segunda-feira, 30 de maio de 2011

SÉRIE: AS VESTES DA HUMILDADE - PARTE 1

Por A.W.Tozer

Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça. 1 Pe 5.5

Quando o apóstolo Pedro aconselha aos crentes que se revistam de humildade no seu trato uns com os outros, na verdade, está dando a entender que a humildade deve ser uma espécie de uniforme que nos identifique diariamente.

Naquela época, era costume as pessoas se vestirem de acordo com seu status e sua posição na sociedade. Hoje em dia, também, costumamos identificar alguns servidores públicos pelo tipo de roupa uniformizada que usam. Se, por exemplo, estivermos numa cidade estranha e necessitarmos de um determinado tipo de auxílio, logo daremos uma olhada pelas redondezas à procura de um policial, que podemos identificar pela farda.

Quando o carteiro chega em nossa casa, também, nós não temos nenhum receio dele. O uniforme que usa mostra que ele é um servidor público, com a responsabilidade de realizar um tipo de serviço.

E o Espírito Santo, através das palavras do apóstolo, ensina que é necessário que os membros do Corpo de Cristo estejam submissos uns aos outros pelos laços do amor, da misericórdia e da graça. E essa postura de submissão e humildade, assumida em sinceridade, torna-se o nosso uniforme, nosso adorno, que mostra para os outros que somos remidos, que somos discípulos obedientes de Jesus Cristo e que pertencemos a ele!

E se lembrarmos que foi Jesus Cristo, nosso Senhor, quem se revestiu de humildade, e rebaixou-se a tal ponto de chegar à morte, e morte de cruz, não acharemos estranha essa orientação de Pedro.

Esse ensino é um exemplo divino e escriturístico que temos na pessoa de Jesus, que, “subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornandose obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome” (Fp 2.6-9). É muito importante que os crentes entendam que, como Jesus veio ao mundo revestido de humildade, ele sempre estará entre aqueles que se revestem de humildade. Ele sempre se encontrará entre aqueles que são humildes. Há muita gente que ainda não aprendeu essa lição.

Quero mencionar aqui uma passagem muito interessante do livro de Cantares de Salomão que, em minha opinião, revela de forma muito prática o anseio que o Noivo celestial tem de estar em comunhão com aqueles que lhe são caros no plano do serviço humilde. Encontra-se no capítulo 5. A noiva está narrando sua aflição porque seu amado a chamou no meio da noite, para sair com ele, mas ela demorou a responder.

Ele dissera a ela que a cabeça dele estava coberta de orvalho, o cabelo molhado pelas gotas da noite, pois ele estivera colhendo mirra, lírios, e cuidando de suas ovelhas. Resumidamente, ela recorda que estava belamente vestida para a noite, mas essa roupa não seria apropriada para atender ao chamado dele, pois ele queria que ela fosse estar com ele, onde ele se encontrava, na sua humildade, trabalhando entre as ovelhas, no serviço das hortas e dos campos. Por fim ela confessa: “Abri ao meu amado, mas já ele se retirara e tinha ido embora ... busquei-o mas não o achei; chamei-o, e não me respondeu.” Quando afinal ela se dispusera a vestir as roupas certas, para auxiliá-lo no serviço humilde, ele já fora embora.

As Escrituras ensinam claramente que Deus está sempre do lado dos humildes, e Pedro concorda plenamente com este ensino de que Deus resiste aos soberbos mas aos humildes concede a sua graça. É possível que as pessoas, de um modo geral, pensem que encontrarão Jesus Cristo onde quer que elas estejam. Mas eu acho que existe a possibilidade de encontrarmos a Cristo somente onde ele está - e ele está na posição de humildade - sempre!

Deus resiste aos soberbos

Deus resiste àquele que é orgulhoso e obstinado. Acredito que Deus vê a atitude do orgulhoso como uma atitude de resistência a ele. Não é muito comum um homem levantar os olhos para Deus e dizer: “Ó Deus, eu resisto a ti; eu te desobedeço!” Talvez isso aconteça uma vez em cada cem anos. Os homens, geralmente, não têm essa atitude. O mais provável é que nos oponhamos a ele fazendo resistência ao lado em que ele está ou aos seus ensinamentos.

Mas a Bíblia mostra com clareza que quando uma pessoa orgulhosa e obstinada resiste a Deus, pode saber que Deus também estará resistindo a ela. Quando um homem delibera firmemente praticar uma ação contra um crente, mesmo que este tenha razão no ponto em questão, ele descobrirá depois que Deus faz resistência a ele, pois seu espírito e atitude estão errados. Deus não olha apenas a situação exterior, ele vê o espírito e a atitude do indivíduo. Ele está mais interessado na maneira como reagimos à agressão ou aos maus tratos, do que no fato de que fomos maltratados.

Alguns crentes já passaram pela experiência de ser destratados por outros, com palavras violentas e linguagem bem agressiva. No que diz respeito a Deus, essa violência não interessa. Se você é um filho de Deus que está sofrendo agressões ou perseguição por causa dele, o grande interesse dele é a atitude que você terá em face da agressão.
Você teria um espírito de resistência, com intenções de vingança? Se você resistir ao Espírito de Deus, que lhe pede que demonstre o amor e a graça de Jesus Cristo, seu Salvador, pode ficar certo de uma coisa: Deus também resistirá a você! Bem, mas isso não quer dizer que agora Deus vai-se virar contra você e tomar o partido do outro que o maltratou. Mas quer dizer que ele irá resistir-lhe porque sempre resiste ao obstinado.

Mesmo que a razão esteja com você, Deus eleva em conta que sua atitude está errada. O fato de Deus resistir ao soberbo, não significa também que mandará logo sobre ele um castigo severo. É provável que nem revele sua resistência a ele com um castigo visível ao público. Raramente Deus nos dá castigos trágicos. Muitas vezes tenho-me perguntado se não aprenderíamos mais depressa a lição da humildade se Deus resistisse a nós, como dois soldados em luta se resistem um ao outro: com um entrechoque de espadas, e derramamento de sangue. Mas não é assim que ele age.

Quando Deus resiste a um homem por causa de pecados de atitude, e do espírito, ocorre uma lenta degeneração espiritual interior que é um sinal do castigo que veio sobre ele. E esse endurecimento lento do coração provocado pela nossa obstinação em não nos rendermos a Deus, acaba provocando cinismo. Desaparece o gozo espiritual, e não produzimos mais os frutos do Espírito. A pessoa que passa por esse processo acabará azedando-se como uma fruta estragada - e não é exagero dizer que aquele que provoca a resistência divina continuará a azedar-se amargamente em seu próprio sumo.

Deus resiste ao soberbo, e acredito que o aspecto mais importante de tudo isso é o seguinte: essa pessoa pode estar com a razão na questão básica, mas fracassou no teste a que seu espírito foi submetido.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

SÉRIE: O PRECIOSO SANGUE DE CRISTO - PARTE 3


Por Charles H. Spurgeon

8. Podemos tomar apenas um minuto agora para falar sobre a INFLUÊNCIA SANTIFICADORA do sangue.

O autor de Hebreus nos diz no capítulo 9, versículo 14, que Cristo santificou o povo pelo Seu próprio sangue. Certamente que sim, o mesmo sangue que justifica, retirando o pecado, age subseqüentemente sobre a nova natureza e leva avante o cristão para subjugar o pecado e seguir os mandamentos de Deus. Não há motivo tão grande para a santidade quanto aquele que flui da pessoa de Jesus. Se vocês querem saber porque devem ser obedientes à vontade de Deus, meus irmãos, olhem para Aquele que suou grandes gotas de sangue, e o amor de Cristo os constrangerá, e vocês assim julgarão: "... que se uni morreu por todos, logo todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou". (2 Cor. 5:14-15).

