terça-feira, 28 de junho de 2011

SÉRIE AMOR PERFEITO: DEUS HABITANDO EM NÓS


Por Andrew Murray

"Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado. Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito" (I João 4:12,13).

"Ninguém jamais viu a Deus." Ainda não temos tido uma visão de Deus. O fogo de sua glória, que a tudo consome e a tudo absorve, e que traz a morte a tudo que pertence ao reino meramente natural, não se coaduna com o nosso estado terreno atual. Entretanto, foi-nos conferido, em lugar disso, um equivalente que nos pode treinar e preparar para a visão bem-aventurada, e que também satisfaz a alma com tudo quanto ela pode apreender sobre Deus.

Não podemos ver Deus; mas podemos ter Deus habitando em nós, e podemos contar com o Seu amor aperfeiçoado em nós. Embora o resplendor da glória de Deus não deva ser contemplado nesta existência, a presença daquilo que forma a própria essência dessa glória — o Seu amor — pode ser conhecido desde agora. O amor de Deus em nós aperfeiçoado, o próprio Deus habitando em nós — esse é o céu de que podemos desfrutar na terra.

E qual é o caminho para essa felicidade? Deus habita em nós, e o Seu amor é aperfeiçoado em nós, se nos amarmos uns aos outros. E verdade que não podemos contemplar ao Senhor, mas, contemplamos os nossos irmãos; e eis que, neles, temos um objeto para nosso amor que compensa a ausência da visão de Deus. Esse objeto é capaz de despertar e de incentivar o amor divino em nosso íntimo; esse objeto pode exercitar-se, fortalecer-se e desenvolver-se; esse objeto pode abrir caminho para o amor divino, para que o mesmo opere sua ação bendita por nosso intermédio, dessa maneira aperfeiçoando-nos em amor; esse objeto desperta a complacência divina e a chama para que venha e tenha morada em nós.

Em meu irmão tenho um objeto no qual Deus me ordena provar todo o meu amor por Ele. Ao amá-lo, por mais indigno de amor que ele seja, esse amor provará que o "ego" não mais vive; que foi uma chama desse mesmo amor que consumiu o Cordeiro de Deus; que esse é o amor de Deus sendo em nós aperfeiçoado e que se trata do próprio Deus a viver e a amar em nós.

"Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós. Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito." O admirável conhecimento que Deus habita em nós e que o Seu amor está aperfeiçoado em nós, não resulta de qualquer reflexão, nem de alguma dedução daquilo que vemos em nós mesmos. Não, pois as coisas divinas, o amor divino, a permanência divina no íntimo, só podem ser vistas sob o jato da própria luz divina. "Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito." João lembrava-se de quão pouco os discípulos haviam compreendido ou experimentado as palavras de Jesus, até aquele dia inesquecível quando, na luz do fogo que desceu do céu, tudo ficou iluminado e real.

É o próprio Espírito Santo que sozinho, não em Sua ação graciosa, tal como aquela de que os discípulos desfrutaram antes daquele dia, mas sim, em Sua concessão especial e direta, vindo do trono do ressurreto e exaltado Jesus Cristo, que O torna pessoal e permanentemente presente para a alma, que não mais se contenta com coisa alguma menor do que isso. Somente o Espírito Santo é que nos permite conhecer que Deus habita em nós, e nós nEle, e que o Seu amor está aperfeiçoado em nós.

Na vida cristã de nossos dias sucede tal e qual sucedia naquela época. A tarefa especial do Espírito Santo consiste em revelar Deus no íntimo e aperfeiçoar-nos em amor. Mediante passos lentos temos de dominar um lado da verdade agora, e outro lado mais tarde; temos de pôr em prática uma graça agora, e posteriormente, a graça oposta Por algum tempo nosso coração inteiro se lança no propósito de conhecer e de fazer a vontade de Deus.

Então, é como se houvesse apenas uma coisa a ser feita — amar — e sentimos como se em nosso próprio lar, em todos os nossos contatos com os homens, em nossa posição na Igreja e no mundo, precisássemos somente praticar o amor. Após algum tempo sentiríamos a nossa falha, e então nos voltaríamos para a Palavra, que nos induz à fé, que nos ensina a cessar nossa dependência do "ego" e a confiar naquele que opera tanto o querer como o efetuar. Eis que uma vez mais fracassamos, e sentimos que isto é a única coisa que poderia satisfazer à nossa premente necessidade — uma participação no dom pentecostal — a dádiva do Espírito Santo em poder como nunca vimos antes. Ninguém desanime nem fique desencorajado. Procuremos obedecer, amar e confiar com um coração perfeito. Naquilo que já pudemos obter, sejamos fiéis. Todavia, prossigamos firmes em direção à perfeição. Esperemos confiantemente que essa porção da Palavra de Deus também se torne nossa possessão: "Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós. Nisto conhecemos que permanecemos nele e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito."

Na senda do amor — amor no exercício prático que busca o perfeito amor — é que pode ser encontrada essa extraordinária bênção: Deus habitando em nós, e nós nEle. E é somente através do Espírito Santo que podemos saber que a possuímos. Deus habitando em nós e o Seu amor aperfeiçoado em nós: Deus é amor; quão certo é que Ele anela por habitar conosco! Deus é amor, e envia o Espírito de Seu Filho para tomar conta dos corações abertos para Ele. Sem a menor sombra de dúvida podemos ser aperfeiçoados em amor. Um coração perfeito pode estar certo de ser cheio de um perfeito amor. Que nada inferior a um perfeito amor seja o nosso alvo, para que tenhamos Deus habitando em nosso íntimo, com Seu amor aperfeiçoado em nós. E o saberemos pelo Espírito que nos tem sido concedido.


