segunda-feira, 9 de maio de 2011

CONHECENDO A DEUS EM ORAÇÃO E EM SUA VONTADE


Por Watchman Nee


Visto que andamos por fé, e não pelo que vemos (2 Coríntios 5:7).

Por causa disto três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim (2 Coríntios 12:8).

Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras
(Mateus 26:44).

Continuemos a investigar a questão de como conhecer a Deus. Precisamos aprender a tratar com ele, bem como a ser tratados por ele. Em outras palavras, aprender a comunicar com ele. Anteriormente, mencionamos apenas como tratar com Deus, mas só isso não basta. Falaremos agora de dois outros assuntos, que são: (1) como conhecer a Deus em oração, e (2) como conhecer a Deus em sua vontade. Se não conhecermos a natureza de Deus e não soubermos como comungar com ele, não poderemos prosseguir espiritualmente.

1. Conhecendo a Deus em oração

Uma coisa que intriga os cristãos é como obter resposta de Deus à oração. Cada cristão deve sentir o desejo de que Deus ouça sua oração. Será anormal o cristão do qual Deus ouve a oração apenas uma vez em três ou cinco anos, ou uma vez em três ou cinco meses. Muitos raramente têm experimentado uma resposta de Deus a suas orações. Não estou dizendo que não oram. Digo apenas que suas orações são ineficazes. Muitos crentes não têm a menor certeza de que Deus ouve suas orações. Não sabem se ele respondeu ou não enquanto não conseguirem aquilo pelo que oraram. Não têm a menor convicção no começo. Como cristãos, deveríamos ser espiritualmente ricos, mas nos tornamos pobres por não sabermos orar. Quão pobres seremos se nossas orações forem ouvidas apenas uma vez a cada três ou cinco anos! Já mencionei muitas vezes que nenhum cristão pode viver em um estado de orações não respondidas. Quão terrivelmente deve ter caído!

Hoje, gostaria de examinar como é que o cristão deve orar. Quão cedo deve sua prece receber resposta? Que confiança tem ele após haver orado? Qual será a conclusão disso tudo? E onde podemos adquirir todo esse conhecimento? Podemos obtê-lo através de nosso conhecimento de Deus. Se fizéssemos essas perguntas a pessoas diferentes, elas provavelmente assinalariam mais de dez itens aplicáveis à oração, tais como o abandono do pecado, a necessidade de ter fé, e a necessidade de orar de acordo com a vontade de Deus. O problema é que muitas pessoas conhecem a oração APENAS através da Bíblia; não a conhecem na presença de Deus. Lêem a Palavra e extraem dela as condições para orações respondidas. Aprendem tudo através da Bíblia, e não por intermédio de tratamentos com Deus. Não adianta muito, portanto. Precisamos passar tempo na presença de Deus e aprender a tratar com ele, bem como a ser tratados por ele. Assim, viremos gradualmente a conhecer o que ele requer de nós com respeito à oração. Conhecer a Deus em oração não acontece ao acaso, nem pelo ouvir, nem pelo que digo agora. Um guia turístico só pode indicar um lugar a alguém, mas não leva o turista àquele lugar. Se ele não for até lá, não terá experiência alguma desse lugar específico.

Irmãos, façam de conta que têm um desejo — uma petição que querem que Deus atenda. Orarão a ele a respeito dessa questão. Podem orar fervorosa ou casualmente, longa ou brevemente. No entanto, o mais estranho é que vocês nunca pensam em conhecer a Deus nessa hora de oração. Não se importam realmente se Deus responde ou não à sua oração. Por exemplo, pedem a Deus que lhes dê um livro; e, se ele lhes der o tal livro, considerarão isso como recompensa da parte dele. Deveriam saber, entretanto, que não é apenas um livro que receberam. Também adquiriram conhecimento de Deus. Na verdade, estão aprendendo a orar de maneira tal que recebem uma resposta dele. Receber o livro é muito insignificante, mas saber como orar e ter resposta à oração é um conhecimento extremamente precioso. Através desta hora de oração, vocês chegam a conhecer a Deus um pouco mais. Nosso conhecimento não deve vir apenas da leitura da Bíblia; precisamos recebê-lo diretamente de Deus.

[...]
Obedecer

[...] Posso falar francamente? Muitos irmãos deixam de ter suas orações ouvidas por Deus por não terem aprendido a obedecer. Se não ouvirmos a palavra de Deus, ele não responderá à nossa oração. Deixamos muitas coisas passar despercebidas, considerando-as muito pequenas; mas Deus não permite que passem. Muitos cristãos precisam ser tratados severamente por Deus. Como é que podemos prosseguir se permitimos que coisas passem sem nossa atenção? Sem tratarmos de item por item cuidadosamente, não seremos ouvidos em nossa oração. Em hora de grande perigo, Deus pode nos ouvir excepcionalmente. Mas se quisermos que ele sempre ouça nossas orações, precisamos obedecer-lhe em tudo.

[...]

2. Conhecendo a Deus em sua vontade

Se quisermos conhecer a vontade de Deus, precisamos conversar com ele. Aqueles que não tiverem essa experiência, não conhecerão a vontade divina. Alguns irmãos talvez pensem que é impossível conhecer uma coisa tão tremenda quanto a vontade de Deus. É verdade, Deus é extremamente sublime. Será que ele revela a sua vontade a pessoas tão insignificantes como nós? É importante nos prepararmos. Se um espelho estiver turvo, refletirá uma imagem borrada. Ou se não for muito plano, até distorcerá a imagem que reproduzir. Se estivermos despreparados, quem pode dizer quão mal compreendamos a Deus! Toda vez que desejarmos conhecer a sua vontade, precisamos primeiro tratar de nós mesmos. Precisamos colocar a nossa própria pessoa de lado, dispostos a tudo abandonar; então ele nos revelará a sua vontade. Toda vez que buscarmos a vontade divina, precisamos que nossas pessoas sejam tratadas por ele.

