim do Getsêmani, o cálice parecia ainda duvidoso; mas após ter-se erguido da oração, Jesus já não tinha dúvidas sobre o cálice que estava pronto a sorver.

Nada tomaria como certo, mas buscaria conhecer a Deus tratando com ele em oração. No jardim, ele tratou com Deus ao mesmo tempo que Deus tratou dele.

Havia um espinho na carne de Paulo. Não tentarei identificar esse espinho. Basta dizer que era algo que o fazia sentir-se desconfortável e que o trespassava como um espinho. Referiu-se também o apóstolo a ele como mensageiro de Satanás; portanto, deve tê-lo perturbado bastante. Sem o poder de Cristo, Paulo não teria sido capaz de suportar esse espinho. Três vezes ele orou, pedindo ao Senhor que removesse o espinho. Mas disse--lhe o Senhor: "A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Coríntios 12:9). Será que ele orou quarta vez? Não, pois depois da terceira vez o Senhor respondeu e a questão tinha sido resolvida pela sua palavra. Paulo nada decidiu por seu próprio conhecimento; antes, tratou com Deus em oração para se assegurar da vontade divina a respeito desse problema específico.

Através das experiências de nosso Senhor e do apóstolo, descobrimos um princípio: se alguém desejar conhecer a Deus, tem de aprender a lidar com ele. Em outras palavras, precisa tratar com Deus e ser tratado por Deus. Muitos cristãos descuidadamente deixam que dificuldades ou problemas passem sem o devido tratamento de Deus. Não sabem por que ele lhes manda essas dificuldades. Tais pessoas podem ler a Bíblia diariamente e parecer que têm algum conhecimento e luz, e, no entanto, ignorarem a mente divina. Seu conhecimento é obviamente insuficiente. Por esta razão, amados, precisamos tratar com Deus e receber tratamento de Deus; então verdadeiramente o conheceremos.

[...]

Na Prática

Deixem-me exemplificar. Todos nós temos algum pecado particular que facilmente nos enreda. Alguns são perturbados por este pecado, enquanto outros são levados a cair por aquele pecado. Alguns não conseguem vencer o orgulho; alguns não conseguem vencer o ciúme; alguns não conseguem vencer o mau gênio; alguns não conseguem vencer o mundo, e alguns não conseguem vencer as concupiscências da carne. Cada um tem o seu pecado particular. Está consciente dele mas não consegue vencê-lo. Lê, um dia, em Romanos 6:14 que "o pecado não terá domínio sobre vós" e em Romanos 8:1-2 que "agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte". Está agora de posse do conhecimento dessas passagens; e, ainda assim, não consegue vencer o seu pecado. A verdade que possui não pode ser posta em prática.

Temo existirem muitos irmãos que se encontram em dilema semelhante. Se outro crente que não consegue vencer o pecado vem pedirlhes ajuda, talvez consigam falar longamente sobre a importante doutrina de como vencer o pecado, apesar de na realidade eles próprios ainda estarem amarrados pelo pecado. Conseqüentemente, o irmão que vem buscar ajuda voltará para casa armado de algum conhecimento sobre como vencer o pecado, sem a experiência de como fazê-lo. Isto significa que o que ouviram nada mais é do que o mero conhecimento das Escrituras; não foram tratados por Deus, portanto não conhecem o seu poder.

[...]

Portanto, meus amigos, não pensem que por só terem desobedecido uma vez aqui e outra acolá, podem esperar vitória sobre o pecado. Mencionei freqüentemente no passado que o segredo da vitória é confiar e obedecer. Qualquer enfraquecimento em qualquer ponto na obediência irá inegavelmente enfraquecer a fé da pessoa.

Necessidade dos Tratamentos de Deus

É preciso que Deus trate de seu meio ambiente, bem como de seu pecado. Por exemplo, você permite que coisas que aparecem em sua família venham e se vão à vontade? Ou se na realidade você ora a respeito delas, ora apenas uma vez e depois pára por não ter obtido resposta? Como pode esperar conhecer a Deus? Não foi isso que Paulo fez. Orou diversas vezes até o Senhor lhe responder. Se estiver disposto a orar apenas uma vez, é melhor nem orar. Você orará uma, duas e três vezes; e se não receber resposta, tem de orar dez vezes, ou até mesmo cem vezes, até que Deus fale com você.

Lembremo-nos de que não há lugar para pressa na fé nem na oração. A fé resiste ao tempo. Se Deus não responder, podemos esperar até que tenhamos cem anos de idade. Esperamos contra a esperança. Abraão creu em Deus (Romanos 4:18). Eliseu disse ao rei Jeoás que atirasse a flecha contra a terra, mas o rei fez assim apenas três vezes, ao passo que teria podido ferir os siros até os consumir (veja 2 Reis 13:14-19). Assim também é a nossa oração; não devemos orar duas ou três vezes e parar.

Um servo do Senhor disse certa vez: "Orar é como colocar cartões de visita em uma balança. Você coloca um peso de 100 gramas em um dos pratos da balança, e vai colocando cartões no outro. Quando se lança aqui o primeiro cartão, este não consegue levantar o peso de 100 gramas. Cartão após cartão é colocado, mas sem afetar o peso. Daí, talvez, no exato momento em que lançar o último cartão, o peso do outro lado é finalmente erguido. Assim também acontece com a oração. Oramos uma, duas, três vezes, e uma vez mais. Talvez seja esta a nossa última oração, mas então vem a resposta."


Retirado do livro "Conhecimento Espiritual".

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