Retirado do livro "Sê Perfeito".

segunda-feira, 20 de junho de 2011

SÉRIE AMOR PERFEITO: AMANDO OS IRMÃOS


"Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos
nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais
viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus
permanece em nós, e o seu amor é em nós
aperfeiçoado" (I João 4:11,12).

Por Andrew Murray


A primeira indicação de uma alma em quem o amor de Deus tem sido aperfeiçoado é a observância de Sua Palavra. A vereda da obediência, da obediência amorosa, do coração perfeito, da obediência de uma vida inteiramente consagrada à vontade de Deus, é a senda que o Filho abriu até a presença do Pai. Esse é o único caminho que nos leva ao perfeito amor.

Os mandamentos de Cristo estão todos incluídos na palavra "amor," porquanto "o amor é o cumprimento da lei." "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros" (João 13:34). Essa é a palavra de Cristo: aquele que observa essa palavra, observa todos os mandamentos. O amor fraternal é a segunda indicação de uma alma que procura entrar na vida do perfeito amor.

Devido à própria natureza das coisas, é impossível que fosse de outra forma, pois o amor não busca os seus próprios interesses; o amor perde de vista a si mesmo, quando vive para os outros. O amor é a morte do egoísmo; enquanto permanecer o "ego", não pode haver pensamento de amor perfeito. O amor é o próprio ser e a glória de Deus; faz parte de Sua natureza e propriedade, como Deus, proporcionar de Sua própria vida a todas as Suas criaturas, comunicar Sua própria bondade e bemaventurança. O dom de Seu Filho é o dom de si mesmo para ser a vida e a alegria do homem. Quando esse amor de Deus penetra no coração, infunde a sua própria natureza — o desejo de dar-se até à própria morte por causa dos outros. Quando o coração se presta inteiramente para ser transformado segundo essa natureza e semelhança, então o amor toma posse; e ali o amor de Deus é aperfeiçoado.

Com freqüência é levantada a questão se é o amor de Deus por nós, ou é o nosso amor a Deus, que está em vista na expressão "perfeito amor." Mas a verdade é que essa expressão inclui ambas as idéias, por isso a implicação é maior ainda. O amor de Deus é Um, assim como Deus é Um só: Sua vida, Seu próprio Ser. Quando esse amor desce e vem habitar em nós, retém a sua natureza e continua sendo a vida e o amor divinos dentro de nós. O amor de Deus por nós, o nosso amor a Deus e a Cristo, o nosso amor aos irmãos e a todos os nossos semelhantes — todos esses são apenas aspectos de um mesmo amor. Da mesma forma que há só um Espírito Santo, em Deus e em nós, assim também só existe um amor divino, o amor do Espírito, que habita em Deus e em nós.

Conhecer isso é uma maravilhosa ajuda para a fé, pois essa verdade ensina-nos que amar a Deus, amar os irmãos ou mesmo os nossos inimigos, não é algo que possa ser obtido pelos nossos esforços pessoais. Só podemos realizar isso porque o amor divino está habitando em nós. Somente na medida em que nos entregamos ao amor divino como um poder vivo em nosso íntimo, como uma vida que foi gerada em nós, e na medida em que o Espírito Santo lhe dá energia para entrar em ação, é que esse amor se torna realidade. Nossa parte consiste, antes de mais nada, em descansar, em cessar todo esforço, em saber que Ele está em nós, e em dar caminho ao amor que habita e opera em nós, com um poder que vem do alto.

João se lembrava muito bem da noite em que Jesus proferiu as palavras tão maravilhosas sobre o amor, em Sua despedida! Na verdade quão impossível parecia, aos discípulos, amar conforme Ele tinha amado! Que sobrecarga enorme de orgulho, de inveja e de egoísmo tinha havido entre eles — tudo, menos um amor igual ao dEle! E como tudo isso aconteceu, naquela mesma noite, estando eles em torno da mesa da ceia! Eles nunca poderiam amar como o Mestre — algo impossível.

Que transformação foi operada, contudo, quando o Cristo ressurreto soprou sobre eles, e declarou: "Recebei o Espírito Santo!" E como essa transformação foi consumada quando o Espírito Santo desceu do céu, proveniente do admirável amor que fluía daquela ligação perfeita entre o Pai e o Filho, quando reuniramse novamente na glória. O Espírito então derramou em seus corações o amor de Deus! No amor havido no dia de Pentecoste, o perfeito amor celebrou o seu primeiro grande triunfo nos corações dos homens.

O amor de Deus continua reinando. O Espírito de Deus ainda aguarda para tomar posse de corações até então Lhe tem sido reservado pequeno espaço. Ele tinha estado com os discípulos o tempo todo, porém, eles não haviam compreendido a que espírito pertenciam. O Espírito descera, na noite em que o Cristo ressurreto soprou sobre eles. Todavia, foi no dia de Pentecoste que Ele os encheu de tal modo que o amor divino prevaleceu e extravasou, e assim foram aperfeiçoados em amor.

Que todo esforço que fazemos para amar, e que toda experiência que mostra a debilidade do nosso amor, nos conduza e nos atraia para perto de Jesus, assentado em Seu trono. NEle o amor de Deus é revelado, glorificado e feito acessível para nós. Portanto, creiamos que o amor de Deus pode descer como fogo, capaz de consumir e destruir o "eu", capaz de fazer com que o amor de uns para com os outros, o fervoroso e perfeito amor, seja a grande característica do discipulado cristão. Creiamos que esse amor de Deus, esse amor perfeito, pode ser derramado em nossos corações em proporções até então desconhecidas por nós, pelo Espírito Santo que nos é dado Nossas línguas e nossas vidas, nossos lares e nossas igrejas, provarão então, para os que vivem no pecado, que ainda existem filhos de Deus em quem o Seu amor tem sido aperfeiçoado.

