quinta-feira, 12 de maio de 2011

SÉRIE: O PRECIOSO SANGUE DE CRISTO - PARTE 1


Por Charles H. Spurgeon


"...não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados...
mas com o precioso sangue de Cristo..." (I Ped. 1:18-19).

[...]
Eis uma Pessoa inocente, sem nenhuma contaminação ou imperfeição; uma Pessoa digna, que magnificou a lei e tornou-a honrosa - uma Pessoa que serviu tanto a Deus como ao homem, mesmo até a morte. E não somente isto, mas aqui temos uma Pessoa divina - tão divina que em Atos dos Apóstolos Paulo chama Seu sangue de "o sangue de Deus". Coloquemos inocência, mérito, dignidade, posição e até mesmo deidade numa escala e então imaginemos quão inestimável é o valor do sangue vertido por Jesus Cristo. Anjos devem ter presenciado aquele inigualável derramamento de sangue com admiração e espanto, e mesmo o próprio Deus viu o que nunca antes havia sido visto na criação ou na providência; Ele viu a Si mesmo muito mais gloriosamente apresentando do que o faz todo o universo.

Aproximemo-nos do texto para tentar demonstrar a preciosidade do sangue de Cristo. Vamos limitar-nos a enumerar algumas propriedades desse sangue precioso. [...]

O precioso sangue de Cristo é útil ao povo de Deus de muitas maneiras. Pretendemos falar a respeito de doze delas. Afinal, a verdadeira preciosidade de algo vai depender de sua utilidade para nós em tempos de aflições e provas. Um saco de pérolas seria para nós muito mais precioso do que um saco de migalhas de pão, porém, vocês devem ter ouvido a história do homem no deserto que, já cambaleando, quase morto, tropeçou num saco e abrindo-o esperançoso de que pudesse ser a mochila de algum viajante com alguma comida, encontrou nele apenas pérolas! Quanto mais valioso teria sido para ele se se tratasse de pedaços de pão! Eu digo, na hora da necessidade e do perigo, o uso que podemos fazer de alguma coisa constitui sua verdadeira preciosidade. Isto pode não estar de acordo com a política econômica, mas está de acordo com o bom senso.

1. O precioso sangue de Cristo tem um PODER REDENTOR

Ele redime da lei. Todos nós estávamos sob a lei, que diz: "Faça isto, e viva". Éramos escravos dela; Cristo pagou o preço do resgate e a lei não é mais o nosso mestre tirano. Estamos completamente livres dela. A lei tem uma terrível maldição: qualquer que violar um de seus preceitos deve morrer. "Cristo nos redimiu da maldição da lei, tendo sido feito maldição em nosso lugar" (Gal. 3:13). Pelo temor de sua maldição, a lei infligia um contínuo pavor àqueles que estavam debaixo dela; eles sabiam que a tinham desobedecido, e permaneciam todo o tempo de suas vidas sujeitos à escravidão, temendo que a morte e a destruição viessem sobre eles a qualquer momento. Nós, porém, não estamos sob a lei, mas sob a graça, e conseqüentemente "não recebemos o espírito da servidão novamente para temer, mas recebemos o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba, Pai" (Rom. 8:15).

Nós não tememos a lei agora; seus piores trovões não podem nos atingir porque não são proferidos contra nós! Seus mais tremendos raios não podem nos tocar, porque estamos protegidos sob a cruz de Cristo, onde o trovão perde seu terror e o raio sua fúria. Agora lemos a lei de Deus com prazer; nós a vemos como na arca, coberta com o propiciatório, e não trovejando tempestuosamente como se procedesse do monte Sinai.

[...] Nossa lei está cumprida, pois Cristo é o fim da lei para a justiça; nosso cordeiro pascal foi imolado, pois Jesus morreu: nossa justiça está terminada, pois somos completos nEle; nossa vítima está morta, nosso sacerdote entrou além do véu, o sangue foi aspergido, estamos limpos e livres de qualquer contaminação, "Porque (Ele) aperfeiçoou para sempre os que são santificados" (Heb. 10:14). Valorizem este precioso sangue, meus amados, porque foi assim que Ele os redimiu da escravidão e de cativeiro que a lei impôs sobre Seus seguidores.