9. Ainda outra magnífica virtude do sangue de Jesus é seu PODER DE DAR ACESSO

Está escrito que o sumo sacerdote nunca entrou além do véu sem sangue; e certamente nós nunca poderemos entrar no coração de Deus, nem no segredo do Senhor, que está com aqueles que O temem, nem em qualquer relação familiar com nosso grande Pai e amigo, exceto pelo aspergir do precioso sangue de Jesus. "Temos acesso com confiança em Sua graça", mas nunca ousaremos dar um passo em direção a Deus, exceto se aspergidos com este precioso sangue. Estou persuadido de que alguns de nós não nos aproximamos de Deus porque nos esquecemos do sangue. Se tentarem ter um relacionamento com Deus, baseado em seus próprios méritos, suas experiências, suas crenças, vocês falharão; mas se tentarem se aproximar de Deus estando em Jesus Cristo, terão êxito fazê-lo, e por outro lado, Deus irá ao seu encontro quando Ele os vir na presença do Seu Ungido. Oh, podermos estar junto de Deus! Mas não há proximidade de Deus, a não ser quando estamos próximos da cruz. Louvem o sangue, então, pelo poder que tem de aproximá-los de Deus.

10. O sangue é realmente precioso pelo seu PODER CONFIRMADOR

Sabemos que nenhum testamento jamais foi válido sem que vítimas tenham sido imoladas e sangue aspergido; e é o sangue de Jesus que ratifica a Nova Aliança, tornando suas promessas em benção para todos os salvos. Daí ser chamado de "o sangue da aliança eterna". O autor de Hebreus muda a figura e diz que o testamento não tem força a não ser quando o testador morre. O sangue é a prova de que o testador morreu, e agora a lei distribui os bens a cada herdeiro; porque Jesus Cristo assinou isso com Seu próprio sangue. Amados, regozijemo-nos em que as promessas são o sim e o amém, por nenhuma outra razão além desta, porque Cristo Jesus morreu e ressuscitou. Se não tivesse acontecido o curvar a cabeça na cruz, o dormir no sepulcro, o levantar do túmulo, então as promessas seriam incertas, falsas, e não imutáveis pelas quais "é impossível que Deus minta" e conseqüentemente nunca propiciaria grande consolação àqueles que fogem para se refugiarem em Cristo Jesus. Considerem como é precioso o poder confirmador do sangue de Jesus.

11. Já estou terminando, mas resta outra virtude do precioso sangue a considerar — SEU PODER
RENOVADOR

Se vocês querem conhecer este poder, devem vê-lo manifestado, como nós geralmente fazemos, quando cobrimos a mesa com a toalha branca e colocamos sobre ela o pão e o vinho. O que significa para nós esta ordenança? Significa que Cristo sofreu por nós e que já havendo sido lavados em Seu precioso sangue, e assim limpos, vimos à mesa para tomar o vinho como um símbolo da maneira pela qual vivemos e nos alimentamos de Seu corpo e de Seu sangue. O apóstolo João registra: "... se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue não tereis vida em vós mesmos" (6:53). Nós portanto, de um modo espiritual, bebemos Seu sangue, e Ele diz: "O meu sangue é verdadeira bebida". Bebida superior, bebida transcendente, bebida fortalecedora! — aquela que os anjos nunca provarão — embora bebam diante do trono eterno. Oh, amados, quando desfalecerem em seus espíritos, esse vinho os confortará; quando suas tristezas forem muitas, bebam e esqueçam suas misérias, e não se lembrem mais de seus sofrimentos.

Quando vocês estiverem muito fracos e abatidos, por amor às suas almas, não tomem somente um pouco mas bebam para satisfazer-se bastante do vinho bem amadurecido, o qual fluiu do próprio coração de Cristo. "Bebei fartamente, oh amados" diz Cristo à noiva; e não vos demoreis quando Ele convida. Vejam: o sangue tem poder para limpar exteriormente como também tem para fortalecer interiormente. Oh, precioso sangue, quantas são as suas virtudes! Possa eu prová-las todas!

12. Finalmente, o sangue tem um PODER VENCEDOR

Está escrito no Apocalipse: "Eles venceram por causa do sangue do cordeiro" (Ap 12:11). Como poderia ser de outra maneira? Aquele que luta com o precioso sangue de Jesus o faz com uma arma que atravessará alma e espírito, juntas e medulas, uma arma que faz o inferno tremer, e torna os céus submissos, e a terra obediente à vontade do homem que pode empunhá-la. O sangue de Jesus! O pecado morre em sua presença, a morte deixa de ser morte e o próprio inferno seria drenado, ressequido, se este sangue pudesse operar lá. O sangue de Jesus! As portas do céu são abertas, barras de ferro são recuadas. O sangue de Jesus! Minhas dúvidas e temores fogem, meus problemas e desastres desaparecem. O sangue de Jesus! Não irei eu conquistando e a conquistar enquanto puder reivindicar isso! No céu esta será a jóia escolhida que brilhará sobre a cabeça de Jesus — que Ele dá ao Seu povo. "Vitória, vitória, através do sangue do Cordeiro!".

E agora, poderíamos usufruir deste sangue? Pode ser alcançado? Sim, é gratuito, tanto quanto cheio de virtudes, gratuito para toda alma que crê! Quem quiser vir e crer em Jesus encontrará a virtude deste sangue em sua vida neste dia. Afaste-se de seus próprios feitos e atos. Volte seus olhos à completa expiação que foi feita, ao maior resgate já pago; e se Deus o capacitar, pobre ouvinte, a dizer hoje neste lugar: "eu tomo este precioso sangue para ser minha única esperança". Você será salvo, e poderá cantar conosco:

Alvo mais que a neve
Alvo mais que a neve
Eis que nesse sangue lavado
Mais alvo que a neve serei!
Que Deus conceda que assim o seja, por amor
de Seu nome. Amém.


Retirado do livro "O Poderoso Sangue de Cristo".

segunda-feira, 16 de maio de 2011

SÉRIE: O PRECIOSO SANGUE DE CRISTO - PARTE 2

Por Charles H. Spurgeon


4. Outra virtude do sangue de Cristo é seu PODER DE PRESERVAÇÃO

Vocês compreenderão melhor isto ao se lembrarem da terrível noite no Egito, quando o anjo da destruição estava do lado de fora para destruir os inimigos de Deus. Um grito amargo subiu de cada casa, quando os primogênitos de todo o Egito, desde o trono do Faraó até o primogênito da mulher operária e do escravo no calabouço, caíram mortos num momento. O anjo percorreu com asas silenciosas rua por rua das muitas cidades do Egito; mas havia algumas casas nas quais ele não podia entrar. Ele embainhou sua espada e não feriu ninguém ali. O que preservou aquelas casas? Os moradores dali não eram melhores do que os outros, suas habitações não eram mais elegantes, não havia nada ali exceto a mancha de sangue nos umbrais e na verga da porta, onde estava escrito: "Quando eu vir o sangue passarei por vós" (Ex. 12:13).)