Tal como no caso da vida cristã em sua inteireza, semelhantemente o amor tem seus dois estágios. Há um amor que busca, luta e faz o melhor que está ao seu alcance para obedecer, mas que sempre fracassa. E há o amor que encontra, repousa, regozija-se, e sempre triunfa. Isso tem lugar quando o "eu" e os seus fracos esforços são colocados na sepultura de Jesus, e então a Sua vida e amor o substituem. O nascimento ou começo do amor celeste e na alma, é então chegado. No poder da vida celeste, amar torna-se algo natural e fácil. Cristo habita no coração; só então é que ficamos arraigados e firmados em amor, e passamos a conhecer o amor que ultrapassa todo o entendimento.


Retirado do livro "Sê Perfeito".

sexta-feira, 17 de junho de 2011

DEFININDO A TENTAÇÃO



Por Marcos de Souza Borges


O pecado não é algo instantâneo, é sempre precedido pela tentação e pelo processo de reagirmos a ela. Ou seja, ser tentado não é pecado. E toda tentação pode ser vencida, por isto, todo pecado pode ser evitado. Não podemos de maneira alguma fazer da tentação um pretexto para o pecado.

"Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte." (Tg 14,15)

Este texto mostra a tentação, bem como nossa reação a ela como o processo de gravidez do pecado. Precisamos aprender a abortar o pecado nas nossas vidas, e isto depende inteiramente de como nos relacionamos com a tentação. Acredito que muitas pessoas pecam menos que imaginam, ou seja, é comum vermos alguém se condenando porque foi tentado sem ainda ter consumado o pecado.

Devemos ressaltar que a palavra "concupiscência" significa apenas um desejo forte, uma propensão ou inclinação acentuada. Poderíamos dizer que o processo da tentação se dá em quatro fases quase que simultâneas:

1. UMA CONCUPISCÊNCIA

Um simples desejo seja ele mal ou bom que entra nos nossos pensamentos. Existem dois pontos críticos neste sentido. Primeiro, se este desejo é qualificado como mau, ou seja, se ele quebra a lei do amor. Segundo, independente de ser mau, o domínio que ele exerce sobre nós. Um desejo lícito, porém desequilibrado é potencialmente nocivo.

Nem sempre somos responsáveis pelos pensamentos e desejos que chegam à nossa mente. Eles podem vir, tanto de fora, como também podem proceder do nosso próprio coração (Mc 7:21-23). Mas, com certeza, somos responsáveis pelo modo como reagimos a este pensamento.

2. ATRAÍDOS PELA CONCUPISCÊNCIA

Nos interessamos pela nova idEia e consideramos sua conveniência. A voz do egoísmo emite sua opinião que parece ser convincente. Nossa consciência também se manifesta, e assim, um certo conflito interno começa a se desenvolver.

3. SEDUZIDOS PELA CONCUPISCÊNCIA

O pensamento nos cativou e começa a assumir um controle sobre a nossa mente. Gostamos da idéia. Outros pensamentos e sentimentos começam a orbitar em torno da sugestão inicial que vai se fortalecendo. A voz da consciência sofre um abafamento. Nosso domínio próprio é colocado em cheque.

4. CATIVADOS PELA CONCUPISCÊNCIA

Casamos nossa vontade com aquele desejo inicial, nos subjugando a todas as suas sugestões. É só uma questão de tempo e o ato pecaminoso concebido interiormente vai se evidenciar.

Este processo pode dar-se todo na mente e tornar-se pecado sem exteriorizar-se. Se não resistirmos à tentação quando ainda se encontra no primeiro nível de um simples desejo ou pensamento, ela poderá seguir o seu curso resultando em pecado.

A tentação não está obrigatoriamente ligada a pecaminosidade. Tanto Adão quanto Jesus não possuíam pecado e ambos foram tentados: Adão cedeu à tentação, enquanto Jesus mostrou que podemos vencê-la.

A tentação pode vir tanto de dentro de nós, como de uma influência externa. Muitas vezes, atribuímos ao diabo tentações que brotam em nós mesmos, que na verdade são frutos dos nossos próprios desejos egoístas. No caso dos anjos que caíram, por exemplo, eles nunca haviam pecado antes e não tiveram nenhuma influência externa de tentação, e, no entanto, foram tentados.

É certo também que Satanás está constantemente analisando nossos pontos fracos e disparando seus dardos inflamados, tentando furtar nossa autoridade através do pecado.

O grande segredo de vencer a tentação está na velocidade com a qual reagimos a ela. Quanto mais demoramos em reagir maior se torna a possibilidade de consumar o pecado. Quanto menos tempo nos permitimos ficar exposto à tentação, mais facilmente a venceremos.

É indispensável desenvolvermos uma habilidade espiritual de resistir à tentação. Quanto mais resistimos à tentação mais imunidade adquirimos em relação àquela área. A mente é o campo de batalha, por isto precisamos bombardear os pensamentos de tentação com verdades vivas da Palavra de Deus como Jesus fez com o diabo.

Para isto acontecer na prática, é indispensável uma vida devocional diária. Um relacionamento responsável com Deus na Palavra e na oração redunda numa vida plena de discernimento espiritual e domínio próprio.


Retirado do livro "A Face Oculta do Amor" - o livro do discipulado dos meninos.


terça-feira, 14 de junho de 2011

MONTANDO UMA EMBOSCADA


Por Bill Johnson


A fome por Deus é dos melhores sinais de vida que uma pessoa pode ter. Ela revela uma consciência profunda da existência de um destino maior e de uma maior realização pessoal. Algumas pessoas tem uma concepção a respeito da presença de Deus com elas, mas não estão entreladas a uma interação ou experiência verdadeiras. Devemos passar por cima da consciência intelectual passada para sentirmos fome de encontro sinceros que mudem e transformem.