Quando George Müller buscou conhecer a vontade de Deus, examinou a si próprio muitas vezes. Em seu diário, sempre começava sua primeira anotação tratando de certa coisa com palavras assim: esta ou aquela coisa parecem ser assim. Na segunda anotação, escrevia de novo que realmente parecia ser assim. Mais tarde, poderia anotar que depois de examinar a questão por dois meses, essa mesma questão ainda parecia ser assim. Certo dia, algumas pessoas apareceram com um pedido que parecia relacionado a essa questão. Em ainda outro dia, um colega falou algo nesse mesmo sentido. Em outro dia, no entanto, veio uma promessa. Após muitos dias, ele anotou algo assim: "Agora, a questão está esclarecida." Mais tarde, escreveu que tinha ficado ainda mais clara, pois havia não apenas a palavra mas também o próprio suprimento.

Finalmente, anotou em seu diário que tudo se havia esclarecido perfeitamente. Às vezes, ele revelava em seu diário que apesar de ser pouco o dinheiro que tinha, Deus havia começado a suprir e abençoar. Não tinha medo que caçoassem dele, nem assinava contrato algum com homens. Toda vez que havia uma necessidade, pedia a Deus que a suprisse, e Deus nunca falhou. Aprendeu ele a sempre tratar com Deus.

Uma vez, ao orar, sentiu que Deus desejava que fosse à Alemanha. Ele disse ao Senhor que havia três obstáculos à sua ida: primeiro, se sua esposa fosse com ele, quem iria tomar conta dos seus três filhos? Segundo, não havia dinheiro para a viagem; e terceiro, precisaria de alguém que tomasse conta do orfanato em sua ausência. Reconheceu que não sabia se a sua viagem era da vontade de Deus; mas se fosse, pediu a Deus que desse a resposta para essas três perguntas. Depois disso, apareceu-lhe um homem que era a pessoa ideal para tomar conta do orfanato. Então, disse a Deus que um dos obstáculos havia sido removido, mas e os outros dois? Mais tarde, uma mãe mudou-se para sua casa por alguns meses. Ela poderia tomar conta de seus filhos. O segundo obstáculo havia sido vencido. Mais tarde ainda, alguém lhe mandou um presente pessoal (pois ele nunca usava dinheiro designado para a obra), que veio a resolver seu terceiro problema. Por tudo isso, ele perguntou a Deus se podia agora começar a viagem. Anotações como as de cima foram claramente registradas em seu diário. Ele aprendeu a tratar com Deus passo a passo.

[...]

Tratamentos e Conhecimento São Inseparáveis

Nada é mais precioso em nossa vida terrena do que conhecer a Deus. Para conhecêlo, precisamos receber seu tratamento em todas as coisas. Precisamos receber seu tratamento na questão de conhecê-lo bem como na questão da oração. Precisamos tratar do ambiente bem como do pecado. Vamos inquirir quanto ao significado de tudo o que nos acontecer. Há alguma exigência de Deus? O indolente nunca chegará a conhecê-lo. Conhecemo-lo através da oração; conhecemo-lo mediante a comunhão com ele. Deveríamos aprender com Paulo, que orou ao Senhor não apenas uma vez, mas duas e três vezes até que o Senhor lhe respondeu. Deveríamos também aprender com nosso Senhor que, no jardim do Getsêmani, orou: "Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade" (Mateus 26:42). Ele orou não apenas uma vez, mas a segunda e a terceira vez até ter certeza sobre essa questão. Oremos também primeira, segunda e terceira vez até recebermos resposta de Deus. Somente dessa maneira é que podemos conhecer a Deus.

Posso dizer algumas poucas palavras a meus colegas? Não podem sair a trabalhar se não tiverem aprendido como tratar com Deus bem como a serem tratados por Deus, pois nem mesmo podem ser comparados a um bom cristão. Se vocês não conhecem o caminho de Deus, nem seu procedimento, nem sua natureza, que é que os torna diferentes das outras pessoas? Vocês podem dar--lhes algumas idéias espirituais, mas não podem guiá-las no caminho espiritual. Nem todos os que lêem o guia de Hanchow ou de Pequim já estiveram em Hanchow ou em Pequim. Nem todos os que têm um livro de arte culinária já experimentaram as receitas do livro. Da mesma forma, vocês não podem guiar as pessoas se nada tiverem além do conhecimento da Bíblia.

No entanto, não é suficiente também ter apenas experiência sem o conhecimento da
Palavra, pois nesse caso não se terá as palavras adequadas para ajudar as pessoas. O Senhor diz: "Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus" (Mateus 22:29). Tal é sua repreensão. Muitos crentes têm falta de conhecimento bíblico e do poder divino. Muitos têm apenas uma pequena idéia espiritual; cada qual imagina as coisas sem saber como realmente são. Alguns podem ensinar outras pessoas porque seus cérebros são mais fortes e conseguem lembrar-se um pouco mais da doutrina. Ó irmãos, este é um fenômeno demasiadamente trágico! Que possamos aprender a conhecer a Deus tanto em sua vontade como em oração. Nós podemos conhecê-lo. Nada é mais importante que isto. Não vamos guardar a luz que temos em nossos cérebros; busquemos, antes, conhecer a Deus e receber seus tratamentos.


Retirado do livro "Conhecimento Espiritual"

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