Nada havia ali que pudesse ter ganho o livramento para Israel, senão o aspergir do sangue. O chefe da família havia tomado um cordeiro e o sacrificara recolhendo o sangue em uma bacia, e enquanto se assava o cordeiro para ser comido por todos os moradores da casa, ele tomou um maço de hissopo, molhou-o na bacia de sangue e foi para o lado de fora com seus filhos e começou a marcar os umbrais da porta e a verga, e tão logo isto foi feito todos estavam seguros, bem seguros; nenhum anjo poderia tocá-los, nem os próprios demônios do inferno poderiam se aventurar por lá.

Amados, vejam, somos preservados em Cristo Jesus. Não viu Deus o sangue antes que vocês e eu o tivéssemos visto? E não foi por esta razão que Ele separou nossas vidas arruinadas quando como figueiras secas não produzíamos frutos para Ele? Lembremo-nos de que, quando vimos o sangue, não fomos salvos porque o vimos; a visão do sangue nos trouxe paz, mas foi o Tato de Deus tê-lo visto primeiro que nos salvou. "Quando eu vir o sangue passarei sobre vós". E hoje, se meus olhos da fé forem obscurecidos, e me for difícil ver o precioso sangue ou mesmo regozijarme por ter sido lavado nele, ainda assim Deus pode ver o sangue, e enquanto a visão clara de Deus contempla o sacrifício expiatório do Senhor Jesus, Ele não pode destruir ou castigar nenhuma vida que esteja coberta com este manto escarlate. Oh, quão precioso é este escudo vermelho! Minha alma curva-se sob ele quando os dardos do inferno estão sendo lançados. Esta é a cobertura que é feita de púrpura; deixe a tempestade vir e o dilúvio se levantar, deixe até mesmo o granizo abrazador descer, debaixo deste pavilhão carmesim minha alma pode descansar segura, pois, o que poderá tocar-me quando eu estou coberto com Seu precioso sangue?

Permita-me, amigo, pedir-lhe que venha para debaixo do abrigo da cruz. Sente-se agora à sombra da cruz e sinta "eu estou seguro, estou seguro, oh, sim demônios do inferno, oh, sim anjos de Deus. Eu posso desafiá-los e indagar: "Quem me poderá separar do amor de Deus em Cristo Jesus, ou quem irá acusar-me, visto que Cristo morreu por mim"? Quando o céu estiver em chamas, quando a terra começar a tremer, quando as montanhas tremerem e Deus separar o justo do ímpio, felizes serão aqueles que encontraram abrigo debaixo do sangue. Mas onde estará você quem nunca confiou no poder purificador do sangue? Você clamará às rochas que o escondam e as montanhas que o cubram, porém será em vão. Ou Deus o ajuda agora ou nem mesmo o sangue poderá ajudá-lo naquele dia.

5. O sangue de Cristo é precioso por causa de seu APELO PREDOMINANTE

No capítulo 12 de Hebreus, versículo 24, o autor sagrado diz que "fala melhor do que o de Abel". O sangue de Abel apelou e prevaleceu; seu grito era "vingança" e Caim foi punido. O sangue de Jesus apela e prevalece; seu grito é "Pai, perdoa-lhes''! — e os pecadores são perdoados por causa dele. Quando eu não posso orar como deveria, quão doce é lembrar-me de que o sangue ora! Não há voz em minha língua, mas há sempre uma voz no sangue. Quando me curvo diante do meu Deus e não posso ir além de dizer: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador", ainda assim meu Advogado diante do trono não está mudo, embora eu o esteja, e Seu apelo não perde poder pelo fato de minha fé no mesmo ter diminuído.

O sangue, semelhantemente, sempre prevalece com Deus. As feridas de Jesus são as muitas bocas para apelar a Deus a favor dos pecadores — e eu até posso dizer que elas são as muitas correntes com as quais o amor é levado cativo e a soberana misericórdia é obrigada a abençoar todos os filhos agraciados. E se eu disser que as feridas de Jesus tornaram-se doadoras da graça através da qual o amor divino vem para o mais vil dos homens, e portas através das quais nossos desejos sobem para Deus e suplicam-Lhe de modo que Ele Se apraz em atendê-los —estou dizendo demais? Na próxima ocasião que vocês não puderem orar, quando estiverem chorando, gemendo, lutando em seu quarto de oração, louvem o valor do precioso sangue que intercede por vocês diante do trono eterno.

6. O sangue é precioso por causa de sua INFLUÊNCIA COMOVEDORA no coração humano.

"E olharão para mim, a quem transpassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele como se chora amargamente pelo primogênito" (Zac. 12:10). Há uma grande lamentação entre os pecadores quando são meio despertados e sentem seus corações tão endurecidos. O sangue comove profundamente. Não há natureza, por mais obstinada que seja, que diante da visão do amor de Deus em Cristo Jesus não possa ser amolecida, se a graça lhe abrir os olhos para ver a Cristo. O empedernido coração humano derrete-se quando ele é mergulhado no sangue divino. Será que não concordariam, caros amigos, que Toplady estava certo quando disse:

Lei e terrores apenas endurecem
Enquanto operam sozinhos,
Mas um senso de perdão comprado por sangue
Logo dissolve o empedernido coração.

Pecadores, se Deus os levar hoje a crerem em Cristo, se vocês confiarem suas almas às Suas mãos para serem salvas, esses duros corações de pedra se derreterão de vez. Vocês pensariam de modo diferente a respeito do pecado, meus amigos, se soubessem o que Cristo sofreu por causa dele. Oh, se soubessem que por trás daqueles queridos olhos estava o coração amoroso de Jesus olhando para vocês, eu sei que diriam: "Eu odeio o pecado que O fez prantear, e O pregou naquela maldita cruz".

Eu não creio que a pregação da lei possa amolecer o coração do homem. Se o golpeássemos com martelo poderíamos juntar ainda mais suas partículas, e tornar o ferro ainda mais duro: mas, oh, pregar o amor de Cristo! — Seu grande amor com que nos amou, mesmo estando nós mortos em nossos pecados, e dizer aos pecadores que há vida em olhar para o Crucificado — certamente isso irá provar que Cristo foi exaltado para dar arrependimento e remissão de pecados. Venham para o arrependimento se vocês não puderem vir arrependidos. Venham para receber um coração compungido se não puderem vir com corações compungidos. Venham paia ser comovidos se ainda não o estão. Venham para ser feridos se vocês não o estiverem.

7. O mesmo sangue que comove tem um AFÁVEL PODER DE PACIFICAR

John Bunyan fala da lei como vindo para varrer o quarto semelhante a uma criada com uma vassoura; e quando ela começa a varrer levanta uma grande poeira que quase sufoca as pessoas além de entrar em seus olhos; mas depois vem o evangelho com suas gotas de água e assenta a poeira, e então a vassoura pode ser usada de modo muito melhor, ora, às vezes acontece que a lei de Deus levanta tal poeira na alma do pecador que nada além do precioso sangue de Cristo pode fazer tal poeira assentar. O pecador é inquietado de tal maneira que nada pode trazer-lhe nenhum alívio senão o conhecimento de que Jesus morreu por ele.