O desejo em cima é testemunho de que existe mais, e o fato de termos esse desejo de buscar Deus deveria nos encorajar a perseguir esses encontros. É quase impossível sentir fome por algo que não existe. Desejo doces apenas porque existem coisas doces. Da mesma forma, meu coração clama por Deus porque fui criado para achar completa realização somente nele. E quanto mais eu O conheço, mais tenho certeza de que será fiel em satisfazer o desejo que colocou em mim.

Uma das promessas mais importantes de Jesus foi feita aos seus discípulos um pouco antes da sua morte. "Aquele que me ama [...] eu também o amarei e me revelarei a ele" (Jo 14:21) Jesus prometeu que eles o veriam novamente. Essa é claramente não apenas uma promessa de que eles o veriam no céu, porque isso já era certo. Não era também uma promessa só pros discípulos, mas a todos que o amam. (Caso contrário, podíamos pensar que essa promessa referiu-se apenas à aparição de Jesus aos seus discípulos antes de subir.)

Sua promessa foi para cada geração de cristãos, e isso não significa nada menos de que ele seria visível a nós e que nós certamente o veríamos repetidas vezes. Não podemos apenas receber o Espírito Santo em poder; podemos também ver Jesus sempre e sempre. Esse deve ser o melhor dos dois mundos. Deus nos deu promessas explícitas de que deveríamos buscá-lo sem reservas, confiantes de que Ele será encontrado pelos que o amam e o buscam de todo coração.

DEUS OLHA PARA O CORAÇÃO

Deus se revela aos que o amam. Que tipo de pessoas são os qie o amam? Se fizermos uma lista de pessoas na Escritura que ilustram o que é amar a Deus, Davi provavelmente estará no topo da lista. É surpreendente ver até onde o seu amor a Deus o levou.

Quando Deus mandou o profeta Samuel ungir o homem que ele havia escolhido para substituir o rei Saul, explicou-lhe que não olhava para a aparência exterior, mas para o coração. Foi com base nessa perspectiva que Davi foi escolhido acima dos seus irmãos que eram todos mais adequadas considerando o porte natural. Todavia, o coração de Davi, apaixonado por Deus, atraiu a atenção de Deus para ele. Por consequência, ele foi excolhido para ser Rei. Embora Deus seja capaz de realizar várias coisas ao mesmo tempo - dar total atenção a cada pessoa do planeta ao mesmo tempo -, ele é atraído mais fortemente àqueles cujo coração foi refinado na busca por Ele.

A paixão de Davi por Deus foi vista pela primeira vez na encosta de uma montanha, com ele apascentava as ovelhas de seu pai. No momento tranquilo dos nossos dias, quando ninguém estiver olhando, os verdadeiros desejos de nosso coração podem ser vistos. Foi assim com Davi. Davi era um músico exímio, que escreveu cânticos de louvor a Deus, e fez isso muito antes que essa fosse uma expressão normal de louvor. Até aquele momento da história, Israel havia sido isntruído a oferecer sacrifícios de sangue a Deus como expressão básica de adoração. Mas, havia bem pouco instrução sobre o sacrifício de ação de graças e louvor que poderia ser dado de coração. Davi descobriu que isso era importante para Deus à medida que ele o buscava. Davi aprendeu que o que realmente agradava a Deus era a oferta de um coração quebrantado e contrito e estva ansiaoso por fazer isso. Seu zelo por Deus tornou-se evidente quando ele concedeu a si mesmo o privilégio de adorar e ministrar diretamente ao Senhor.

Davi assumiu a responsabilidade de guardar as ovelhas de seu pai com igual zelo. (Muitos tem paixão por seus objetivos de vida e ambições, mas davi estava direcionado corretamente.) quando um leão e um urso atacaram as ovelhas de seu pai, ele colocou em risco a sua própria vida para salvá-las. Lembre-se, ele fez isso quando ninguém estava olhando; nada foi feito para que outros pudessem reconhecê-lo como um jovem coragoso. Aquilo surgiu de sua identidade com Deus. ele matou os dois animais e tal coragem e integridade o prepararam para o momento em que Deus permitiu que ele matasse Golias, quando todos estavam olhando. Uma vitória conseguida discretamente leva a uma vitória pública e a uma bênção coletiva, porque Deus volta sua face de graça na direção dos que demonstram caráter quando ninguém está olhando.

Muitos anos depois do reinado de Davi, surgiu outro Rei. O profeta Eliseu deu-lhe instruções para ferir o chão com flechas. O Rei seguiu a ordem dele o fez por três vezes. O profeta ficou zangado por sua abordagem displicente da incubência e disse que, se ele tivesse atingido o chão cinco ou seis vezes, teria aniquilado seus inimigos. Em vez disso, ele teria apenas três vitórias temporárias. Toda nação sofria as consequências de seus gesto sem paição. O fato preocupante é que os líderes sem entusiamo pesam sobre todos os que o seguem. Com Davi não foi assim. ele se tornou bem quisto de Deus como homem de grande paixão - por Deus e pela vida.


Retirado do livro "Face a Face com Deus".

sexta-feira, 10 de junho de 2011

FOME E SEDE DE JUSTIÇA


Por J. Wight Pentecost

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Mateus 5:6

Por que é que alguns cristãos continuam bebês espirituais enquanto outros avançam na direção da maturidade? Às vezes pensamos que se deve a diferenças de personalidade, pois alguns parecem mais religiosos do que outros e mais desejosos das coisas do espírito. Às vezes achamos que a diferença reside na salvação do homem ou em sua experiência com Cristo, pois alguns se chafurdaram no pecado e foram retirados de suas profundezas, e alcançaram maturidade espiritual devido a essa grande transformação. Pensam outros que por causa de treinamento cedo ― criados num lar cristão e aprendendo de Cristo desde os primeiros anos ― os homens se tornam mais espirituais.