2. O valor do sangue está principalmente em sua EXPIAÇÃO EFICAZ

Em Levítico somos alertados que "é o sangue que fará expiação pela alma" (17:11). No regime da lei Deus nunca perdoou pecado à parte do sangue. Isso era uma constante: "sem o derramamento de sangue não há remissão" (Heb. 9:22). Farinha e mel, temperos doces e incensos, de nada valiam sem o derramamento do sangue. Não havia promessa de remissão baseada em esforço futuro ou profundo arrependimento; sem o derramamento de sangue o perdão nunca viria. O sangue, e somente o sangue, tirava o pecado e permitia ao homem chegar-se ao trono de Deus para O adorar, porque o sangue o tornara um com Deus.

Cristo, portanto, veio e foi punido no lugar de todo o Seu povo. Incontáveis são as almas pelas quais Jesus derramou Seu sangue. Ele fez uma expiação completa pelos pecados de todos. Por cada homem nascido de Adão que crê ou irá crer nisso, como também por aqueles levados para a glória antes que sejam capazes de crer, Cristo fez uma expiação perfeita; e não há outro plano pelo qual os pecadores possam se tornar um com Deus, exceto pelo sangue, pelo precioso sangue de Jesus. Eu posso oferecer sacrifícios, mortificar meu corpo, ser batizado, participar das ordenanças, orar de joelhos até que endureçam; posso ler palavras devocionais e até decorá-las, celebrar missas, adorar em uma língua ou em cinqüenta línguas; porém não posso ser reconciliado com Deus a não ser pelo sangue de Cristo, pelo "precioso sangue de Cristo".

Meus queridos amigos, muitos de vocês já sentiram o poder redentor do sangue de Cristo; não estão mais sob a lei, mas debaixo da graça; vocês também sentiram o poder expiatório do sangue e sabem que foram reconciliados com Deus pela morte do Seu Filho, sabem que Ele não é um Deus que está irado com vocês, e sim que os ama com imutável amor. Isso, porém, não acontece com todos aqui. Oxalá acontecesse! Eu oro para que neste dia vocês possam conhecer o poder expiatório do sangue de Cristo. Criaturas, não desejam se identificar com o seu Criador? Homens insignificantes, não teriam um Deus Todo-poderoso para ser seu amigo? Não poderiam estar de bem com Ele exceto através da expiação. Deus apresentou Cristo para ser a propiciação pelos nossos pecados. Oh, recebam a propiciação pela fé no Seu sangue e estejam em paz com Deus.

3. O precioso sangue de Cristo tem também um PODER PURIFICADOR

Em I João 1:17 lemos "...e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado". A conseqüência direta do pecado é a contaminação do pecador, daí a necessidade da purificação. Suponha que Deus, o Santo, quisesse ser reconciliado com o pecador, o que não poderia ser suposto, ainda que os olhos do Altíssimo se fechassem para o pecado, mesmo assim, enquanto continuarmos impuros nunca poderemos sentir em nossos corações algo como alegria, descanso e paz. O pecado é uma praga para o homem que o comete e uma coisa para Deus que o aborrece, Eu preciso ser purificado, preciso ser lavado das minhas iniqüidades, ou nunca poderei ser feliz. A primeira misericórdia mencionada no Salmo 103 é: "...que perdoa todas as tuas iniqüidades" (v.3).

Agora sabemos que é pelo precioso sangue que o pecado é purificado. Homicídio, adultério, roubo, seja qual for o pecado, há poder em Cristo para tirá-lo de uma vez e para sempre. Não importa quantas sejam, ou quão arraizadas nossas ofensas possam estar, o sangue clama, "Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve, ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã" (Is. 1:18). Este é o refrão do céu: "Temos lavado nossas vestes no sangue do cordeiro e tornado-as brancas".

Vocês têm ouvido isto tão freqüentemente que talvez não se interessariam ainda que um anjo lhes revelasse o mesmo, a não ser que por experiência própria tivessem conhecido o horror da impureza e a benção de terem sido purificados. Amados, este é um pensamento que deve fazer nossos corações dispararem dentro de nós, que através do sangue de Jesus nenhuma mancha, ruga ou algo parecido, foi deixado sobre qualquer crente. Oh, sangue precioso que remove as manchas infernais da abundante iniqüidade, permitindo-me ser aceito no Amado, não obstante as muitas maneiras pelas quais em me rebelei contra meu Deus.


Retirado do livro "O Preciso Sangue de Cristo"

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