Quando senti o fardo do meu pecado, eu confesso que todas as pregações que ouvi não trouxeram sequer um pingo de consolo. Fui instruído fazer isto e mais aquilo, e quando fiz o que me aconselharam eu não havia avançado um centímetro. Eu pensei que deveria sentir alguma coisa, ou fazer algumas orações, e quando o fazia, a carga ficava ainda mais pesada. Mas, no momento em que percebi que não havia absolutamente nada para eu fazer que Jesus já não o tivesse feito há muitos anos atrás, que todos os meus pecados foram colocados sobre Seus ombros e que Ele sofreu tudo o que eu deveria ter sofrido, então meu coração teve paz com Deus, paz por crer, paz através do precioso sangue.

Dois soldados estavam de serviço no forte de Gibraltar, e um deles tinha recebido paz através do precioso sangue de Cristo; o outro estava em grande aflição mental. Aconteceu estarem de guarda, os dois, de sentinela na mesma noite; e havia grandes fendas nas rochas que foram adaptadas para transmitir a voz à grande distância. O soldado deprimido mentalmente estava a ponto de se desesperar; ele sentia que havia se rebelado contra Deus e não sabia como ser reconciliado com Ele, quando subitamente ouviu o que lhe parecia uma voz vinda do céu, dizendo estas palavras: "O precioso sangue de Cristo". Num instante ele entendeu tudo; foi isto que nos reconciliou com Deus, e então se regozijou com alegria indizível e cheia de glória.

Pergunto: aquelas palavras vieram diretamente do céu? Não. Elas vieram, quanto ao efeito que produziram, do Espírito Santo. Quem havia dito aquelas palavras? Curiosamente, a outra sentinela do outro lado da fenda estava parado e meditando, quando um oficial aproximou-se e pediu-lhe que dissesse a senha da noite, e com a prontidão de um soldado ele o fez, mas não corretamente, pois, estando tão embebido em sua meditação, ao invés de dizer a senha combinada, ele disse ao oficial: "O precioso sangue de Cristo". Imediatamente ele se corrigiu, no entanto suas palavras foram através da fenda e alcançaram os ouvidos para os quais Deus as destinara, e o homem encontrou paz e viveu sua vida no temor de Deus, sendo nos anos seguintes o instrumento usado por Deus para completar uma de nossas excelentes traduções da Bíblia na língua hindi.

Quem pode dizer, queridos amigos, quanta paz vocês podem transmitir somente em contar a história de nosso Salvador. Se eu soubesse que iria morrer e tivesse tempo para dizer apenas algumas palavras eu diria: "Fiel é a palavra e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores" (I Tim. 1:15). A doutrina da substituição é a essência e a força do evangelho, e se vocês puderem pregar isto vão provar o valor do precioso sangue e seu poder de dar paz.

[...]

Retirado do livro "O Preciso Sangue de Cristo"

quinta-feira, 12 de maio de 2011

SÉRIE: O PRECIOSO SANGUE DE CRISTO - PARTE 1


Por Charles H. Spurgeon


"...não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados...
mas com o precioso sangue de Cristo..." (I Ped. 1:18-19).

[...]
Eis uma Pessoa inocente, sem nenhuma contaminação ou imperfeição; uma Pessoa digna, que magnificou a lei e tornou-a honrosa - uma Pessoa que serviu tanto a Deus como ao homem, mesmo até a morte. E não somente isto, mas aqui temos uma Pessoa divina - tão divina que em Atos dos Apóstolos Paulo chama Seu sangue de "o sangue de Deus". Coloquemos inocência, mérito, dignidade, posição e até mesmo deidade numa escala e então imaginemos quão inestimável é o valor do sangue vertido por Jesus Cristo. Anjos devem ter presenciado aquele inigualável derramamento de sangue com admiração e espanto, e mesmo o próprio Deus viu o que nunca antes havia sido visto na criação ou na providência; Ele viu a Si mesmo muito mais gloriosamente apresentando do que o faz todo o universo.

Aproximemo-nos do texto para tentar demonstrar a preciosidade do sangue de Cristo. Vamos limitar-nos a enumerar algumas propriedades desse sangue precioso. [...]

O precioso sangue de Cristo é útil ao povo de Deus de muitas maneiras. Pretendemos falar a respeito de doze delas. Afinal, a verdadeira preciosidade de algo vai depender de sua utilidade para nós em tempos de aflições e provas. Um saco de pérolas seria para nós muito mais precioso do que um saco de migalhas de pão, porém, vocês devem ter ouvido a história do homem no deserto que, já cambaleando, quase morto, tropeçou num saco e abrindo-o esperançoso de que pudesse ser a mochila de algum viajante com alguma comida, encontrou nele apenas pérolas! Quanto mais valioso teria sido para ele se se tratasse de pedaços de pão! Eu digo, na hora da necessidade e do perigo, o uso que podemos fazer de alguma coisa constitui sua verdadeira preciosidade. Isto pode não estar de acordo com a política econômica, mas está de acordo com o bom senso.

1. O precioso sangue de Cristo tem um PODER REDENTOR

Ele redime da lei. Todos nós estávamos sob a lei, que diz: "Faça isto, e viva". Éramos escravos dela; Cristo pagou o preço do resgate e a lei não é mais o nosso mestre tirano. Estamos completamente livres dela. A lei tem uma terrível maldição: qualquer que violar um de seus preceitos deve morrer. "Cristo nos redimiu da maldição da lei, tendo sido feito maldição em nosso lugar" (Gal. 3:13). Pelo temor de sua maldição, a lei infligia um contínuo pavor àqueles que estavam debaixo dela; eles sabiam que a tinham desobedecido, e permaneciam todo o tempo de suas vidas sujeitos à escravidão, temendo que a morte e a destruição viessem sobre eles a qualquer momento. Nós, porém, não estamos sob a lei, mas sob a graça, e conseqüentemente "não recebemos o espírito da servidão novamente para temer, mas recebemos o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba, Pai" (Rom. 8:15).

Nós não tememos a lei agora; seus piores trovões não podem nos atingir porque não são proferidos contra nós! Seus mais tremendos raios não podem nos tocar, porque estamos protegidos sob a cruz de Cristo, onde o trovão perde seu terror e o raio sua fúria. Agora lemos a lei de Deus com prazer; nós a vemos como na arca, coberta com o propiciatório, e não trovejando tempestuosamente como se procedesse do monte Sinai.

[...] Nossa lei está cumprida, pois Cristo é o fim da lei para a justiça; nosso cordeiro pascal foi imolado, pois Jesus morreu: nossa justiça está terminada, pois somos completos nEle; nossa vítima está morta, nosso sacerdote entrou além do véu, o sangue foi aspergido, estamos limpos e livres de qualquer contaminação, "Porque (Ele) aperfeiçoou para sempre os que são santificados" (Heb. 10:14). Valorizem este precioso sangue, meus amados, porque foi assim que Ele os redimiu da escravidão e de cativeiro que a lei impôs sobre Seus seguidores.

2. O valor do sangue está principalmente em sua EXPIAÇÃO EFICAZ

Em Levítico somos alertados que "é o sangue que fará expiação pela alma" (17:11). No regime da lei Deus nunca perdoou pecado à parte do sangue. Isso era uma constante: "sem o derramamento de sangue não há remissão" (Heb. 9:22). Farinha e mel, temperos doces e incensos, de nada valiam sem o derramamento do sangue. Não havia promessa de remissão baseada em esforço futuro ou profundo arrependimento; sem o derramamento de sangue o perdão nunca viria. O sangue, e somente o sangue, tirava o pecado e permitia ao homem chegar-se ao trono de Deus para O adorar, porque o sangue o tornara um com Deus.