Voltando-nos, porém, para a Bem-aventurança de Mateus 5:6 entendemos o segredo do gigante espiritual. Nosso Senhor disse: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos." Ele declarou que o segredo do crescimento espiritual está no apetite espiritual. Os que comem pouco, pouco crescerão; os que comem muito, muito crescerão. Os que têm apetite voraz pela Palavra de Deus e pela Pessoa de Jesus Cristo; que satisfazem esse apetite alimentando-se da Palavra e comungando com o Senhor, esses crescerão em maturidade espiritual; tornam-se gigantes espirituais.

Um médico pode dizer muito sobre o progresso de seus pacientes conhecendo quanto e o que comem. O desenvolvimento físico relaciona-se com o apetite físico. Não é menos verdadeiro no campo espiritual. O crescimento, o desenvolvimento e a saúde espirituais estão inseparavelmente unidos ao apetite espiritual.

Este princípio acha-se exemplificado no testemunho de alguns gigantes espirituais cuja vida está registrada na Palavra de Deus; eles nos contam os segredos de seus corações. Examinemos primeiro a experiência de Moisés. Ele fora chamado ao monte Sinai onde Deus lhe fez a maior revelação de si mesmo; a nenhum homem, desde a queda de Adão, o Senhor se revelara assim. Deus revelou sua santidade a Moisés para que ele a comunicasse aos filhos de Israel. Depois de algum tempo passado no monte, onde ele havia contemplado a glória de Deus, em obediência à ordem divina Moisés erigiu o tabernáculo. Terminada a obra, Moisés entrou no tabernáculo, e na presença de Deus. Ali ele fez um pedido que revela o profundo anseio de seu coração: "Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça" (Êxodo 33:13).

E mais adiante: "Rogo-te que me mostres a tua glória" (v. 18). Tudo o que Deus havia revelado de si mesmo a Moisés, em vez de satisfazer-lhe, criou nele uma profunda fome de conhecer mais da Pessoa que o levara a tal relacionamento. Ele não proferiu uma oração de ações de graça: "Louvo-te e te dou graças pelo que me revelaste"; sua oração expressava o anseio do coração: "Rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça ... Rogo-te que me mostres a tua glória." Em resposta ao pedido de Moisés, Deus o coloca numa fenda da penha. Para que Moisés não fosse consumido pelo brilho da glória divina, o Senhor interpôs sua mão entre sua glória e Moisés. Protegido pela mão de Deus, o anseio de Moisés foi satisfeito: a glória de Deus foi-lhe revelada. Essa revelação veio em resposta à fome, ao anseio do coração de Moisés de saber mais. "Rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça... Rogo-te que me mostres a tua glória."

Davi andou em tão íntima comunhão com Deus que pôde escrever os salmos que têm servido de consolo aos santos sofredores através dos séculos, e os têm guiado em sua adoração até aos nossos dias. Ele se havia aprofundado nas coisas do coração de Deus, de sorte que podia dizer: "O Senhor é o meu pastor: nada me faltará" (Salmo 23:1). Ele testificou da proximidade de Deus enquanto percorria os caminhos da vida. Entretanto, no Salmo 42, Davi falou do anseio de seu coração: "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (vv. 1, 2). Como a corça, perseguida por inimigos naturais, levada ao ponto da exaustão, sente em cada fibra de seu organismo a necessidade de água refrescante, assim, disse Davi, "A minha alma tem sede de Deus". De novo, no salmo 63, ele declarou a mesma verdade: "Ó Deus, tu és o meu Deus forte, eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, numa terra árida, exausta, sem água. Assim eu te contemplo no santuário, para ver a tua força e a tua glória" (vv. 1 -2). O salmista aprofundou-se no coração de Deus, não porque fosse naturalmente religioso, nem por causa de alguma circunstância em sua vida. Ele aprofundou-se no conhecimento de Deus, e na experiência com ele, porque o Senhor lhe satisfazia a fome do coração.

No capítulo 3 da carta aos Filipenses, Paulo relembra as grandes bênçãos que encontrou ao conhecer a Jesus, bênçãos que suplantavam tudo o que se podia conhecer no judaísmo. Muito embora Paulo se lembrasse de um ministério no qual levou a luz de Cristo ao império romano, ele
clamou: "Para o conhecer e o poder da sua ressurreição e a comunhão dos seus sofrimentos" (v. 10). Para o conhecer. Paulo não estava satisfeito com o resultado de seu ministério, e o fruto dos seus esforços não lhe dava satisfação. Seu coração não se satisfazia com a atividade; sua felicidade
estava na comunhão com uma Pessoa. Uma das tragédias de nosso tempo é que os homens se perdem em atividades e se satisfazem mantendo-se ocupados. Paulo disse que não era a atividade do ministério que o satisfazia, mas a comunhão com uma Pessoa. O anseio de seu coração era que ele pudesse aprofundar-se mais e mais nas coisas de Deus.

Era esta a preocupação de Pedro, ao escrever às ovelhas do seu rebanho espiritual: "Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento" (1 Pedro 2:2). Em sua segunda carta, ele ordenou; "Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (3:18).. Pedro colocou sobre os filhos de Deus a responsabilidade de passar da infância e imaturidade espiritual para a maturidade e vida adulta. Mas Pedro disse que o crescimento depende do apetite. "Desejai ardentemente ... o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento." A Palavra de Deus devia ser para a alma o que o alimento é para o corpo. Como a perda de apetite indica um grave problema físico, assim a perda do apetite espiritual indica um sério problema no campo espiritual.

O autor da carta aos Hebreus escreveu a um grupo de crentes salvos havia muito tempo. Tinham enfrentado sofrimentos por amor a Cristo e estavam fundamentados na Palavra de Deus ao ponto de se qualificarem como mestres. Mas, segundo Hebreus 5:11-14, negligenciaram a Palavra e o conhecimento da verdade de Cristo que outrora possuíram, e regrediram à infância ou, como preferem alguns, à senilidade espiritual. Qualquer filho de Deus que negligencia a Palavra divina defronta-se com esse perigo. Nenhuma situação preocupa tanto o coração do pastor como verificar o desenvolvimento do retrocesso espiritual na vida de alguém. Penso nos que vieram a conhecer a Jesus Cristo como Salvador pessoal mediante o ministério da Palavra, os quais demonstraram a autenticidade de sua salvação por meio daquilo que parecia uma fome insaciável da Palavra de Deus. O desejo de alimentar-se deste Pão vivo trazia-os com fidelidade e expectação a todos os cultos. Pediam ao pastor que lhes recomendasse livros para estudo. Com freqüência o telefone do pastor tocava cedo de manhã ou tarde da noite, porque alguém encontrara na Palavra algo que não conseguira entender; e o recurso era telefonar ao pastor pedindo que lhes explicasse o texto. Davam prova de que estavam crescendo nas coisas do Senhor.

Algum tempo depois os telefonemas começaram a diminuir; as reuniões de oração já não se realizavam. Oh, sim, estavam na igreja domingo de manhã e de noite, mas o apetite perdera o vigor. Logo mais, um só culto por semana lhes dá tudo aquilo que sentem necessitar; mais tarde se satisfazem com um comparecimento esporádico. Têm apetites que necessitam ser satisfeitos, mas não o estão sendo pela Palavra. Abrem os ouvidos e os olhos ao que não é alimento e permitem que isto lhes entre na vida. Dão a si mesmos aquilo que nunca pode satisfazer. Enterram-se em tantas atividades e deixam fora Jesus Cristo e a Palavra de Deus. Estabelece-se o retrocesso espiritual. A perda do apetite espiritual é sintoma da gravíssima situação que um filho de Deus pode enfrentar.

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos." Se o Espírito o convenceu, diante de Deus, de que seu apetite perdeu a força, ou, possivelmente, o apetite se foi, com base na autoridade da Palavra dizemos-lhe que não pode haver e não haverá crescimento espiritual, desenvolvimento, alegria em sua experiência cristã, poder em sua vida enquanto você não voltar à Palavra de Deus e à Pessoa de Jesus Cristo, e cultivar de novo aquele apetite que se embotou ou perdeu. Ouça de novo o grito do coração dos gigantes: "Rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça." "Como a corça suspira pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma." "Para o conhecer." "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos."


Retirado do livro "O Sermão da Montanha".

segunda-feira, 6 de junho de 2011

ENTRANDO EM SUA PLENITUDE

Por Bill Johnson

Jamais houve outro momento na história da humanidade no qual 1 milhão de escravos se levantaram repentinamente e saíram do país onde estavam sendo oprimidos. Com exceção da vida, crucificação, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, o êxodo é pro álveo ente a coisa mais incrível que já aconteceu. Da perspectiva de Deus, no entanto, a maior realidade para seu povo não foi a libertação, mas o propósito da libertação. O mesmo é verdade com respeito à salvação que Cristo nos dá. O significado e a natureza dessa salvação é algo sobre o que vamos aprender durante toda a vida. Nunca devemos deixar de meditar no fato de que uma vez estivemos mortos em nossos pecados e fomos ressuscitados como nova criação com um espírito vivo, no qual o Espírito de Deus habita. Mas a verdade é que a vida no Reino é uma realidade maior do que o ingresso no Reino.

Essa verdade é retratada simbolicamente pela história do êxodo. Quando os israelitas saíram da escravidão no Egito, passaram pelo mar vermelho. Essa é uma ilustração do batismo nas águas, o ato profético pelo qual declaramos a fé em Cristo e recebemos o perdão por nossos pecados. Deus não tirou simplesmente Israel da escravidão; ele também levou os israelitas à terra prometida. E, quando ele os introduziu naquele novo território, eles atravessaram outra porção de águas, o rio Jordão, para alcançar a terra prometida. Isso representa o batismo do Espírito. (Jesus se referiu ao Espírito Santo como um rio, por exemplo, em João 7.38,39.) O primeiro batismo nos faz "sair do vermelho", por assim dizer, representando o pagamento de nossa dívida de pecado. O segundo batismo nos faz entrar no saldo positivo, ilustrando a experiência de encher-nos de Deus para poder caminhar com ele e representá-lo mais eficazmente como seus agentes de poder na terra. A terra prometida ao cristão é viver a visa no domínio do Reino - o domínio do Rei. Essa é a esfera para a qual fomos salvos.

Na realidade, duas tribos meia decidiram viver em lado do rio enquanto nove tribos e meia atravessaram para a terra prometida. Deus exigiu que eles trabalhassem juntos para garantir a herança dos povos dos dois lados do rio. Esse "rio" continua sendo um ponto de divisão até hoje, já que uma multidão de pessoas maravilhosas escolheu viver no outro lado do rio das intenções de Deus. Elas não são inferiores nem têm menos poder. Mas se contentaram com menos. Existe mais do outro lado do rio.

O que a história do êxodo nos mostra é que é possível as pesssoas serem tiradas da escravidão, mas se deterem logo antes de entrarem na terra das promessas. De fato, toda a geração que saiu do Egito não atingiu o destino que Deus tinha pra ela; morreu na pequena península entre o Egito e a terra prometida. A razão simples para esses destinos abortados foi a falta de arrependimento - o fracasso em permitir que Deus reciclasse a mente deles da mentalidade servil do Egito à mentalidade dos que se ajustam a andar em compromisso com ele.