Cristo, portanto, veio e foi punido no lugar de todo o Seu povo. Incontáveis são as almas pelas quais Jesus derramou Seu sangue. Ele fez uma expiação completa pelos pecados de todos. Por cada homem nascido de Adão que crê ou irá crer nisso, como também por aqueles levados para a glória antes que sejam capazes de crer, Cristo fez uma expiação perfeita; e não há outro plano pelo qual os pecadores possam se tornar um com Deus, exceto pelo sangue, pelo precioso sangue de Jesus. Eu posso oferecer sacrifícios, mortificar meu corpo, ser batizado, participar das ordenanças, orar de joelhos até que endureçam; posso ler palavras devocionais e até decorá-las, celebrar missas, adorar em uma língua ou em cinqüenta línguas; porém não posso ser reconciliado com Deus a não ser pelo sangue de Cristo, pelo "precioso sangue de Cristo".

Meus queridos amigos, muitos de vocês já sentiram o poder redentor do sangue de Cristo; não estão mais sob a lei, mas debaixo da graça; vocês também sentiram o poder expiatório do sangue e sabem que foram reconciliados com Deus pela morte do Seu Filho, sabem que Ele não é um Deus que está irado com vocês, e sim que os ama com imutável amor. Isso, porém, não acontece com todos aqui. Oxalá acontecesse! Eu oro para que neste dia vocês possam conhecer o poder expiatório do sangue de Cristo. Criaturas, não desejam se identificar com o seu Criador? Homens insignificantes, não teriam um Deus Todo-poderoso para ser seu amigo? Não poderiam estar de bem com Ele exceto através da expiação. Deus apresentou Cristo para ser a propiciação pelos nossos pecados. Oh, recebam a propiciação pela fé no Seu sangue e estejam em paz com Deus.

3. O precioso sangue de Cristo tem também um PODER PURIFICADOR

Em I João 1:17 lemos "...e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado". A conseqüência direta do pecado é a contaminação do pecador, daí a necessidade da purificação. Suponha que Deus, o Santo, quisesse ser reconciliado com o pecador, o que não poderia ser suposto, ainda que os olhos do Altíssimo se fechassem para o pecado, mesmo assim, enquanto continuarmos impuros nunca poderemos sentir em nossos corações algo como alegria, descanso e paz. O pecado é uma praga para o homem que o comete e uma coisa para Deus que o aborrece, Eu preciso ser purificado, preciso ser lavado das minhas iniqüidades, ou nunca poderei ser feliz. A primeira misericórdia mencionada no Salmo 103 é: "...que perdoa todas as tuas iniqüidades" (v.3).

Agora sabemos que é pelo precioso sangue que o pecado é purificado. Homicídio, adultério, roubo, seja qual for o pecado, há poder em Cristo para tirá-lo de uma vez e para sempre. Não importa quantas sejam, ou quão arraizadas nossas ofensas possam estar, o sangue clama, "Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve, ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã" (Is. 1:18). Este é o refrão do céu: "Temos lavado nossas vestes no sangue do cordeiro e tornado-as brancas".

Vocês têm ouvido isto tão freqüentemente que talvez não se interessariam ainda que um anjo lhes revelasse o mesmo, a não ser que por experiência própria tivessem conhecido o horror da impureza e a benção de terem sido purificados. Amados, este é um pensamento que deve fazer nossos corações dispararem dentro de nós, que através do sangue de Jesus nenhuma mancha, ruga ou algo parecido, foi deixado sobre qualquer crente. Oh, sangue precioso que remove as manchas infernais da abundante iniqüidade, permitindo-me ser aceito no Amado, não obstante as muitas maneiras pelas quais em me rebelei contra meu Deus.


Retirado do livro "O Preciso Sangue de Cristo"

segunda-feira, 9 de maio de 2011

CONHECENDO A DEUS EM ORAÇÃO E EM SUA VONTADE


Por Watchman Nee


Visto que andamos por fé, e não pelo que vemos (2 Coríntios 5:7).

Por causa disto três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim (2 Coríntios 12:8).

Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras
(Mateus 26:44).

Continuemos a investigar a questão de como conhecer a Deus. Precisamos aprender a tratar com ele, bem como a ser tratados por ele. Em outras palavras, aprender a comunicar com ele. Anteriormente, mencionamos apenas como tratar com Deus, mas só isso não basta. Falaremos agora de dois outros assuntos, que são: (1) como conhecer a Deus em oração, e (2) como conhecer a Deus em sua vontade. Se não conhecermos a natureza de Deus e não soubermos como comungar com ele, não poderemos prosseguir espiritualmente.

1. Conhecendo a Deus em oração

Uma coisa que intriga os cristãos é como obter resposta de Deus à oração. Cada cristão deve sentir o desejo de que Deus ouça sua oração. Será anormal o cristão do qual Deus ouve a oração apenas uma vez em três ou cinco anos, ou uma vez em três ou cinco meses. Muitos raramente têm experimentado uma resposta de Deus a suas orações. Não estou dizendo que não oram. Digo apenas que suas orações são ineficazes. Muitos crentes não têm a menor certeza de que Deus ouve suas orações. Não sabem se ele respondeu ou não enquanto não conseguirem aquilo pelo que oraram. Não têm a menor convicção no começo. Como cristãos, deveríamos ser espiritualmente ricos, mas nos tornamos pobres por não sabermos orar. Quão pobres seremos se nossas orações forem ouvidas apenas uma vez a cada três ou cinco anos! Já mencionei muitas vezes que nenhum cristão pode viver em um estado de orações não respondidas. Quão terrivelmente deve ter caído!

Hoje, gostaria de examinar como é que o cristão deve orar. Quão cedo deve sua prece receber resposta? Que confiança tem ele após haver orado? Qual será a conclusão disso tudo? E onde podemos adquirir todo esse conhecimento? Podemos obtê-lo através de nosso conhecimento de Deus. Se fizéssemos essas perguntas a pessoas diferentes, elas provavelmente assinalariam mais de dez itens aplicáveis à oração, tais como o abandono do pecado, a necessidade de ter fé, e a necessidade de orar de acordo com a vontade de Deus. O problema é que muitas pessoas conhecem a oração APENAS através da Bíblia; não a conhecem na presença de Deus. Lêem a Palavra e extraem dela as condições para orações respondidas. Aprendem tudo através da Bíblia, e não por intermédio de tratamentos com Deus. Não adianta muito, portanto. Precisamos passar tempo na presença de Deus e aprender a tratar com ele, bem como a ser tratados por ele. Assim, viremos gradualmente a conhecer o que ele requer de nós com respeito à oração. Conhecer a Deus em oração não acontece ao acaso, nem pelo ouvir, nem pelo que digo agora. Um guia turístico só pode indicar um lugar a alguém, mas não leva o turista àquele lugar. Se ele não for até lá, não terá experiência alguma desse lugar específico.

Irmãos, façam de conta que têm um desejo — uma petição que querem que Deus atenda. Orarão a ele a respeito dessa questão. Podem orar fervorosa ou casualmente, longa ou brevemente. No entanto, o mais estranho é que vocês nunca pensam em conhecer a Deus nessa hora de oração. Não se importam realmente se Deus responde ou não à sua oração. Por exemplo, pedem a Deus que lhes dê um livro; e, se ele lhes der o tal livro, considerarão isso como recompensa da parte dele. Deveriam saber, entretanto, que não é apenas um livro que receberam. Também adquiriram conhecimento de Deus. Na verdade, estão aprendendo a orar de maneira tal que recebem uma resposta dele. Receber o livro é muito insignificante, mas saber como orar e ter resposta à oração é um conhecimento extremamente precioso. Através desta hora de oração, vocês chegam a conhecer a Deus um pouco mais. Nosso conhecimento não deve vir apenas da leitura da Bíblia; precisamos recebê-lo diretamente de Deus.

[...]
Obedecer

[...] Posso falar francamente? Muitos irmãos deixam de ter suas orações ouvidas por Deus por não terem aprendido a obedecer. Se não ouvirmos a palavra de Deus, ele não responderá à nossa oração. Deixamos muitas coisas passar despercebidas, considerando-as muito pequenas; mas Deus não permite que passem. Muitos cristãos precisam ser tratados severamente por Deus. Como é que podemos prosseguir se permitimos que coisas passem sem nossa atenção? Sem tratarmos de item por item cuidadosamente, não seremos ouvidos em nossa oração. Em hora de grande perigo, Deus pode nos ouvir excepcionalmente. Mas se quisermos que ele sempre ouça nossas orações, precisamos obedecer-lhe em tudo.

[...]

2. Conhecendo a Deus em sua vontade

Se quisermos conhecer a vontade de Deus, precisamos conversar com ele. Aqueles que não tiverem essa experiência, não conhecerão a vontade divina. Alguns irmãos talvez pensem que é impossível conhecer uma coisa tão tremenda quanto a vontade de Deus. É verdade, Deus é extremamente sublime. Será que ele revela a sua vontade a pessoas tão insignificantes como nós? É importante nos prepararmos. Se um espelho estiver turvo, refletirá uma imagem borrada. Ou se não for muito plano, até distorcerá a imagem que reproduzir. Se estivermos despreparados, quem pode dizer quão mal compreendamos a Deus! Toda vez que desejarmos conhecer a sua vontade, precisamos primeiro tratar de nós mesmos. Precisamos colocar a nossa própria pessoa de lado, dispostos a tudo abandonar; então ele nos revelará a sua vontade. Toda vez que buscarmos a vontade divina, precisamos que nossas pessoas sejam tratadas por ele.

Quando George Müller buscou conhecer a vontade de Deus, examinou a si próprio muitas vezes. Em seu diário, sempre começava sua primeira anotação tratando de certa coisa com palavras assim: esta ou aquela coisa parecem ser assim. Na segunda anotação, escrevia de novo que realmente parecia ser assim. Mais tarde, poderia anotar que depois de examinar a questão por dois meses, essa mesma questão ainda parecia ser assim. Certo dia, algumas pessoas apareceram com um pedido que parecia relacionado a essa questão. Em ainda outro dia, um colega falou algo nesse mesmo sentido. Em outro dia, no entanto, veio uma promessa. Após muitos dias, ele anotou algo assim: "Agora, a questão está esclarecida." Mais tarde, escreveu que tinha ficado ainda mais clara, pois havia não apenas a palavra mas também o próprio suprimento.

Finalmente, anotou em seu diário que tudo se havia esclarecido perfeitamente. Às vezes, ele revelava em seu diário que apesar de ser pouco o dinheiro que tinha, Deus havia começado a suprir e abençoar. Não tinha medo que caçoassem dele, nem assinava contrato algum com homens. Toda vez que havia uma necessidade, pedia a Deus que a suprisse, e Deus nunca falhou. Aprendeu ele a sempre tratar com Deus.

Uma vez, ao orar, sentiu que Deus desejava que fosse à Alemanha. Ele disse ao Senhor que havia três obstáculos à sua ida: primeiro, se sua esposa fosse com ele, quem iria tomar conta dos seus três filhos? Segundo, não havia dinheiro para a viagem; e terceiro, precisaria de alguém que tomasse conta do orfanato em sua ausência. Reconheceu que não sabia se a sua viagem era da vontade de Deus; mas se fosse, pediu a Deus que desse a resposta para essas três perguntas. Depois disso, apareceu-lhe um homem que era a pessoa ideal para tomar conta do orfanato. Então, disse a Deus que um dos obstáculos havia sido removido, mas e os outros dois? Mais tarde, uma mãe mudou-se para sua casa por alguns meses. Ela poderia tomar conta de seus filhos. O segundo obstáculo havia sido vencido. Mais tarde ainda, alguém lhe mandou um presente pessoal (pois ele nunca usava dinheiro designado para a obra), que veio a resolver seu terceiro problema. Por tudo isso, ele perguntou a Deus se podia agora começar a viagem. Anotações como as de cima foram claramente registradas em seu diário. Ele aprendeu a tratar com Deus passo a passo.

[...]

Tratamentos e Conhecimento São Inseparáveis

Nada é mais precioso em nossa vida terrena do que conhecer a Deus. Para conhecêlo, precisamos receber seu tratamento em todas as coisas. Precisamos receber seu tratamento na questão de conhecê-lo bem como na questão da oração. Precisamos tratar do ambiente bem como do pecado. Vamos inquirir quanto ao significado de tudo o que nos acontecer. Há alguma exigência de Deus? O indolente nunca chegará a conhecê-lo. Conhecemo-lo através da oração; conhecemo-lo mediante a comunhão com ele. Deveríamos aprender com Paulo, que orou ao Senhor não apenas uma vez, mas duas e três vezes até que o Senhor lhe respondeu. Deveríamos também aprender com nosso Senhor que, no jardim do Getsêmani, orou: "Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade" (Mateus 26:42). Ele orou não apenas uma vez, mas a segunda e a terceira vez até ter certeza sobre essa questão. Oremos também primeira, segunda e terceira vez até recebermos resposta de Deus. Somente dessa maneira é que podemos conhecer a Deus.

Posso dizer algumas poucas palavras a meus colegas? Não podem sair a trabalhar se não tiverem aprendido como tratar com Deus bem como a serem tratados por Deus, pois nem mesmo podem ser comparados a um bom cristão. Se vocês não conhecem o caminho de Deus, nem seu procedimento, nem sua natureza, que é que os torna diferentes das outras pessoas? Vocês podem dar--lhes algumas idéias espirituais, mas não podem guiá-las no caminho espiritual. Nem todos os que lêem o guia de Hanchow ou de Pequim já estiveram em Hanchow ou em Pequim. Nem todos os que têm um livro de arte culinária já experimentaram as receitas do livro. Da mesma forma, vocês não podem guiar as pessoas se nada tiverem além do conhecimento da Bíblia.

No entanto, não é suficiente também ter apenas experiência sem o conhecimento da
Palavra, pois nesse caso não se terá as palavras adequadas para ajudar as pessoas. O Senhor diz: "Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus" (Mateus 22:29). Tal é sua repreensão. Muitos crentes têm falta de conhecimento bíblico e do poder divino. Muitos têm apenas uma pequena idéia espiritual; cada qual imagina as coisas sem saber como realmente são. Alguns podem ensinar outras pessoas porque seus cérebros são mais fortes e conseguem lembrar-se um pouco mais da doutrina. Ó irmãos, este é um fenômeno demasiadamente trágico! Que possamos aprender a conhecer a Deus tanto em sua vontade como em oração. Nós podemos conhecê-lo. Nada é mais importante que isto. Não vamos guardar a luz que temos em nossos cérebros; busquemos, antes, conhecer a Deus e receber seus tratamentos.