Da mesma forma, muitos cristão se arrependem o suficiente para ser perdoados, mas não o suficiente para ver o Reino. Como eu disse antes, a primeira instrução de Jesus em seu ministério foi: "Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo". Todavia, assim como fizeram os israelitas, tais cristãos perdem muito do que está disponível na autêntica vida cristã e correm o perigo de contentar-se com uma visa de religiosidade formal.

Religião é a antítese do Reino. E o Reino - a esfera de domínio do Rei - é o que todo homem, mulher e criança anseia no fundo do coração. A religião fria apetite que não pode ser satisfeito. Por natureza ela dá valor à forma sem poder, à formação sem experiência. Ela torna aparência exterior uma prioridade sobre os assuntos do coração. Por essa razão, a religião não dá oportunidade para o conhecimento real de Deus e, portanto, é cruel, sem poder e enfadonha.

Precisamos ser um povo que não esteja disposto a sacrificar os ideais do Reino por substitutos artificiais. O presente mover de Deus está em toda parte, reciclando-nos para nos manter em sua presença manifesta e para vivermos somente com esse propósito.

CONHECIDO POR DEUS

A diferença fundamental entre cristianismo autêntico e religião é conhecer e ser conhecido por Deus, ao contrário de meramente saber a respeito dele. De fato, a única coisa mais importante do que conhecer Deus é ser conhecido por ele. Jesus deicou isso claro no evangelho de Mateus, quando advertiu que o Pai diria a alguns: "Nunca os conheci. Afastem-se de mim [...]" (Mateus 7.23).

Saber algo a respeito de uma pessoa não é o mesmo que conhecê-la. Quando criança eu era um grande admirador de Willie Mays, o jogador de beisebol do San Francisco Giants, integrante do Hall da fama. Eu lia tudo o que podia a respeito dele, colecionava seus cromos, ia aos jogos e ouvia incontáveis transmissões de rádio dos jogos do Giants. Eu podia dizer sua data de aniversário, dar inúmeras estatísticas sobre suas façanhas em campo e até mostrar minha cópia de seu autógrafo. Mas eu não o conhecia, ele não me conhecia. Para que isso acontecesse teríamos de passar tempos juntos, e ele teria de me deixar entrar em sua vida, da mesma forma que eu teria de fazer em relação a ele. Só se isso acontecesse eu poderia dizer: "Conheço Willie Mays".

Embora Deus conheça tudo a respeito de todos, ele não conhece cada um. Ele pode saber mais fatos a respeito de uma pessoa do que ninguém jamais poderia saber a respeito de si mesmo. Mas um relacionamento precisa de mútuo consentimento e cooperação. Para que ele me conheça, preciso abrir meu coração e dar-lhe acesso às coisas secretas de minha vida. É por isso que confessar os pecados a Deus é tão importante. É o começo do relacionamento. Ele já conhece tudo - o que é bom, o que é perverso e o que é imoral. Mas, quando lhe confesso meus pecados, concordo com ele a respeito de serem errados. Contudo, um relacionamento precisa ser construído sobre mais do que uma confissão, que apenas remove os obstáculos e o torna possível. Ao confessar o pecado, eu me abro para ele a fim de fazer do relacionamento pessoal uma possibilidade.

Os relacionamentos são construídos sobre confiança, comunição, interesses comuns, honestidade e tempo juntos. Quando se trata de conhecer Deus não é diferente. É a partir do conhecimento de Deus que descobrimos nosso maior propósito na vida.

Ser conhecido por Deus é a coisa mais importante na vida e não acontecerá sem minha rendição e resposta a ele.


Retirado do livro "Face a Face com Deus".

quinta-feira, 2 de junho de 2011

SÉRIE: AS VESTES DA HUMILDADE - PARTE 2

Por A.W.Tozer

"Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós." 1 Pe 5;6 e 7

Deus dá graça ao humilde

É importante observar também que esse texto afirma que o mesmo Deus que tem que resistir ao soberbo, sempre está pronto para conceder ao humilde a sua graça. A Bíblia ensina que devemos humilhar-nos sob a potente mão de Deus. Se tivéssemos que demonstrar nossa humildade apenas sob a mão de Deus, isso seria relativamente fácil. Se o Senhor lhe dissesse: “Olhe, vou chegar à igreja, e vou me colocar lá na frente. Você deverá vir ajoelhar-se e humilhar-se diante de mim”, isso seria muito fácil, pois sei que não é humilhante ajoelharme diante do próprio Deus. Qualquer um poderia fazer isso e continuar a sentir-se orgulhoso, embora estivesse ajoelhando-se perante a eterna Majestade de Deus nas alturas. Mas Deus conhece nosso coração e não permite que obedeçamos à sua ordem de ser humilde somente com um gesto exterior.

Deus pode usar pessoas que achamos não ser dignas de engraxar nosso sapato, e no entanto, numa determinada situação, ele pode querer que nos humilhemos mansamente e aceitemos aquilo que elas fizeram conosco. Com esse espírito de mansidão, estaremos humilhando-nos debaixo da potente mão de Deus. Vamos recordar o exemplo de nosso Salvador, cruelmente fustigado e ferido pelos chicotes. Aquelas chicotadas não foram dadas por um arcanjo, mas pelas mãos de um soldado romano, pagão. Todo aquele sofrimento que ele suportou foi-lhe infligido por homens ímpios, maus, blasfemos, de boca suja, que não eram dignos de limpar a poeira da sola do sapato dele, e não por multidões das hostes celestiais. Mas Jesus, voluntariamente, se humilhou debaixo das mãos dos homens, e assim fazendo, humilhou-se também sob a mão de Deus. Submeter-se, mas não fazer concessões Muitas vezes os crentes indagam: “Mas então tenho que me humilhar e aceitar mansamente todas as situações da vida?” Em minha opinião a resposta para isso é a seguinte: como crentes, para nos humilharmos, não devemos transgredir as leis morais nem falsear a verdade.