Retirado do livro "Conhecimento Espiritual"

sexta-feira, 6 de maio de 2011

TRATADO POR DEUS E TRATANDO COM DEUS


Por Watchman Nee

Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de
mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade... Deixando-os novamente,
foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras (Mateus 26:42, 44).

Como Conhecer a Deus

No jardim do Getsêmani, o Senhor Jesus orou perguntando qual era a vontade de Deus. Ajoelhando-se, orou: "Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e, sim, a tua" (Lucas 22:42). A Bíblia diz que ele orou a segunda e a terceira vez da mesma maneira. Não orou apenas uma vez e deixou de lado o assunto. Não, ele orou três vezes. E, quando se ergueu da oração, isto é, depois de ter acabado de orar, o Senhor foi até aos discípulos e disse-lhes: "Ainda dormis e repousais! eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos de pecadores" (Mateus 26:45). Orando no Getsêmani, ele disse: "Se possível, passe de mim este cálice!" (Mateus 26:39); mas quando Pedro sacou da espada e cortou a orelha do servo do sumo sacerdote, o Senhor declarou: "Não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?" (João 18:11). Portanto, durante a oração no jardim do Getsêmani, o cálice parecia ainda duvidoso; mas após ter-se erguido da oração, Jesus já não tinha dúvidas sobre o cálice que estava pronto a sorver.

Nada tomaria como certo, mas buscaria conhecer a Deus tratando com ele em oração. No jardim, ele tratou com Deus ao mesmo tempo que Deus tratou dele.

Havia um espinho na carne de Paulo. Não tentarei identificar esse espinho. Basta dizer que era algo que o fazia sentir-se desconfortável e que o trespassava como um espinho. Referiu-se também o apóstolo a ele como mensageiro de Satanás; portanto, deve tê-lo perturbado bastante. Sem o poder de Cristo, Paulo não teria sido capaz de suportar esse espinho. Três vezes ele orou, pedindo ao Senhor que removesse o espinho. Mas disse--lhe o Senhor: "A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Coríntios 12:9). Será que ele orou quarta vez? Não, pois depois da terceira vez o Senhor respondeu e a questão tinha sido resolvida pela sua palavra. Paulo nada decidiu por seu próprio conhecimento; antes, tratou com Deus em oração para se assegurar da vontade divina a respeito desse problema específico.

Através das experiências de nosso Senhor e do apóstolo, descobrimos um princípio: se alguém desejar conhecer a Deus, tem de aprender a lidar com ele. Em outras palavras, precisa tratar com Deus e ser tratado por Deus. Muitos cristãos descuidadamente deixam que dificuldades ou problemas passem sem o devido tratamento de Deus. Não sabem por que ele lhes manda essas dificuldades. Tais pessoas podem ler a Bíblia diariamente e parecer que têm algum conhecimento e luz, e, no entanto, ignorarem a mente divina. Seu conhecimento é obviamente insuficiente. Por esta razão, amados, precisamos tratar com Deus e receber tratamento de Deus; então verdadeiramente o conheceremos.

[...]

Na Prática

Deixem-me exemplificar. Todos nós temos algum pecado particular que facilmente nos enreda. Alguns são perturbados por este pecado, enquanto outros são levados a cair por aquele pecado. Alguns não conseguem vencer o orgulho; alguns não conseguem vencer o ciúme; alguns não conseguem vencer o mau gênio; alguns não conseguem vencer o mundo, e alguns não conseguem vencer as concupiscências da carne. Cada um tem o seu pecado particular. Está consciente dele mas não consegue vencê-lo. Lê, um dia, em Romanos 6:14 que "o pecado não terá domínio sobre vós" e em Romanos 8:1-2 que "agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte". Está agora de posse do conhecimento dessas passagens; e, ainda assim, não consegue vencer o seu pecado. A verdade que possui não pode ser posta em prática.

Temo existirem muitos irmãos que se encontram em dilema semelhante. Se outro crente que não consegue vencer o pecado vem pedirlhes ajuda, talvez consigam falar longamente sobre a importante doutrina de como vencer o pecado, apesar de na realidade eles próprios ainda estarem amarrados pelo pecado. Conseqüentemente, o irmão que vem buscar ajuda voltará para casa armado de algum conhecimento sobre como vencer o pecado, sem a experiência de como fazê-lo. Isto significa que o que ouviram nada mais é do que o mero conhecimento das Escrituras; não foram tratados por Deus, portanto não conhecem o seu poder.

[...]

Portanto, meus amigos, não pensem que por só terem desobedecido uma vez aqui e outra acolá, podem esperar vitória sobre o pecado. Mencionei freqüentemente no passado que o segredo da vitória é confiar e obedecer. Qualquer enfraquecimento em qualquer ponto na obediência irá inegavelmente enfraquecer a fé da pessoa.

Necessidade dos Tratamentos de Deus

É preciso que Deus trate de seu meio ambiente, bem como de seu pecado. Por exemplo, você permite que coisas que aparecem em sua família venham e se vão à vontade? Ou se na realidade você ora a respeito delas, ora apenas uma vez e depois pára por não ter obtido resposta? Como pode esperar conhecer a Deus? Não foi isso que Paulo fez. Orou diversas vezes até o Senhor lhe responder. Se estiver disposto a orar apenas uma vez, é melhor nem orar. Você orará uma, duas e três vezes; e se não receber resposta, tem de orar dez vezes, ou até mesmo cem vezes, até que Deus fale com você.

Lembremo-nos de que não há lugar para pressa na fé nem na oração. A fé resiste ao tempo. Se Deus não responder, podemos esperar até que tenhamos cem anos de idade. Esperamos contra a esperança. Abraão creu em Deus (Romanos 4:18). Eliseu disse ao rei Jeoás que atirasse a flecha contra a terra, mas o rei fez assim apenas três vezes, ao passo que teria podido ferir os siros até os consumir (veja 2 Reis 13:14-19). Assim também é a nossa oração; não devemos orar duas ou três vezes e parar.

Um servo do Senhor disse certa vez: "Orar é como colocar cartões de visita em uma balança. Você coloca um peso de 100 gramas em um dos pratos da balança, e vai colocando cartões no outro. Quando se lança aqui o primeiro cartão, este não consegue levantar o peso de 100 gramas. Cartão após cartão é colocado, mas sem afetar o peso. Daí, talvez, no exato momento em que lançar o último cartão, o peso do outro lado é finalmente erguido. Assim também acontece com a oração. Oramos uma, duas, três vezes, e uma vez mais. Talvez seja esta a nossa última oração, mas então vem a resposta."


Retirado do livro "Conhecimento Espiritual".

segunda-feira, 2 de maio de 2011

UM IMPEDIMENTO REAL



Por Charles H. Spurgeon


APESAR DE NÃO SER DE FORMA ALGUMA difícil em si mesmo crer nEle que não pode mentir, e confiar no Único que sabemos ser capaz de salvar, anda assim algo pode intervir e que pode fazer mesmo isso algo difícil ao meu leitor. Esse impedimento pode ser um segredo, e ainda assim ser muito real. Uma porta pode ser fechada, não por uma grande pedra que todos podem ver, mas por um parafuso invisível, que dispara e se prende fora do alcance dos olhos. Um homem pode ter bons olhos, e ainda não ser capaz de ver um objeto, pois há algo no meio do caminho. Vocês não poderiam nem ver o sol se um lenço, ou mesmo um pedaço de trapo, fosse amarrado em volta de suas faces. Oh, as bandanas que os homens insistem em colocar cegando seus olhos!