Se para nos humilharmos tivermos que fazer concessões à verdade, não devemos humilhar-nos. O mesmo se aplica quando se trata de transgredir as leis morais. Estou certo de que Deus não exige que ninguém se humilhe moralmente ou falseando a verdade. Mas temos uma orientação de Deus para nos humilharmos debaixo de sua potente mão - e que os outros atirem a primeira pedra! Mas nessa orientação que Deus dá a seu povo para que se humilhe, ele faz uma promessa, a de que “em tempo oportuno” ele nos exaltará! “Tempo oportuno”. Acredito que isso se refere a uma ocasião adequada em todos os aspectos. Será a hora que Deus sabe ser a melhor para nós, para nosso aperfeiçoamento, uma hora em que seu nome receberá toda a glória, e que resultará em bem para outros. Esse é o “tempo oportuno”.

É possível que Deus, em sua vontade, queira que esperemos um longo tempo antes de sermos exaltados. Ele poderá deixar que trabalhemos muito tempo, em humildade e sujeição, antes de nos honrar, porque ainda não é o “tempo oportuno”, não é o tempo dele. Irmão, Deus sabe o que é melhor para cada um de nós, no seu plano de transformar-nos em crentes que irão glorificá-lo e honrá-lo em todas as coisas. Muitos de nós prejudicamos nossos filhos concedendo-lhes coisas que não deveríamos dar: ensinando-os a dirigir antes que tenham a idade certa; dando-lhes muito dinheiro antes que saibam o valor dele; dando-lhes liberdade excessiva antes que eles saibam o que é ter responsabilidade e maturidade. Fazemos isso por causa de uma afeição mal aplicada, mas essas coisas prejudicam nossos filhos. Retribuir uma pessoa por coisas que não fez por merecer certamente resultará em prejuízo para ela. Assim também, se Deus vier prontamente em nossa defesa, antes que tenhamos passado pelo fogo, isso redundará em prejuízo para nós.

A hora de Deus é a melhor

Estamos vendo aqui uma verdade bíblica, e não uma ficção criada por homens. Se a história de Daniel fosse escrita por um autor de ficção moderna, ele procuraria proteger o profeta. É possível que na hora em que ele fosse lançado na cova dos leões, todos ouviriam uma voz do céu bradando algo, e aqueles animais cairiam mortos.

Mas o que foi que aconteceu realmente? Deus permitiu que os inimigos de Daniel o jogassem na cova dos leões e que ele passasse a noite ali, porque o “tempo oportuno” de Deus para Daniel era na manhã seguinte, e não na noite anterior. Gostaria de ver também como os escritores de ficção hoje tratariam a história dos três hebreus que foram lançados na fornalha ardente. Provavelmente escreveriam todo um romance com aquele fato! Eles teriam que inventar um artifício humano, dramático, para apagar aquele fogo pouco antes de os três rapazes serem lançados na fornalha - mas isso seria apagar o fogo antes da hora! Para que a vontade de Deus fosse feita, e ele fosse glorificado em tempo oportuno, aqueles moços tinham que entrar no fogo e passar a noite ali - o tempo oportuno era pela manhã.

Deus disse que nos exaltará em tempo oportuno, mas lembremos que ele está falando de sua hora, não da nossa. É possível que alguns leitores estejam nesse momento passando por uma fornalha ardente. Talvez estejam passando por uma provação espiritual. Pode ser que o pastor não saiba de nada, nem as outras pessoas, mas você pode estar orando a Deus e perguntando: “Senhor, por que não me tiras daqui?”

É que, pelos planos de Deus, ainda não é o “tempo oportuno”. Assim que você tiver passado pelo fogo, Deus o libertará disso, e não haverá cheiro de fumaça em sua roupa, e você não terá sofrido dano algum. O único dano que pode haver decorrerá de você insistir em que Deus o retire da provação antes da hora por ele planejada.

Deus prometeu exaltar-nos no momento oportuno, e ele sempre cumpre as promessas que faz a seu povo. Nós, os filhos de Deus, sempre podemos esperar. Quando um filho de Deus está no centro da vontade de Deus, ele não precisa preocupar-se com o tempo. O pecador, sim, ele não tem tempo. Terá que apressar-se, ou então irá para o inferno. Mas o crente, não; o crente tem à sua frente uma eternidade de bênçãos.

Então, se você estiver numa fornalha, não queira sair dela antes da hora. Espere pela vontade de Deus, e ele o exaltará no tempo oportuno - o momento certo para as circunstâncias. Será uma hora certa, determinada por Deus, com o propósito de glorificá-lo, e edificar seu espírito. Uma das maiores fraquezas que nós, os crentes, temos, é a de querer tudo acertado antes que a provação termine. Deus já disse que ele deseja testar-nos e pôr-nos à prova, e que depois que a provação terminar ele mesmo dará o veredito: “Provado e achado sem falta!” Eu só peço a Deus que, nesta época em que aguardamos o retorno de Cristo, todos nós possamos conduzir-nos como filhos dele, como crentes cheios de fé. Paulo disse que, quando Jesus veio ao mundo, veio na plenitude dos tempos - era a hora determinada por Deus para que ele viesse e morresse pelos nossos pecados.

E Pedro afirma que Deus nos exaltará em “tempo oportuno”, referindo-se ao fato de que Jesus vai voltar à terra no tempo determinado por Deus. O desejo de Deus para nós, nesses dias, é que vivamos em sujeição uns aos outros, em humildade, preparando-nos para a volta de seu Filho, que será exaltado juntamente com seus filhos!