Um doce pecado, trabalhado no coração, previnirá que a alma se agarre a Cristo pela fé. O Senhor Jesus veio salvar-nos do pecado; se estamos resolvidos a pecar, Cristo e nossas almas nunca concordarão. Se um homem toma veneno, e um médico é chamado pra salvar sua vida, ele pode até ter o antídoto pronto; mas se o paciente persistir em manter o frasco de veneno em seus lábios, e continuar a tragar suas gotas mortais, como o médico poderá salvá-lo? Salvação consiste grandemente em separar o pecador do pecado, e a própria natureza da salvação teria de ser mudada antes que pudéssemos falar de um hmem slvo que amasse o pecado, e alegremente vivendo no mesmo. Um homem não pode ser curado, e permanecer doente; também ninguém pode ser salvo, e ainda ser um amante do mal.

Um bêbado será salvo crendo em Jesus – o que é o mesmo que dizer, ele será salvo de ser um bêbado; mas se ele determinar continuar a se intoxicar, ele não está salvo disso, e ele não crê verdadeiramente em Jesus. Um mentiroso pode pela fé ser salvo da falsidade, mas então ele deixa para trás a mentira, e cuidadosamente fala a verdade. Todos podem perceber claramente que ele não pode ser salvo de ser um mentiroso, e ainda assim andar da mesma forma que antes, de enganos e desconfianças. Uma pessoa que está em inimizade com outra será salva deste sentimento de inimizade ao crer no Senhor Jesus; mas se ele jura que ainda manterá o sentimento de ódio, tá claro que ele não foi salvo do mesmo, e igualmente claro que ele não crê no Senhor Jesus para salvação. A grande questão é ser liberto do amor ao pecado: esse é o efeito certo de se confiar no Salvador; Mas se esse resultado está longe de ser desejado de tal froma que é recusado, todo o discurso de confiar no Salvador para salvação é um conto inútil.

Um homem procura o oficial do navio, e pergunta se ele pode ser levado à América. Ele tem certeza de que um navio está pronto agora, e que ele apenas tem de embarcar, e rapidamente chegará a Nova Iorque. “Mas”, diz ele, “eu quero parar em casa na Inglaterra, e cuidar da minha loja por todo o tempo que eu estiver cruzando o Atlântico”. O agente pensa que está falando com um louco, e lhe diz para cuidar dos seus negócios, e não fazê-lo perder tempo ao fingir-se de bobo. Fingir confiar em Cristo para lhe salvar do pecado enquanto você ainda está determinado a continuar nele, é fazer piada de Cristo. Eu oro para que meu leitor não seja culpado de tal profanação. Que ele não imagine que o santo Jesus será o patrono da iniquidade.

Você vê a árvore na minha figura? A hera cresceu por ela toda, e a está sufocando, sugando sua vida, e a matando. Essa árvore pode ser salva? O jardineiro pensa que sim. Ele está animado para fazer o seu melhor. Mas antes que ele começe a usar seu machado e sua faca, lhe dizem que ele não pode cortar fora a hera. “Ah! Então”, ele diz, “é impossível. É a hera que está matando a árvore, e se você quer que a árore se salve, você não pode salvar a hera. Se você confiar em mim para a salvação da árvore, você precisa me permitir tirar dela a trepadeira mortal”. Não é isto senso comum? Certamente é. Você não confia a árvore ao jardineiro a não ser que você confie que ele corte fora tudo que lhe é mortal. Se o pecador mantiver seu pecado, ele morrerá nele; se ele está desejoso de ser resgatado do seu pecado, o Senhor Jesus é capaz de fazê-lo, e o fará se ele colocar o seu caso diante dEle.

Qual, então, é o seu pecado querido? É alguma injustiça grosseira? Então muita vergonha deve fazê-lo parar com ele. É o amor a mundo, ou medo dos homens, ou desejo de enriquecer injustamente? Certamente, nenhuma dessas coisas o livraria da inimizade entre você e Deus, nem de Sua desaprovação. É um amor humano, que está comendo como um câncer o seu coração? Pode qualquer criatura se comparar ao Senhor Jesus? Não é idolatria permitir que qualquer coisa terrena se compare por um instante com o Senhor Deus? “bem”, diz um, “para que eu desista do pecado particular pelo qual eu estou cativado, seria para mim uma grande perda nos negócios, arruinaria minhas estimativas, e diminuiria minha utilidade de várias formas”. Se é assim, você tem o seu caso identificado com as palavras do Senhor Jesus, que lhe convida a lançar fora o olho, e cortar fora a mão ou pé, e lançá-lo de ti, ao invés de seres todo lançado no inferno. Melhor ser um crente coxo do que um pecador pulando. Melhor estar nos piores estados da vida no exército de Cristo que liderar o grupo e ser o grande oficial sob o comando de Satanás. Se você ganhar a Cristo, não terá grande importãncia o que você perder. Não há dúvida que muitos tiveram de sofrer o que os deixou mancos e coxos nesta vida; mas se eles entraram assim na vida eterna, eles foram grandes ganhadores.

Chegamos a isto, meu amigo, assim como foi com John Bunyan; uma voz agora fala com você, que diz:

MANTERÁS TEU PECADO E IRÁS AO INFERNO?
OU
DEIXARÁS TEU PECADO E IRÁS AOS CÉUS?

Tal questão deve ser decidida antes de você esquecê-la. Em nome de Deus, eu lhe peço. O que há de ser – Cristo e a salvação, ou o pecado favorito e condenação? Não há um caminho intermediário. Esperar ou se recusar a decidir certamente será uma decisão pelo mal. Aquele que permanece questionando se ele será honesto ou não, já está fora da linha de raciocínio: aquele que não sabe se quer ser limpo do pecado dá evidências de um coração desleal.

Se você está ansioso a deixar todo caminho mal, nosso Senhor Jesus lhe capacitará a fazê-lo de uma vez. Sua graça já mudou a direção de seus desejos: de fato, seu coração foi renovado. Assim, descanse nEle para ser fortalecido para sua luta contra as tentações enquanto elas aparecem, e cumprir os mandamentos do Senhor dia após dia. O Senhor Jesus é grandioso para fazer o homem coxo pular como a corça, e ao capacitar aqueles que estão doentes com paralisia de carregar a própria cama e andar. Ele lhe fará capaz de vencer o mau hábito. Ele irá mesmo tirar o demônio de você. Sim, se você tiver sete demônios, Ele os pode tirar de uma vez; não há limites para o Seu poder para limpar e santificar. Agora que você está ansioso para ser completo, a grande dificuldade foi removida. Aquele que já estabeleceu direito a sua vontade pode resolver todos os seus outros poderes, e fazê-los agir para o Seu louvor. Você não teria desejado seriamente deixar todo o pecado se Ele não tivesse secretamente inclinado você nesta direção. Se você agora confiar nEle, Ficará claro que Ele começou uma boa obra em você, e temos certeza que a completará.


Retirado do livro "Diante da Porta Estreita"